Calote?

Maranhão perdeu R$ 490 mil em negócio com Consórcio Nordeste na pandemia

A informação consta de manifestação do secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, encaminhada ao órgão de controle externo pelo escritório Rêgo Carvalho Gomes Advogados

Gilberto Léda, da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Carlos Lula encaminhou resposta ao TCE por meio de um escritório de advocacia que faz a sua defesa (Carlos Lula)

SÃO LUÍS - A Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão confirmou na segunda-feira (3), em manifestação encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), que o governo Flávio Dino (PCdoB) tomou um calote de R$ 490 mil do Consórcio Nordeste ao tentar efetuar a segunda compra de respiradores por meio do colegiado de governadores.

A informação consta de manifestação do secretário Carlos Lula, encaminhada ao órgão de controle externo pelo escritório Rêgo Carvalho Gomes Advogados, nos autos de uma representação formulada após a descoberta de que o governo maranhense pagou por respiradores que nunca recebeu.

Segundo o documento enviado ao TCE, na segunda tentativa de compra – pela qual o Estado deveria receber 40 respiradores – a gestão comunista enviou R$ 4.371.840,00, ao Consórcio Nordeste, que deveria então proceder à aquisição.

O negócio, no entanto, seria efetuado em Euro, moeda corrente na União Europeia, já que o fornecedor estava na Alemanha. Assim, quando houve recusa da empresa em fornecer aos estados brasileiros, o Consórcio Nordeste decidiu devolver o que os governadores já havia repassado.

Ocorre que, no momento da devolução, a moeda europeia havia se desvalorizado e o Maranhão recebeu de volta, portanto, não os R$ 4,3 milhões pagos inicialmente, mas R$ 3.877.906,31 - um deságio de R$ 493.933,69.

“Ressalte-se que o deságio de R$ 493.933,69 (quatrocentos e noventa e três mil, novecentos e trinta e três reais e sessenta e nove centavos) é resultante de diferença cambial em razão da desvalorização do real perante ao euro no intervalo de tempo entre a transferência e a devolução”, diz o escritório de advocacia que representa Carlos Lula no caso.

Sem explicação

Na mesma manifestação, o titular da SES argumentou, via advogados, que não tem obrigação de informar ao TCE os contratos assinados pelo Consórcio Nordeste com a verba repassada pelo Maranhão.

“No que se refere à conclusão da Unidade Técnica, que recomendou ao Manifestante a disponibilização da documentação referente aos Contratos Administrativos para compra dos respiradores no SACOP, entendemos data máxima vênia que tal obrigação não é de responsabilidade do Manifestante”, alega.

O Governo do Maranhão tentou efetuar duas compras de respiradores por meio do Consórcio Nordeste, mas não recebeu os equipamentos em nenhuma delas.

Na primeira tentativa, o Estado pagou R$ 4,9 milhões por 30 respiradores que nunca chegaram . No início do mês julho, a Biogeoenergy protocolou petição no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para negociar a devolução dos valores repassados pela Hempcare Pharma para a aquisição de 380 ventiladores pulmonares para o combate à Covid-19.

Na segunda, o governo pagou R$ 4,3 milhões, também não recebeu os respiradores – seriam 40 -, mas diz que foi ressarcido dos valores pelo consórcio. Agora, sabe-se que o ressarcimento foi feito com prejuízo aos cofres estaduais.

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Apesar dos calotes, o governador Flávio Dino (PCdoB) garante que não houve irregularidades nos procedimentos.

Além do TCE do Maranhão, tribunais de contas de outros estados e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também analisam os malfadados negócios feitos pelo Consórcio Nordeste.

PF aponta superfaturamento de 400% de EPIs no MA

A Polícia Federal aponta possível superfaturamento de até 400% na compra de macacões que seriam usados por agentes de saúde no enfrentamento da Covid-19 nas cidades de Bacabeira, Miranda do Norte e Santa Rita, no interior do Maranhão.

As prefeituras das três cidades foram alvo da Operação “Falsa Esperança”, deflagrada na quarta-feira, 5, pela PF, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), e que apura indícios de superfaturamento de equipamentos de proteção individuais (EPIs) e respiradores pulmonares. Os produtos foram comprados com recurso federal destinado para o enfrentamento da doença, todos dos mesmo fornecedor, uma empresa de Paço do Lumiar.

"No curso das investigações a gente demonstrou que a empresa vendeu uma série de produtos que não tinha no lastro de compra dela. Ou seja: há um indício de que essa venda não chegou a ser concretizada, que o produto não tenha sido entregue, causando um prejuízo muito grave. Além do desvio de recursos públicos e para o tratamento da Covid-19, que é muito mais grave", disse.

Ainda segundo a PF, podem ter sido desviados cerca de R$ 310 mil na aquisição de quatro respiradores pulmonares para os três municípios. Os equipamentos não foram entregues.

Prisões - Com a deflagração da fase ostensiva da operação, a PF cumpriu, ainda na quarta-feira, três mandados de prisão: foram recolhidos para a sede da Superintendência da PF no Maranhão, em São Luís, os secretários municipais de Saúde de Miranda do Norte e de Bacabeira e o dono da empresa suspeita de participar do esquema.

Já na quinta-feira, 6, foi preso o secretário de administração da cidade de Santa Rita.

Mais

Durante entrevista a O Estado, em junho, após a deflagração da Operação “Cobiça Fatal”, que investiga desvios de recursos da Covid-19 em São Luís, a superintendente da CGU no Maranhão, Leylane Maria da Silva, declarou que aquela ação foi apenas o ponto de partida para uma série de fiscalizações de verba federal empregada contra a Covid-19 em todo o estado. “Desde o início da pandemia e assim que começaram os repasses de recursos para os estados e municípios, a CGU começou a levantar os dados correspondentes”, alertou.

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