Raio-X São Luís

Demora e superlotação: a agonia dos usuários do transporte público

Uma promessa de melhorias no sistema de transporte público da capital maranhense vem com o processo de licitação, que já está concluído

Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
Dificuldades para quem depende dos coletivo, ainda, são muitas.

Seis horas da noite. Horário de pico. No terminal de Integração da Praia Grande, o ônibus da linha Coroadinho, que chega para o embarque de passageiros, não dá conta de levar todos. Aqueles que conseguem entrar seguem em uma viagem sufocante.

É assim, também, no ônibus que faz a linha Terminais/BR-135. A cada parada em um terminal de integração, quem desce se sente aliviado, já quem tem que entrar... Calor, aperto, insegurança, estresse.

A superlotação é um dos problemas que mais assolam o usuário do transporte coletivo de São Luís. Mas antes da chegada do ônibus cheio, tem outro problema: a demora.

“O ônibus demora muito. É só ele. A gente depende muito dele. Dia de domingo é pior ainda”, afirma o funcionário público Walter de Jesus. Para não ficar tanto tempo aguardando na parada, Walter estuda o tempo em que o ônibus deve passar. Ele, que mora em um condomínio residencial no Angelim, avista pela janela o ônibus vindo do sentido contrário ao que pretende seguir. Daí, ele marca alguns minutos e sai até a parada. Assim, ele tem certa noção do momento que ônibus deve passar de volta.

Usuário reclama da linha Pedra Caída.

Isso demonstra que o usuário precisa se adaptar às falhas no sistema. Uma promessa de melhorias no transporte público da capital vem com a licitação, que já está concluída.

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As dificuldades de locomoção são, ainda, maiores para quem usa cadeira de rodas. “Ontem, o cadeirante ficou irritado porque em um ônibus não funcionou o elevador”, relatou Nilson Amorim sobre a falta de acessibilidade em um coletivo que faz a linha Tibiri.

Na licitação, as empresas Ratrans e Taguatur formam o consórcio Central e venceram o lote 1; a 1001 Expresso e Rei de França, do consórcio Via São Luís, venceram o lote 2; a Autoviária Matos, Vip Transporte, Viação Abreu, Patrol, Viação Aroeiras e Planeta, que formam o consórcio Upaon-Açu, venceram o lote 3; e a empresa Viação Primor ficou com o Lote 4.

A licitação tem com objetivo trazer melhorias como:

- Redução da média de idade da frota (máximo de cinco anos);

- Substituição gradativa da frota por veículos com ar-condicionado (20% da frota já nos primeiros meses de contrato);

- Introdução de ônibus bi-articulados;

- Acessibilidade em toda a frota.

Os benefícios garantidos, hoje, ao usuário, como meia-passagem, recarga embarcada e bilhete único, serão mantidos.

Na semana passada, a prefeitura informou à reportagem de O Estado que não houve recurso interposto por outras empresas que também participaram da licitação, contestando o resultado. Assim, todos os consórcios e empresa vencedores serão convocados para a assinatura do contrato, a fim de que possam dar início às ações de melhorias no sistema de transporte, conforme prevê o edital.

Após a convocação, a empresa vencedora tem o prazo de 10 dias para assinar o contrato. Este prazo de assinatura em relação aos consórcios é maior, ou seja, de 15 dias após a convocação. A prefeitura informou ainda que, logo após a assinatura dos contratos, empresa e consórcios vencedores da concorrência darão início às ações de melhorias no sistema.

VLT

Uma alternativa que poderia melhorar a mobilidade da capital seria o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), se fosse instalado a partir de estudos. O especialista em Trânsito, Francisco Soares, destacou em reportagem a O Estado, no mês de maio, que o projeto é, altamente, complexo.

“Foi um projeto que não teve o estudo de viabilidade necessário, porque não se pode implantar um sistema de VLT sem via permanente [trilhos]. Naquele ano, a Prefeitura tentou criar uma via permanente, o que era altamente complexo do ponto de vista ambiental, além de ser uma interferência mui­to grande no trânsito. Por isso, não se conseguiu ir muito além do pequeno trecho construído”, explicou.

Questionada, desta vez, sobre o VLT, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informou, por meio de nota, que há um projeto apresentado ao governo federal, ainda, em análise. Leia na íntegra:

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) explica que o processo de licitação do sistema de transportes é o primeiro realizado em São Luís e estabeleceu, por meio de edital, padrões de qualidade que precisarão ser cumpridos pelas empresas e consórcios que vão começar a operar o sistema a partir da assinatura do contrato, previsto para as próximas semanas. A SMTT informa também que realiza, cotidianamente, ações de fiscalização em pontos estratégicos contra o transporte clandestino de passageiros.

Quanto ao VLT, a SMTT esclarece que a implantação do veículo pela gestão anterior não foi antecedida de planejamento ou estudo. A atual gestão apresentou projeto junto ao governo federal com a finalidade de viabilizar um novo traçado para o VLT, projeto este que está sob análise. Enquanto isso, com o objetivo de preservar o bem público, mantém as composições do VLT em galpão apropriado, respeitando todos os trâmites legais.

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