Seis horas da noite. Horário de pico. No terminal de Integração da Praia Grande, o ônibus da linha Coroadinho, que chega para o embarque de passageiros, não dá conta de levar todos. Aqueles que conseguem entrar seguem em uma viagem sufocante.
É assim, também, no ônibus que faz a linha Terminais/BR-135. A cada parada em um terminal de integração, quem desce se sente aliviado, já quem tem que entrar... Calor, aperto, insegurança, estresse.
A superlotação é um dos problemas que mais assolam o usuário do transporte coletivo de São Luís. Mas antes da chegada do ônibus cheio, tem outro problema: a demora.
“O ônibus demora muito. É só ele. A gente depende muito dele. Dia de domingo é pior ainda”, afirma o funcionário público Walter de Jesus. Para não ficar tanto tempo aguardando na parada, Walter estuda o tempo em que o ônibus deve passar. Ele, que mora em um condomínio residencial no Angelim, avista pela janela o ônibus vindo do sentido contrário ao que pretende seguir. Daí, ele marca alguns minutos e sai até a parada. Assim, ele tem certa noção do momento que ônibus deve passar de volta.
Isso demonstra que o usuário precisa se adaptar às falhas no sistema. Uma promessa de melhorias no transporte público da capital vem com a licitação, que já está concluída.
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As dificuldades de locomoção são, ainda, maiores para quem usa cadeira de rodas. “Ontem, o cadeirante ficou irritado porque em um ônibus não funcionou o elevador”, relatou Nilson Amorim sobre a falta de acessibilidade em um coletivo que faz a linha Tibiri.
Na licitação, as empresas Ratrans e Taguatur formam o consórcio Central e venceram o lote 1; a 1001 Expresso e Rei de França, do consórcio Via São Luís, venceram o lote 2; a Autoviária Matos, Vip Transporte, Viação Abreu, Patrol, Viação Aroeiras e Planeta, que formam o consórcio Upaon-Açu, venceram o lote 3; e a empresa Viação Primor ficou com o Lote 4.
A licitação tem com objetivo trazer melhorias como:
- Redução da média de idade da frota (máximo de cinco anos);
- Substituição gradativa da frota por veículos com ar-condicionado (20% da frota já nos primeiros meses de contrato);
- Introdução de ônibus bi-articulados;
- Acessibilidade em toda a frota.
Os benefícios garantidos, hoje, ao usuário, como meia-passagem, recarga embarcada e bilhete único, serão mantidos.
Na semana passada, a prefeitura informou à reportagem de O Estado que não houve recurso interposto por outras empresas que também participaram da licitação, contestando o resultado. Assim, todos os consórcios e empresa vencedores serão convocados para a assinatura do contrato, a fim de que possam dar início às ações de melhorias no sistema de transporte, conforme prevê o edital.
Após a convocação, a empresa vencedora tem o prazo de 10 dias para assinar o contrato. Este prazo de assinatura em relação aos consórcios é maior, ou seja, de 15 dias após a convocação. A prefeitura informou ainda que, logo após a assinatura dos contratos, empresa e consórcios vencedores da concorrência darão início às ações de melhorias no sistema.
VLT
Uma alternativa que poderia melhorar a mobilidade da capital seria o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), se fosse instalado a partir de estudos. O especialista em Trânsito, Francisco Soares, destacou em reportagem a O Estado, no mês de maio, que o projeto é, altamente, complexo.
“Foi um projeto que não teve o estudo de viabilidade necessário, porque não se pode implantar um sistema de VLT sem via permanente [trilhos]. Naquele ano, a Prefeitura tentou criar uma via permanente, o que era altamente complexo do ponto de vista ambiental, além de ser uma interferência muito grande no trânsito. Por isso, não se conseguiu ir muito além do pequeno trecho construído”, explicou.
Questionada, desta vez, sobre o VLT, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informou, por meio de nota, que há um projeto apresentado ao governo federal, ainda, em análise. Leia na íntegra:
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) explica que o processo de licitação do sistema de transportes é o primeiro realizado em São Luís e estabeleceu, por meio de edital, padrões de qualidade que precisarão ser cumpridos pelas empresas e consórcios que vão começar a operar o sistema a partir da assinatura do contrato, previsto para as próximas semanas. A SMTT informa também que realiza, cotidianamente, ações de fiscalização em pontos estratégicos contra o transporte clandestino de passageiros.
Quanto ao VLT, a SMTT esclarece que a implantação do veículo pela gestão anterior não foi antecedida de planejamento ou estudo. A atual gestão apresentou projeto junto ao governo federal com a finalidade de viabilizar um novo traçado para o VLT, projeto este que está sob análise. Enquanto isso, com o objetivo de preservar o bem público, mantém as composições do VLT em galpão apropriado, respeitando todos os trâmites legais.
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