COLUNA
Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
Rogério Moreira Lima

Descargas atmosféricas: estamos protegidos?

O que falta para que a sociedade maranhense compreenda que seguir normas técnicas e confiar nos engenheiros é questão de vida e segurança?

Rogério Moreira Lima

Com o aumento das chuvas de dezembro, a rede elétrica e as pessoas enfrentam riscos diretos dos raios. As descargas surgem quando a diferença de potencial entre nuvens ou entre nuvens e o solo cria um campo elétrico intenso, que supera a rigidez do ar e gera um canal condutor. Primeiro vem o relâmpago, percebido quase instantaneamente, pois a luz viaja a 300.000 km/s, e depois o trovão, que se propaga a apenas 340 m/s, formando o intervalo característico entre luz e som.

A proteção depende de abrigo correto. Veículos automotores protegem porque o campo elétrico no interior de um condutor é nulo, aplicando o princípio da gaiola de Faraday. Edificações que seguem a NBR 5419 oferecem defesa extra, com gerenciamento de riscos, sistemas de proteção contra descargas atmosféricas e contra surtos, aterramento adequado, equipotencialização e dispositivos de proteção. A norma define quatro níveis, com correntes mínimas de 3.000 A no NP I a 16.000 A no NP IV, e máximas de 200.000 A no NP I a 100.000 A no NP IV. Esses números mostram que só profissionais habilitados podem projetar e executar proteção eficaz.

Em residências, os raios podem perfurar instalações, provocar incêndios e destruir bens. Nos hospitais, o perigo é ainda maior, atingindo ventiladores, monitores multiparamétricos, desfibriladores, bombas de infusão, sistemas de anestesia, máquinas de hemodiálise, centrais de monitoramento e redes de dados médicas.

A engenharia oferece soluções seguras e eficazes. Muitos acidentes acontecem por exercício ilegal da profissão, quando o empirismo substitui o conhecimento técnico e científico. Não é falta de fiscalização: até 26/12/2025, o CREA-MA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Maranhão) realizou 12.214 ações, 43,35% a mais que em 2021. Também não é falta de conscientização: a ABRACOPEL (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) realiza anualmente concursos, premiações e divulga seu anuário estatístico, incluindo o Concurso Nacional ABRACOPEL de Redação, Desenho e Vídeo e o Prêmio ABRACOPEL de Jornalismo. O CREA-MA instituiu em 2021 a CAPA (Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes) como comissão permanente e realiza todos os anos palestras voltadas ao Abril Verde. Além disso, mantém o programa CREA Qualificando, destinado ao treinamento e à atualização contínua dos engenheiros.

Então, o que falta para que a sociedade maranhense compreenda que seguir normas técnicas e confiar nos engenheiros é questão de vida e segurança?


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