COLUNA
Euges Lima
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
Euges Lima

IHGM, 100 anos de fundação

No Dia da Consciência Negra, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão celebra 100 anos de fundação e reafirma seu papel na preservação da memória e da cultura do estado.

Euges Lima

O dia 20 de novembro, feriado nacional, além de ser o Dia da Consciência Negra no Brasil – data da morte de Zumbi dos Palmares, importante líder da resistência negra no século XVII – é também o aniversário de uma das instituições culturais mais significativas e longevas do Maranhão: o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). Trata-se de uma sociedade composta por 60 cadeiras, cada uma patrocinada por uma personalidade ilustre dos estudos de história, geografia e arqueologia do Maranhão.

A história desse sodalício é bastante interessante. Sua criação insere-se no contexto de surgimento de várias instituições culturais no estado desde o início do século XX, como a Oficina dos Novos (1900), a Academia Maranhense (1908) – mais tarde Academia Maranhense de Letras –, a Faculdade de Direito do Maranhão (1918) e, por fim, o Instituto de História e Geografia do Maranhão (1925). O “Instituto”, como costuma ser chamado por seus membros, foi fundado há cem anos e, apesar das atribulações do passado e do presente, chega ao seu centenário neste mês.

O grande entusiasta da ideia de se criar um Instituto de História e Geografia no Maranhão foi o jornalista, historiador e intelectual Antônio Lopes, que se tornaria mentor da geração seguinte de intelectuais, escritores e jornalistas maranhenses, entre eles Josué Montello. No dia de sua fundação, reuniu-se um grupo de onze homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares – então o maior bibliófilo do Maranhão – e ali foi criado o Instituto de História e Geografia do Maranhão, que mais tarde passaria a denominar-se Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

Essa foi a terceira tentativa de se fundar um instituto histórico no estado. A primeira, ainda no Império, em 1864, não prosperou. Tinha como presidente o historiador e senador Luiz Antônio Vieira da Silva e contava entre seus membros o ilustre historiador César Marques. Em 1918, uma segunda iniciativa foi capitaneada por Simões da Silva, mas também teve vida efêmera. A que vingou, de fato, foi a de 1925, com o objetivo de criar uma sociedade científica que coordenasse estudos e pesquisas nas áreas de história, geografia, etnografia, etnologia e arqueologia do Maranhão, além de salvaguardar documentos, livros e artefatos relativos à nossa história. O IHGM é considerado a primeira instituição de caráter científico do estado.

Os fundadores foram onze intelectuais de grande renome, estudiosos da história e da geografia do Maranhão, com obras e pesquisas publicadas. Eram professores, historiadores, geógrafos, jornalistas, médicos, juristas, engenheiros, clérigos, mas, sobretudo, pesquisadores e homens de letras. Entre eles estavam: Antônio Lopes da Cunha, Justo Jansen Ferreira, José Ribeiro do Amaral, Domingos de Castro Perdigão, Wilson da Silva Soares, Benedito de Barros e Vasconcellos, padre Arias Cruz, padre José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro e José Eduardo de Abranches Moura.

O primeiro presidente foi o Dr. Justo Jansen Ferreira, médico, professor e geógrafo, autor de vários trabalhos, especialmente nas áreas de geografia, cartografia e história. A ele sucederam-se: José Domingues (1930-1933), João Braulino de Carvalho (1933-1953), Leopoldino Lisboa (1953-1955), Elizabeto Barbosa de Carvalho (1955-1957), Ruben Almeida (1961-1972), Ribamar Seguins (1972-1994), Hédel Ázar (1994-2000), Edormir Martins (2000-2002), Nywaldo Macieira (2002-2006), Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo (2006-2010), Telma Bonifácio (2010-2014), Euges Lima (2014-2018), José Augusto Oliveira (2018-2021), Euges Lima (2021-2022), Dilercy Adler (2022-2025) e José Augusto Oliveira (2025-…).

A ideia de fundar um Instituto Histórico no Maranhão nas primeiras décadas do século XX surgiu também como forma de homenagear o centenário de nascimento do imperador D. Pedro II. Por isso, a data escolhida para a realização da primeira sessão cívica dessa nova sociedade – ocorrida no salão da Câmara Municipal de São Luís – foi 2 de dezembro, data natalícia do Imperador, que neste ano celebra seu bicentenário, coincidindo, portanto, com o centenário de instalação do Instituto.

Assim registrou o jornal O Combate sobre a sessão de instalação do IHGM na Câmara Municipal de São Luís, na edição de 1º de dezembro de 1925: “A primeira sessão cívica do Instituto de História e Geographia do Maranhão, comemorativa da sua instalação e dedicada também à data que recorda o nascimento de D. Pedro II, terá lugar amanhã, às 10 horas, com máxima solenidade, na sala de sessões da Câmara Municipal [...] Serão expostos retratos de D. Pedro II, D. João VI e D. Pedro I, sendo o de D. Pedro II devido ao pincel do distinto pintor snr. Paula Barros.”


Esse quadro do Imperador ainda era visto no salão nobre do IHGM em fotografias da década de 1950.

Ao longo desses 100 anos, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão publicou 48 revistas, promoveu inúmeros encontros, seminários, palestras e simpósios, contribuindo para o estudo, a pesquisa e a difusão do conhecimento histórico, geográfico e de áreas afins, além de defender e zelar pelo patrimônio histórico e cultural do Maranhão.

Parabéns e vida longa ao IHGM!


As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.