O Natal interior de Almeida Galhardo
Entre a guerra e o silêncio, um poema que celebra o Natal como rito íntimo e espiritual.
No dia 25 de dezembro de 1944, em plena São Luís do Maranhão, o poeta Almeida Galhardo registrou, em versos, uma experiência profundamente íntima do Natal cristão. O poema “Meu Presente de Natal”, publicado no Correio da Tarde em 30 de dezembro daquele ano, transcende a simples celebração festiva para revelar um Natal vivido como rito espiritual, introspecção e saudade.
Escrito em um contexto histórico marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial, o poema dialoga silenciosamente com um mundo exausto de violência e incertezas. No entanto, Galhardo opta por um caminho oposto ao ruído externo: mergulha no silêncio da alma, onde o Natal se manifesta como renovação interior.
MEU PRESENTE DE NATAL
“É noite de Natal... E ao bimbalhar de um sino,
Sinto, dentro de mim, um novo homem, agora...
Bailam perfumes no ar... e em ritmo divino
Vozes do bronze vão ecoando espaço em fora.
Há muita paz em tudo... e ao som de um violino
Em condoreiro voo minh’alma vai se embora...
Vagueia na amplidão, buscando o Deus-Menino,
O Cristo Salvador, que toda a terra adora.
Enquanto ela vagueia, aqui de minha banca,
O meu Papai Noel de cabeleira branca
Espero, concentrado, em doce soledade...
Às doze horas, enfim, soaram calmamente...
E ele em meu coração deixou, como presente,
Um barco de ilusões e um lago de saudade!”
Almeida Galhardo
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