Reconhecimento Internacional: Universidades Públicas Brasileiras Entre as Melhores do Mundo
Esse cenário é ratificado por rankings nacionais e internacionais, além da própria avaliação oficial do governo federal, realizada por meio do Índice Geral de Cursos (IGC).
A sociedade brasileira vive um momento inédito, marcado pelo questionamento das universidades públicas, justamente um dos poucos serviços públicos de qualidade reconhecida e com desempenho muito superior às instituições privadas de ensino superior (IES). Esse cenário é ratificado por rankings nacionais e internacionais, além da própria avaliação oficial do governo federal, realizada por meio do Índice Geral de Cursos (IGC).
O Ranking Universitário da Folha (RUF) avalia cinco dimensões: ensino, pesquisa, mercado, inovação e internacionalização. Em 2024, apresentou um resultado expressivo: entre as cinco IES mais bem avaliadas, todas são públicas, sendo duas estaduais e três federais.
A avaliação oficial realizada pelo Ministério da Educação, que utiliza o IGC, abrangeu uma amostra de 1.998 instituições. Ao longo dos três anos referentes ao último ciclo avaliativo do Enade (2019, 2021 e 2022), adiado em 2020 devido à pandemia, foram analisados mais de 25 mil cursos, além de mais de 5 mil programas de mestrado e doutorado. Dentre as diferentes categorias administrativas, destacaram-se as instituições públicas federais: 94 das 111 avaliadas obtiveram IGC 4 ou 5 e nenhuma ficou nas faixas 1 ou 2 do indicador. Na comparação histórica, observa-se também o crescimento das instituições comunitárias, que passaram de 31 para 39 com IGC 4 e 5 entre 2018 e 2022. Já as privadas com fins lucrativos, que representam 53% (1.503) das avaliadas, cresceram de 183 para 215 instituições nessas mesmas faixas de qualidade no período.
No cenário internacional, as universidades públicas brasileiras reafirmam seu protagonismo ao figurarem nos rankings da Times Higher Education (THE) 2025. Entre as cinco melhores instituições nacionais nas áreas de Engenharia, Direito e Medicina e Saúde, a maioria absoluta é composta por universidades públicas, evidenciando a relevância desse sistema para a ciência, a educação e o desenvolvimento do país.
Na Engenharia, destacam-se USP, Unicamp, Unesp, UFRGS e Unifesp, todas públicas, com a única exceção da PUC-Rio, instituição privada que também aparece bem posicionada.
No Direito, figuram USP, Unicamp, UFRJ, UFSC e UnB, novamente todas públicas.
Em Medicina e Saúde, a liderança é das públicas, com USP, UFMG, UFSC, UFPR, UnB e UFPE entre as melhores do Brasil no cenário internacional.
Esses resultados mostram que, apesar das críticas e dos desafios orçamentários, as universidades públicas brasileiras mantêm padrões de excelência acadêmica e científica, projetando o nome do Brasil entre os protagonistas globais do ensino superior. Também revelam um destaque impressionante da área de Medicina e Saúde, em que a USP figura entre as 100 melhores do mundo na posição 86, e no Direito em que aparece na posição 58. Entretanto, em Engenharia preocupa o fato de o Brasil estar fora das 100 melhores do mundo, já que a USP é a instituição mais bem classificada apenas na faixa entre 251 e 300. Esse cenário demonstra a necessidade urgente de maiores investimentos em laboratórios e de estímulos para que os programas de pós-graduação stricto sensu, tanto de mestrado quanto de doutorado, ampliem sua colaboração com a indústria. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior poderia contribuir nesse esforço, seja aumentando a pontuação nos processos de avaliação para programas que estabeleçam parcerias efetivas com empresas e setores produtivos, seja tornando obrigatória a interação com o setor de serviços ou a indústria, a depender da natureza de cada programa. É igualmente essencial estimular a produção de patentes e a transferência de tecnologia, de modo a aproximar ainda mais a universidade do setor produtivo e fortalecer a inovação nacional.
Mas afinal, o que é a THE? A Times Higher Education, desde 2004, vem se consolidando como uma das principais referências mundiais na avaliação do desempenho das universidades. Seus rankings internacionais têm como propósito oferecer indicadores confiáveis sobre a atuação das instituições de ensino superior no cenário global, servindo de base para estudantes e suas famílias, pesquisadores, dirigentes acadêmicos, governos e setores produtivos compreenderem as diferentes missões, vocações e conquistas que caracterizam a educação superior contemporânea.
O reconhecimento internacional obtido pelas universidades públicas brasileiras reforça sua legitimidade diante da sociedade e confirma sua importância estratégica para o desenvolvimento nacional. Trata-se de uma validação externa que evidencia a qualidade de seu ensino, a relevância de sua pesquisa e a capacidade de impactar positivamente a economia e a vida social. As universidades públicas brasileiras não pertencem apenas à comunidade acadêmica, elas são patrimônio coletivo do povo brasileiro. Defender e valorizar a universidade pública é defender o futuro do Brasil, pois é nela que se encontram os pilares para a inovação, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.
Fontes:
[1] RANKING de universidades. São Paulo: RUF 2024. Disponível em: https://ruf.folha.uol.com.br/2024/ranking-de-universidades/principal/. Acesso em: 7 set. 2025.
[2] BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Divulgados os resultados do IDD, CPC e IGC. Brasília: MEC, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior/divulgados-os-resultados-do-idd-cpc-e-igc. Acesso em: 7 set. 2025.
[3] TIMES HIGHER EDUCATION. World University Rankings by Subject 2025. Londres: THE, 2025. Disponível em: https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/by-subject. Acesso em: 7 set. 2025.
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