COLUNA
De Olho na Economia
É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
De olho na economia

Consequências da guerra tarifária

O primeiro ponto crucial a ser avaliado é a guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos, que vem desencadeando consequências significativas na economia mundial.

Wagner Matos/ Economista

Atualizada em 06/05/2025 às 10h28
Neste artigo, compartilho minha análise, e friso que não se trata de uma mera opinião, mas sim de uma avaliação embasada em informações atuais que influenciam o comportamento da moeda norte-americana (US$) frente ao real (R$). (Foto: Divulgação)

Oi, pessoal, na última semana observamos um recuo do dólar, que atingiu a marca de R$ 5,65. Neste artigo, compartilho minha análise, e friso que não se trata de uma mera opinião, mas sim de uma avaliação embasada em informações atuais que influenciam o comportamento da moeda norte-americana (US$) frente ao real (R$).

O primeiro ponto crucial a ser avaliado é a guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos, que vem desencadeando consequências significativas na economia mundial. Desde o seu início, essa disputa comercial tem contribuído para a perda de força do dólar em relação a outras moedas globais. E nesta semana, vislumbramos uma sinalização de possíveis diálogos entre EUA e China, o que mais uma vez pode injetar volatilidade no mercado, gerando oscilações.

O segundo ponto que também reflete no mercado é a cotação do petróleo, que tem apresentado uma trajetória de queda desde o início do ano, impulsionada pela desaceleração das atividades nos setores produtivos globais. Recentemente, o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) de aumentar a produção pelo segundo mês consecutivo, com um acréscimo de 411 mil barris por dia (bpd) a partir de junho, reforça essa tendência. A decisão foi justificada pelos níveis mais baixos dos estoques. Os preços do petróleo chegaram a atingir uma mínima de quatro anos em abril, ficando abaixo dos US$ 60,00 por barril. Contudo, percebo uma possível estratégia liderada pelos EUA de utilizar essa queda como forma de pressionar países com custos de produção mais elevados. Adicionalmente, os EUA já sinalizaram a intenção de impor barreiras comerciais a países que adquirem petróleo de nações como Irã e Venezuela, o que inevitavelmente terá reflexos nas economias de países com esse perfil específico definido pelo governo americano.

E me perguntam: e o Brasil, como se posiciona neste cenário? Bom, em minha análise, vislumbro benefícios importantes. Por exemplo, a China anunciou a suspensão da compra de grãos e carne suína dos EUA. Nesse contexto, o Brasil surge como o candidato natural para suprir essa demanda chinesa. A expansão das exportações do agronegócio não apenas fortalecerá a posição do Brasil no cenário global, mas também aumentará a entrada de dólares em nossa economia. Com uma maior oferta da moeda americana no país, a cotação do dólar poderia se estabilizar em torno de R$ 5,55. Outro fator relevante é o potencial de queda na inflação. Como sabemos, grande parte dos insumos utilizados na fabricação de produtos e serviços possui cotação internacional, e poderíamos observar um recuo nos preços. Caso esse cenário favorável se prolongue por mais alguns meses, poderemos ter uma manutenção das taxas de juros, evitando novos aumentos. E quem sabe, no futuro, vislumbrar o início de um ciclo de redução na taxa básica de juros (Selic).

No entanto, existe uma variável que pode mitigar os ganhos dessas exportações: a nossa logística. Nossa infraestrutura logística ainda se baseia fortemente no modal rodoviário, que é notoriamente caro, além de apresentarmos deficiências significativas na armazenagem e limitações operacionais portuárias. Todos esses fatores impactam diretamente os custos, especialmente para os produtores.

Em resumo, mais uma vez, o Brasil se depara com uma grande oportunidade de impulsionar seu crescimento através do agronegócio. Contudo, esbarramos na persistente falta de visão e planejamento em infraestrutura. O alinhamento estratégico de Estado (governo federal, estadual e municipal) é fundamental para que possamos aproveitar plenamente essa onda de crescimento. Infelizmente, muitas vezes sequer conseguimos ultrapassar a arrebentação para, de fato, surfar as ondas de prosperidade

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.