Setores promissores no Maranhão
Leia a coluna deste domingo (3) do economista Wagner Matos.
O Maranhão apresenta setores estratégicos que, se bem explorados, podem promover um crescimento econômico significativo no curto e médio prazo. Mediante avaliação, identifiquei três setores específicos que se destacam como promissores. Temos o setor de serviços portuários voltados à exportação e importação, produção de alimentos e a produção e comercialização de produtos alimentícios industrializados.
O primeiro setor a ser mencionado, é o de serviços portuários. Dados da Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de São Luís, apontam que os serviços portuários se destacam como o segundo maior contribuinte de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), com uma participação de 15,64% na arrecadação municipal, só perdendo para os serviços de saúde que tem 18,43% de representatividade.
Esses números reforçam o potencial logístico portuário, que já se consolidou como um importante corredor logístico para exportações do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) e Arco Norte. No Matopiba, o Porto do Itaqui apresenta-se como o principal porto de escoamento da produção, respondendo por cerca de 70% da exportação de soja e 94% da exportação de milho, ou seja, os serviços portuários crescem com a produção e demanda nacional e internacional. O resultado é o desenvolvimento econômico que aumenta a geração de receita, investimentos, empregos e arrecadação para o município e estado.
O segundo setor é o agronegócio. O Maranhão possui solo e clima propícios para a produção agrícola, como a soja, milho, algodão, arroz e outras culturas que ainda estão em crescimento. Além de ter uma capacidade representativa na produção de celulose e proteína animal, que são amplamente demandados pelo mercado nacional e internacional. A produção dessas culturas não só contribui para o crescimento econômico direto, mas também sustenta a posição do estado como um dos principais exportadores de grãos do Brasil.
O terceiro setor promissor é o de produção e comercialização de produtos alimentícios industrializados, que ainda se inicia e é tímido na região, e pode ser uma grande oportunidade, devido a demanda crescente do mercado e pela capacidade de gerar valor agregado na cadeia produtiva. Posso citar uma avaliação e experiência própria como economista que trabalhou no setor varejista (Grupo Pão de Açúcar, gestão Abílio Diniz). Pego o exemplo, do Grupo Mateus, empresa maranhense, que atualmente é a 4ª maior empresa de varejo alimentar do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Em 2023, o Grupo Mateus reportou um lucro bruto de R$ 5,8 bilhões, com uma margem bruta de 21,7%, evidenciando o potencial do setor.
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Entretanto, a maioria dos produtos comercializados pelo grupo são adquiridas de fornecedores que se localizam fora do Maranhão. Isso significa, uma redução do impacto positivo que esse setor poderia ter na nossa economia, ou seja, existe uma grande circulação de dinheiro, mas fica muito pouco no estado, a maior parte vai gerar prosperidade em outras regiões do país. Para reverter essa situação, é fundamental investir em um plano de incentivo à produção regional de alimentos, com a criação de indústrias alimentícias e fornecedores locais. Esse investimento manteria a riqueza circulando no Maranhão, gerando empregos, renda e arrecadação de impostos.
Contudo, para viabilizar e expandir esses setores promissores, o Maranhão precisa garantir um planejamento estratégico sólido e de respostas ágeis do poder público para garantir a atratividade aos investidores. Ações focadas em infraestrutura, logística, incentivos fiscais e simplificação da burocracia governamental podem tornar a produção de alimentos um dos principais motores de crescimento do estado.
E para impulsionar ainda mais esses setores, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) são uma excelente opção, permitindo uma união estratégica entre o poder público e setor privado (investidores) que compartilhem a visão de crescimento e tecnologia. Com isso, novos projetos podem ser atraídos, reforçando a economia e a competitividade do Maranhão.
Outro aspecto importante para o estado é o vetor de exportação. A recente aprovação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) é uma oportunidade para fomentar as exportações e atrair novos investimentos, facilitando a criação de unidades industriais. Atualmente, no Maranhão existem projetos que caminham para consolidar o estado como um polo estratégico. Cito alguns, como o projeto para a produção de etanol de milho, a expansão da produção de grãos e armazenagem, a exploração da Margem Equatorial, criação do porto privado de Alcântara, a construção de novos berços no Porto do Itaqui, a expansão do consórcio Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) e outros que ainda estão na fase de estudos.
Por fim, o Maranhão possui um cenário favorável para o desenvolvimento, com setores prontos para receber investimentos e solidificar a economia. Com o fortalecimento dos serviços portuários, o crescimento do agronegócio e o incentivo à indústria de alimentos, o estado pode gerar empregos, renda, aumentar a arrecadação e atrair novos investimentos. A resposta rápida do poder público será crucial para garantir que esses projetos permaneçam no Maranhão, evitando que migrem para outras regiões do país. Com um plano estratégico e parcerias público-privadas, o Maranhão pode se consolidar como um polo de crescimento econômico sustentável e diversificado.
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