Às forças democráticas, juízo e rigor
Marcelo Cheche é Professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Maranhão.
O Brasil se livrou, nas urnas, da maior ameaça autoritária desde o final da ditadura civil-militar (sim, ontem e hoje, nossos civis nutrem apreço por regimes antidemocráticos), resultado de um processo de fragilização das soluções políticas que culminou com o impeachment da presidenta Dilma.
Da terra arrasada brotou, como costuma brotar, a solução milagrosa, sabiamente forjada como “de fora” do mundo político e apoiada por diferentes setores da classe política, incluído aqueles que não pestanejariam em apoiar um golpe militar.
Passados quatro anos e por sorte, mais do que por juízo, a tempestade perfeita foi se dissipando graças a uma conjunção de fatores: a inacreditável incompetência dos nossos reacionários, que produziu um dos governos mais sem rumo da História do Brasil; a existência (e resistência) de um personagem como Luís Inácio Lula da Silva, o único brasileiro capaz de vencer uma eleição nos termos em que ela ocorreu; a atuação de setores do judiciário e da imprensa, que faltaram ao encontro marcado com o golpe, em que estiveram presentes, antes e depois das eleições, agentes públicos e importantes setores da sociedade civil.
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Contudo, os atos de 8 de janeiro evidenciaram que o golpismo deverá ser combatido cotidianamente, com severa punição dos financiadores, mentores e de autoridades
dissimuladas, figuras que repudiaram formalmente tais atos, mas os facilitaram/viabilizaram a partir dos lugares de mando que ocupam.
É hora de fortalecer as instituições e o exercício da política. Para tanto, será preciso consolidar a ideia de que qualquer acordo ruim entre conservadores, liberais e progressistas é melhor do que o desacordo que põe em risco a ordem constitucional, terreno fértil para outras aventuras como a que acabamos de sepultar nas urnas, mas que insistirão em nos assombrar, se assim permitirmos.
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