SÃO LUÍS - O Terminal Marítimo Ponta da Madeira, em São Luís (MA), recebeu o primeiro navio mineraleiro de grande porte do mundo equipado com sistema de velas rotativas (rotor sails). O navio Sea Zhoushan é um Guaibamax, da categoria VLOC (Very Large Ore Carrier), com capacidade de 325 mil toneladas.
“A Vale está investindo continuamente para aumentar a eficiência e a inovação ambiental na área de navegação. A chegada do navio equipado com velas rotativas a Ponta da Madeira é mais um passo nessa direção", diz o gerente-executivo de operações do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, Romulo Rovetta.
As velas rotativas são rotores cilíndricos, com quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura - equivalente a um prédio de sete andares. Durante a operação, os rotores giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais do navio, para criar uma diferença de pressão de forma a propelir o navio para a frente, a partir de um fenômeno conhecido como efeito Magnus.
São cinco velas instaladas ao longo da embarcação que permitirão um ganho de eficiência de até 8% e uma consequente redução de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por navio por ano. Caso o piloto mostre-se eficiente, estima-se que pelo menos 40% da frota esteja apta a usar a tecnologia, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.
A instalação da tecnologia, fornecida pelo fabricante finlandês Norsepower, é um projeto liderado pela Vale, que contou com a parceria do armador coreano Pan Ocean para instalação em um de seus VLOCs a serviço da Vale. A empresa Shanghai Ship and Design Research Institute (SDARI) foi responsável pelo design e integração da vela com a embarcação. O estaleiro chinês New Times Shipbuilding construiu o navio já adaptado para receber as velas, que foram instaladas em outro estaleiro, o PaxOcean Engineering Zhoushan, também na China.
A Vale tem estudos sobre o uso da tecnologia de propulsão a vento desde 2016. Com o programa Ecoshipping, a empresa desenvolveu diversas parcerias de cooperação com o ITV (Instituto Tecnológico Vale), universidades e laboratórios no Brasil e Europa. Para este projeto o objetivo era avaliar as melhores condições de operação das velas rotativas na frota contratada e validar os ganhos da tecnologia em termos de redução do consumo de combustível e emissão de CO2.
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O navio escolhido estava na fila para ser construído e o tempo entre projeto detalhado até a fabricação e instalação do equipamento foi de um ano. Além dos testes em laboratório e análises numéricas, os engenheiros estudaram a incidência de ventos na rota Brasil-China.
Cabe destacar que o Terminal Marítimo Ponta da Madeira embarcou 182,8 milhões de toneladas de minério de ferro e manganês em 2021. O dado faz parte do Balanço Vale+, publicação divulgada pela empresa recentemente e que reúne informações econômicas, sociais e ambientais.
Meta Carbono
A operação do primeiro mineraleiro equipado com velas rotativas faz parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
A companhia anunciou um investimento para reduzir em 33% suas emissões de escopos 1 e 2 até 2030. Anunciou ainda que irá reduzir em 15% as emissões de escopo 3 até 2035, relativas à cadeia de valor, das quais as emissões de navegação fazem parte, já que os navios não são próprios. As metas são alinhadas com a ambição do Acordo de Paris.
Em agosto do ano passado, o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira recebeu o primeiro mineraleiro do mundo a contar com a tecnologia air lubrication¸ que consiste em bolhas de ar produzidas artificialmente no casco do navio. A tecnologia foi instalada no Sea Victoria, um Guaibamax com 325 mil toneladas de capacidade. Dez compressores instalados sob o convés do navio enviam ar até 20 dispositivos posicionados na parte debaixo do navio, que produzem um carpete de bolhas. A ação diminui o atrito do casco com a água, reduzindo o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões.
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