Cotas

Racismo e baixa autoestima levam cotistas a se esconder

Gilberto Costa/AgĂȘncia Brasil

Atualizada em 27/03/2022 Ă s 13h12

BRASÍLIA - A pesquisadora da Universidade de BrasĂ­lia (UnB) Ana Paula Meira afirma que estudantes cotistas, mesmo depois de passar em concorridos vestibulares, ainda se escondem por causa de baixa auto estima e do racismo. “O racismo coloca as pessoas sempre Ă  margem. VocĂȘ duvida que possa estar fazendo o que Ă© certo, que pode ser bonita e inteligente”, afirma Ana Paula. “É dificĂ­limo achar um cotista, as pessoas se escondem”, descreve a mestranda em PolĂ­tica PĂșblica e GestĂŁo de Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de BrasĂ­lia (UnB).

Apesar de ter conseguido falar com quase uma centena de alunos, Ana Paula avalia que os cotistas “tem medo dizer” e temem reaçÔes que possam causar ao assumir que sĂŁo cotistas. “Para nĂŁo se prejudicarem, eles se esquivam”. O comportamento, na avaliação da pesquisadora que deve defender sua dissertação atĂ© o fim do ano, guarda relação com a “baixĂ­ssima” auto estima dos estudantes e com o racismo.

A pesquisa de Ana Paula Meira tenta entender “o fenĂŽmeno” e traz levantamento de trajetĂłrias e histĂłrico escolar de cada entrevistado, fazendo recorte por classe, gĂȘnero e identidade. Segundo ela, a UnB tem “mudado lentamente” com a polĂ­tica afirmativa. “Existe uma presença negra que nĂŁo Ă© sĂł a presença do estudante da embaixada africana.”

Para a pesquisadora, no entanto, hĂĄ setores “elitizados” na universidade que sĂŁo contra a polĂ­tica de cotas. A oposição tem a ver com disputas simbĂłlicas e de mercado de trabalho. “A vaga na UnB no imaginĂĄrio brasilense Ă© super disputada. Estudar lĂĄ, especialmente em certos cursos, significa ter status quo.”

Ana Paula Meira critica a iniciativa do partido Democratas que entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o sistema de cotas. Ela classifica a iniciativa de “reacionĂĄria” e refuta o argumento de que o recorte pela renda tornaria a polĂ­tica afirmativa mais justa e eficaz. “A maioria dos negros Ă© pobre, mas o que estĂĄ em voga nĂŁo Ă© sĂł o econĂŽmico. O que socialmente estĂĄ torto Ă© o racismo”, defende.

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