BURITICUPU - As fortes chuvas que têm atingido todo o Maranhão, além de estarem provocando interdições em diversas estradas, também estão favorecendo o fenômeno das voçorocas no município de Buriticupu.
Nesse fim de semana, um vídeo circulou nas redes sociais (veja acima) e mostra que uma das voçorocas está avançando na cidade, chegando a ‘engolir’ casas na região. Uma das residências está na beira do precipício e, por conta disso, os moradores tiveram que deixar a casa.
"Alguém tem que tomar uma providência sobre isso aqui. A cada dia que passa, está se acabando [o residencial]. Algumas casas já foram embora", conta um morador.
O município de Buriticupu é um dos 19 considerados em situação de emergência, no Maranhão, por causa das chuvas que causam o aumento do nível de rios, além de alagamentos, enchentes e destruição de estradas.
Somente na cidade de Buriticupu, existem cerca de 26 voçorocas que avançam há pelo menos 30 anos e preocupam os moradores. No dia 9 de maio de 2023, uma casa foi 'engolida' por uma das crateras, após um deslizamento de terra ocorrido em uma rua do bairro Vila Isaías. Segundo o Corpo de Bombeiros, a residência já havia sido evacuada e não houve vítimas.
PM cai com veículo em voçoroca de mais de 80 metros em Buriticupu
Uma semana antes da casa ‘engolida’ pela voçoroca, em 2023, um policial militar aposentado, identificado como José Ribamar Silveira, caiu em uma voçoroca. O homem caiu na cratera com o carro particular dele.
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De acordo com testemunhas, o policial militar aposentado caiu de uma altura de aproximadamente 80 metros. O acidente aconteceu durante a madrugada, mas o homem só foi resgatado da voçoroca por volta das 7h, desta terça.
"Ele é conhecido como 'Tenente Silveira' e caiu com o carro particular dele. Está no hospital e o caso requer cuidado, pois teve algumas fraturas", afirmou o coronel Diniz, que comanda o Batalhão de Polícia Militar em Buriticupu.
O que é esse fenômeno?
Voçoroca é o nome científico do fenômeno erosivo que atinge o lençol freático. De acordo com Marcelino Silva Farias, professor do departamento de Geociência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutorando em ciência do solo, a universidade alertou as autoridades, por meio da publicação de artigos em revistas, sobre o problema. Para o pesquisador, faltou planejamento no modelo de urbanização e ação para combater o avanço das crateras em Buriticupu.
"Poderia ter sido feito, antes que eles surgissem, deveria ter tido um planejamento adequado para a cidade. E posteriormente um planejamento adequado para a cidade. Surgiu um problema, vamos conter", disse o professor.
Marcelino Silva, que acompanha a situação desde 2012, afirma que as chuvas concentradas, o relevo da área e a presença do ser humano, são alguns dos fatores que contribuem para a aceleração do fenômeno.
"O relevo, o solo, os vale que estão sendo formados, as chuvas concentradas que estão sendo formadas, que condicionam esses processos naturalmente. Só que esses processos são acelerados pela presença do ser humano, aí entra a questão do planejamento urbano ou a falta dele, entra também as cidades construídas em locais inadequados, entra também o sistema de pavimentação sem esgotamento sem escoamento adequado", explica.
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