Cadeiras vazias

Motta e Alcolumbre faltam à sanção da isenção do IR no Planalto

Presidentes da Câmara e do Senado alegaram compromissos de agenda, mas aliados confirmam insatisfação com o governo federal.

Ipolítica

Presidentes do Senado e da Câmara não participaram de solenidade ao lado de Lula (Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

BRASÍLIA – Em meio a um clima de desgaste na relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não participaram da cerimônia de sanção do projeto que isenta do Imposto de Renda trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. O evento foi realizado nesta quarta-feira (25), no Palácio do Planalto.

A sanção foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a presença de deputados e senadores. Entre os parlamentares que participaram da solenidade estavam o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), relator da proposta na Casa, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator no Senado. Ambos discursaram durante a cerimônia.

O projeto foi apresentado pelo governo federal em março deste ano e aprovado por unanimidade pelo Congresso Nacional no início de novembro.

Motta justificou ausência com argumento de 'agenda intensa'

Em nota, a assessoria de Hugo Motta informou que o deputado não compareceu ao evento por causa de “agenda intensa”. Já a equipe de Davi Alcolumbre disse que o senador passou a manhã em reuniões com outros parlamentares. Nos bastidores, porém, aliados dos dois presidentes confirmam que as ausências refletem insatisfação com o governo.

Durante a cerimônia, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que a falta dos presidentes das Casas não diminui a importância da atuação do Congresso na aprovação da medida.
“O Congresso Nacional teve sensibilidade para compreender este objetivo. Quero agradecer cada deputado, cada deputada, senador e senadora, e também aos presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre. A ausência dos presidentes em nada ofusca a importante condução e o apoio que deram a essa matéria”, declarou.

Haddad citou os dois em pronunciamento

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também citou os dois parlamentares em seu pronunciamento, afirmando que ambos foram “diligentes” na aprovação do projeto. Segundo ele, a tramitação dentro do prazo era fundamental para que a nova regra entre em vigor em 2026.

De acordo com informações da GloboNews, o Planalto chegou a criar um grupo em uma rede social para tratar da logística da participação de Motta e Alcolumbre no evento. As equipes do presidente Lula ofereceram, inclusive, tempo livre para que ambos discursassem, mas a iniciativa não teve adesão. Pessoas próximas a Alcolumbre afirmaram que “não há clima”, neste momento, para atos ao lado do governo.

No caso de Hugo Motta, aliados apontam que o distanciamento também está ligado a críticas feitas pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), durante o debate do projeto conhecido como PL Antifacção. Segundo esses aliados, Motta teria sido acusado de tentar “roubar o protagonismo do governo”, o que teria pesado na decisão de se ausentar da cerimônia. Ele já sabia, inclusive, que Alcolumbre também não compareceria.

Na manhã desta quarta-feira, Hugo Motta usou uma rede social para comentar a aprovação da proposta.
“Hoje a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil se torna lei. Uma vitória histórica para milhões de brasileiros”, escreveu.

O parlamentar também destacou a atuação da Câmara no processo. “Quando o projeto chegou à Câmara dos Deputados, determinei rapidamente a criação de uma comissão para análise. A matéria saiu ainda melhor, ampliando a redução da alíquota para quem recebe até R$ 7.350. A aprovação foi unânime. Este é o resultado da união dos Poderes em favor do Brasil”, afirmou.

Clima de desgaste entre governo e Congresso

A relação entre o Palácio do Planalto e a cúpula do Congresso se tornou ainda mais tensa na segunda-feira (24), após declarações públicas de lideranças das duas Casas exporem atritos com o governo e entre os próprios parlamentares.

Na Câmara, Hugo Motta rompeu politicamente com o líder do PT, Lindbergh Farias. A sucessão de episódios acendeu um alerta no governo Lula sobre a fragilidade da articulação política neste momento do ano, às vésperas do recesso legislativo, com pautas importantes ainda pendentes.

No Senado, a indicação de Jorge Messias para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) também se tornou um ponto de impasse. Entre os motivos da insatisfação de Alcolumbre está a defesa pública do nome de Messias por parte do ministro Jaques Wagner, antes mesmo da decisão final do presidente Lula. Alcolumbre, por sua vez, articulava a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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