Investigação

Kits de robótica: PF suspeita de esquema por outro imóvel de assessor de Lira

Desvios realizados pelo assessor de Lira ocorriam na aquisição de kits de robótica para Alagoas; Luciano Cavalcante adquiriu dois imóveis com recursos, segundo a PF.

Ipolítica, com informações da Folha

Artur Lira e o assessor, Luciano Cavalcante [camisa branca], durante campanha eleitoral (Divulgação / Instagram)

BRASÍLIA - A Polícia Federal investiga a relação de duas empresas do casal apontado como entregadores de dinheiro supostamente desviado de contratos para a compra de kits de robótica, com a compra de um apartamento para Luciano Cavalcante, assessor do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL).

Este seria o segundo imóvel comprado no período em que o esquema com os kits de robótica ocorriam em Alagoas.

Luciano, por exemplo, foi alvo da operação Hefesto no dia 1º de junho e depois disso demitido da Liderança do PP na Câmara. A investigação teve início após reportagem da Folha de abril de 2022 revelar indícios de irregularidades em contratos para kit de robótica bancados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

As empresas PJX Administração e Exclusiva Tecnologia segundo as investigações, repassaram ao menos R$ 150 mil para a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos. Os repasses foram realizados entre os dias 1º de junho de 2022 e 23 de maio de 2023.

As duas empresas estão em nome de Pedro Magno, flagrado, ao lado de sua esposa, Juliana, em saques e posteriores entregas de dinheiro supostamente desviados de contratos públicos.

Os investigadores foram atrás de informações sobre a Promenade e descobriram que ela era responsável pela construção de um edifício em Alagoas com apartamentos de dois quartos, com tamanho de 52 m² e preço a partir de R$ 318.234.

"Acredita-se que as transferências citadas que tiveram como destinatária a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos, realizadas através de contas de empresa fictícia do casal de Brasília, se destinaram à aquisição ou pagamento parcelado de unidades no empreendimento Edifício Promenade II Ponta Verde, em benefício de Luciano Cavalcante", diz a PF ao pedir buscas contra as empresas.

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A Polícia Federal conseguiu rastrear repasses de R$ 550 mil para a construtora EMG, de Alagoas. Os recursos eram provenientes da Megalic e de seu sócio, Edmundo Catunda, responsáveis pela venda dos kits de robótica. 

A construtora aparece como responsável por construir a casa que os investigadores apontam como sendo de Luciano Cavalcante. Ela recebeu os pagamentos entre abril e outubro de 2020, período em que eram realizados certames para contratação de kits de robótica.

A PF apura a relação entre desvios de dinheiro público e os repasses do sócio da Megalic para a EMG.

Os policiais descobriram essa casa de Luciano, no condomínio Laguna, ao seguir o casal de entregadores de dinheiro durante uma viagem a Maceió.

Os investigadores mapearam mais de uma dezena de entregas realizadas por Pedro e Juliana e intensa movimentação financeira em suas empresas.

As empresas, entre elas as duas citadas pela PF no caso do apartamento de Luciano, seriam utilizadas como "verdadeiros caixas eletrônicos, realizando diversas operações financeiras entre contas próprias, de suas empresas ou de titularidade de outras pessoas físicas e jurídicas, além dos próprios saques e entrega pessoais de valores em espécie".

"Tais movimentações demonstram sérios indícios de que Pedro e Juliana (através de intensa movimentação financeira em suas empresas) seriam possivelmente operadores de considerável e amplo esquema de lavagem de capitais em vários estados da Federação, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de práticas delitivas cometidas por diversos núcleos criminosos, com ou sem conexão entre si", diz a PF.

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