Estabilidade?

Concursos públicos viram 'febre' no Brasil

Bom dia Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 13h58

SãO PAULO - Emprego público é um sonho. Mais que um sonho, é um mito dos brasileiros, porque quer dizer estabilidade, uma palavra mágica. Os cursos e livros para os concursos públicos se multiplicam por todo o Brasil.

às 19h30, em sala de aula de curso preparatório, no Rio de Janeiro, homens e mulheres, que trabalharam o dia inteiro, fazem esforço para se manter atentos. Precisam deste curso para chegar a um objetivo: um emprego público.

Nove milhões de brasileiros trabalham em instituições públicas e estatais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo o instituto, outros cinco milhões estão estudando, se preparando, tentando conseguir um emprego público, criando o que já está sendo chamado de febre de concursos.

Cinco milhões de interessados acabaram levando à criação de blogs e grupos de discussão na internet. Uma única rede de relacionamentos tem mais de 150 comunidades voltadas para os chamados "concurseiros" – uma delas com 47 mil associados. As despesas dos concursos são altas: taxas de inscrição de R$ 50 a R$ 100, em média, e livros que chegam a custar R$ 90.

Uma editora, especializada em livros para concursos, vende cerca de cinco mil livros por mês. O dono é o juiz William Douglas, reprovado quatro vezes em concursos. Ele diz que “a febre” começou nove anos atrás.

“Eu diria que existe mais que uma febre, existe uma grande oportunidade aberta que começou basicamente com a Constituição de 1988, obrigando o governo a contratar por provas e não mais através de amizades, através de padrinhos, através de favorecimento político”, explica o juiz William Douglas.

As vagas nas repartições federais, estaduais e municipais atraem jovens e gente mais madura. “Concurso publico é o que dá estabilidade, segurança. Você pode fazer alguma coisa a longo prazo, como comprar a sua casa, financiar, e saber que não vai ser mandado embora”, comenta Rodrigo Cordeiro.

Denise Guimarães já fez três concursos e espera ter mais sorte na quarta tentativa. “Eu não tenho opção. Tenho 53 anos e fui demitida no dia 2 de maio”, diz.

Existe emprego para tanta gente que faz concurso? “Isso me assusta um pouco e me deixa um pouco apreensivo, porque o concurso público, uns anos atrás, era uma opção e hoje é a solução”, diz o professor de Direito, Luiz André.

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