Artigo

Voo de Galinha

Lino Raposo Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Nunca antes na história deste país, nunca na história do planeta Terra, nunca na história do Universo houve tal degradação nacional, como hoje há, tão corriqueiramente praticada pelo governo do Brasil, internamente ou nas suas relações externas; nunca também na história dos alienígenas, conhecidos como adeptos da dominação sobre civilizações diferentes da sua e, dessa forma, afeitos à perseguição dos povos dominados e não poucas vezes abduzidos para outros corpos mundos, se não seus corpos, pelo menos a mente desses pobres terráqueos, até mesmo os brasileiros. A primeira a ser levada a vagar, vocês se lembram, foi Elba Ramalho. Depois de uma noitada com novos e velhos baianos partiu com os seres extraterrestres, apenas raiava “sanguínea e fresca a madrugada”. Foi a primeira indicação do período tenebroso de depois, em que não viveríamos mais no “chiaroscuro” de inovadores pintores italianos do Renascimento, mas no “oscuro” tão só.

Logo após esses acontecimentos, lembro bem, o país quase se tornou a torrinha de perseguição, de ameaças de morte e de morte mesmo, para aqueles sem fé na cloroquina, na ivermectina e nos falsos profetas do vil metal. Crê ou morrerás, diziam. A crença, todavia, era na palavra da falsa sabedoria, nas porções mágicas, na medicina de vodu, na força maligna do poderoso metal; crença na violência, na arminha feita com o dedo e com fuzis, no sangue jorrando da cabeça cascatas de ódio, principalmente de pretos, pobres e dos povos originários, indígenas.

Vamos agora deixar de metáforas. Onde, afinal, o país se encontra? Quais são as perspectivas, já não digo num futuro mais distante, mas no futuro próximo? Quando se olha o passado recente é inevitável ser pessimista e, no futuro distante, estaremos todos mortos, como dizia o justamente famoso economista britânico Keynes. Olhando o passado distante e caminhando em direção aos dias de hoje, vemos que os problemas brasileiros de crescimento não resultam de taxas sistematicamente baixas de crescimento. Resultam, antes, da oscilação entre taxas altas e baixas, de tal forma a deixar baixa a média de longo prazo. Nos anos 70 do século passado, chegamos a crescer a taxas chinesas de hoje. Mas logo nosso crescimento caiu durante o período seguinte, ficou alto no seguinte e assim sucessivamente. Por contraste, o padrão dos países desenvolvidos é menos oscilante. Daí resulta crescimento médio maior do que o dos países de renda mais baixa. Independentemente das causas desses altos e baixos, sejam por causa de políticas econômicas mal concebidas e mal executadas, seja por choques externos, por definição fora do controle das autoridades econômicas e do Banco Central, o fato é este: necessitamos de mais estabilidade. Como chegar a esse resultado é outra história.

No momento, a inércia do governo federal é quase completa em todos os setores da economia. A atenção das autoridades, a começar pela do presidente da República, age como se estivéssemos no Paraíso, onde todos os problemas já foram resolvidos, restando apenas concentrar-se na próxima eleição a presidente da República. A continuarmos assim, o trem vai parar logo, logo, considerada a incompetência dos maquinistas. Agora mesmo tenta-se acertar um tiro na cabeça da Lei de Responsabilidade Fiscal, um dos fortes pilares a sustentar a economia brasileira.

Assim nossa economia irá voar sempre como a galinha, mudando de direção a cada segundo, pois sem bússola a guiá-la.



* PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

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