No último domingo, dia do centenário de nascimento do educador pernambucano Paulo Freire, Patrono da Educação Nacional, ocupei o nobre espaço deste matutino para falar da importância do grande brasileiro, reconhecido internacionalmente como um respeitado educador e filósofo, cuja obra tornou-se referência na educação mundial e brasileira por sua teoria do conhecimento, sua coerência e ética, além da forma com a qual educava, sempre priorizando o diálogo e o respeito na busca de um mundo, como ele mesmo dizia “menos feio, mais justo, menos malvado e onde f osse menos difícil amar.”
Volto à Paulo Freire, não só para falar da riqueza de sua obra, mas do homem pernambucano, cidadão do mundo, motivo de orgulho para os que sonham com um Brasil melhor, com mais justiça. É um deleite voltar ter contato com Freire.
Neste final de semana, fiz uma imersão em Paulo Freire, que no domingo, 19/09 completaria 100 anos, e que morreu em São Paulo em maio de 1997, aos 75 anos.
Em uma das entrevistas, o vi explicar que “ir a escola é um ato político, não no sentido de instituição, mas no seu significado/conceito, em outras palavras, política é o ato de governar a si mesmo, se não o faz, alguém fará no seu lugar”. . Freire se referia ao ato político não partidário, ideológico, mas da liberdade de pensar, de ter acesso à informação. Muitos anos depois uma jovem paquistanesa, Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2014, disse, “Um livro, uma caneta, uma criança, um pro fessor, podem mudar o mundo”, Isso é absolutamente freiriano.
Um caminhante da educação, entre campanhas de alfabetização, livros escritos, políticas públicas elaboradas e tiradas do papel, Paulo Freire espalhou a semente de uma pedagogia popular na qual todas as pessoas são consideradas agentes do conhecimento. Nela, os processos educativos se relacionam aos contextos sociais a partir da consciência crítica e da criatividade de professores e alunos. "Paulo Freire tinha o pensamento de que todo mundo deve externar o conhecimento que tem", afirmou um dos entrevistados. "O aluno deve ser crítico, questionar. O professor deve ser o med iador, para trazer à tona, quando necessário for, a criticida...
Pensar é um ato de transgressão, despertar no aluno o questionamento sobre o mundo em seu entorno, e não somente ser meramente repetidor de pensamentos alheios. "Os estudantes precisam ter essa consciência sobre ponto de vista, para aprenderem a ter outras perspectivas de um mesmo fato e chegarem ao desenvolvimento do senso crítico".
Em entrevista à TV Cultura, Freire, falava emocionado de utopia, de sonhos, não somente individuais, mas sonhos coletivos, que podem mudar a realidade de um povo, de uma comunidade. “Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo, e com os outros”, do livro Pedagogia do oprimido, 1987.
Inspiração para gerações de professores e pesquisadores, o pedagogo recifense e cidadão do mundo desenvolveu programas de alfabetização em diversos territórios, incluindo países da África, como Moçambique e Guiné-Bissau, e da América Latina, dentre os quais Chile e Nicarágua.
Em sua última entrevista, Paulo Freire disse ter o desejo de "ser lembrado como alguém que amou o mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, a terra, a água, a vida". Ou seja um homem de sonhos e utopias. Na matéria são mostradas diversos momentos de sua caminhada: desde o menino de Recife de família simples, ao cientista renomado e ganhador de muitas condecorações.
No centenário de nascimento de Paulo Reglus Neves Freire, ele continua a nos ensinar que a educação é sim um ato político, e que muda o mundo. Sua utopia está mais viva do que nunca. E, sempre sonhar com um mundo melhor e mais justo.
Viva Paulo Freire, viva os sonhos, viva as utopias.
* Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes
Saiba Mais
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.