O ensino superior das Ciências Econômicas iniciou-se no Maranhão em 1965, quatorze anos após a regulamentação da profissão de economista no Brasil. Poderia ter sido antes, visto que desde o final dos anos 50 o Professor Waldemar da Silva Carvalho, criador da Faculdade de Ciências Econômicas, tentava obter sua autorização de funcionamento, o que só veio a acontecer na metade da década seguinte.
Uma profissão do assim chamado “nível superior” se cria e desenvolve, segundo o arcabouço jurídico brasileiro atual, assentada em uma arquitetura de pelo menos três pilares: o acadêmico, provedor da indispensável formação técnico-científica àqueles que desejarem exercê-la; o profissional propriamente dito ou de “mercado de trabalho”, definidor das possibilidades de ocupação, remuneração e realização dos que vierem a exercê-la; e o regulamentador e fiscalizador, representado pelos Conselhos Regionais, autarquias federais que conferem a necessária “autorização” para o exercício profissional legal dos que obtiveram a formação acadêmica própria, mediante registro em seus assentamentos. O processo genético das profissões em geral deveria então seguir a sequência lógica de iniciar-se pela etapa de formação de seus futuros integrantes, que assim emulariam um mercado profissional, que demandaria uma autoridade reguladora de suas relações e interesses corporativos.
No Maranhão se pode dizer que, até certo ponto, o “mercado de trabalho” de Economia típico teria se antecipado as duas outras dimensões profissionais da Economia. É o que atestam fontes de pesquisas disponíveis, nas quais se pode constatar que, desde os anos 40 do século XX, já se produziam estatísticas, estudos e pesquisas de acompanhamento e de interpretação das atividades produtivas do Estado com objetivos que se poderiam legitimamente dizer serem de organização e prospecção. Já para o final da década dos anos 50, há a realização sistemática de atividades profissionais de elaboração de planos e projetos governamentais destinados deliberadamente a interferir na dinâmica econômica vigente, no sentido de mudar a trajetória do desenvolvimento econômico e social do estado e de sua população.
Quando, portanto, os primeiros economistas “formados” no Maranhão começam a chegar ao mercado profissional, a partir de 1968, o “fazer em Economia” não era exatamente uma atividade desconhecida no meio estadual.
Rapidamente, o ensino e a profissão de economista firmaram-se como importante, prestigiada e prestigiosa ocupação dos egressos da velha Faculdade da rua Afonso Pena, onde funcionou no imóvel de sua mantenedora, a Academia do Comércio, por muitos anos. E na sucessão de gerações de economistas maranhenses graduados por sua Faculdade e, posteriormente, pelo Curso de Economia, já na estrutura da UFMA, formou-se uma legião de técnicos, pesquisadores, executivos, docentes, ativistas etc, cuja contribuição para o desenvolvimento do Maranhão é indiscutível. Neste sentido, no Maranhão, através de seus milhares de formados, também se confirma a identificação da profissão com o desenvolvimento, a inovação, o experimentalismo, enfim, o progresso, justa aspiração de toda a humanidade.
Outro aspecto digno de registro na história da profissão de economista no Maranhão se liga ao processo segundo o qual a Faculdade de Economia, criada por iniciativa de uma escola privada, tornou-se pública, ao ser incorporada à Universidade Federal do Maranhão, graças à determinação do Professor Waldemar Carvalho, diretor da Academia de Comércio, a mantenedora da Faculdade. Situação simplesmente impensada nos dias de hoje e incompreensível aos olhos dos “empresários da educação”.
No capítulo de criação da entidade fiscalizadora, coube a um pequeno grupo de dedicados economistas, liderados por José Ribamar Campos, a tarefa que resultou na instalação do décimo quinto conselho regional de economia do Brasil, hoje com 45 anos de funcionamento.
Têm ainda os economistas do Maranhão o orgulho de possuir entre os seus membros um dos profissionais com mais tempo de formado na Ciência Econômica no Brasil. Trata-se do caxiense Antônio Augusto Ribeiro Brandão, graduado na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro hoje Universidade Cândido Mendes, há quase 62 anos. Profissional ainda hoje atuante, merece o reconhecimento de representante símbolo das várias dimensões da profissão por reunir na sua pessoa polivalente os vários atributos de um verdadeiro economista. Salve!!!
* Economista
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