Ferramenta para quebra do coco babaçu é finalista em premiação
Peça é uma das finalistas no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2021 e foi selecionada considerando-se a efetividade, inovação, sistematização da tecnologia e a interação com a comunidade
Maranhão - A Embrapa Cocais, juntamente com representantes das quebradeiras de coco e uma micro empresa desenvolveram uma tecnologia social para a quebra do coco babaçu que melhora as condições de trabalho, a eficiência, o conforto e a segurança da atividade de milhares de quebradeiras de coco de comunidades extrativistas do babaçu.
É uma ferramenta de uso individual para quebra do coco babaçu, acionada manualmente pela mulher que trabalha sentada em uma cadeira de posição regulável, com melhor ergonomia, rendimento do trabalho e aproveitamento integral dos componentes do fruto, agregando valor aos subprodutos e renda para as famílias.
A ferramenta é uma das finalistas no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2021 e foi selecionada considerando-se a efetividade, inovação, sistematização da tecnologia e a interação com a comunidade. As vencedoras serão anunciadas no evento previsto para acontecer em outubro.
Os recursos para a o desenvolvimento da tecnologia inovadora vieram da Fundação de Amparo e Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema) e do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), por meio do Projeto Bem Diverso, fruto da parceria entre Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Sonho construído em parceria com a pesquisa
O extrativismo do babaçu tem sido fonte de renda para diversas famílias brasileiras há décadas, sem evolução no sistema de produção. É caracterizado pelo uso manual de machado e um porrete para a quebra do coco, trabalho penoso, responsável por doenças laborais e abandono da atividade. A ferramenta para quebra do coco foi criada a partir da demanda das próprias quebradeiras de coco, durante edições do Babaçutec, evento da Embrapa Cocais que discute temas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) para a cadeia de valor do babaçu, e em oficinas regionais realizadas em diversas regiões do Estado, com agroextrativistas.
Nesses momentos, as quebradeiras compartilharam sonhos para a melhoria de suas condições de trabalho e de vida e proteção à saúde. Entre eles, o desejo por um equipamento de uso individual, mecanizado, acionado manualmente e acessível economicamente. Outra característica importante é que essa máquina não descaracterizasse a essência do extrativismo do coco babaçu e que auxiliasse no processamento integral do coco, não somente o aproveitamento da amêndoa e da casca.
“Começamos a sonhar o desenvolvimento dessa ferramenta idealizada por elas. Partimos justamente das necessidades dessas mulheres. Na época, já existiam cerca de 100 máquinas com pedidos de patentes, mas nenhuma delas atendia às expectativas das quebradeiras de coco. Ou eram muito grandes, ou fora da realidade delas ou simplesmente não funcionavam. A ferramenta é resultado dessa criação conjunta entre pesquisadores e quebradeiras. Juntos, fizemos protótipos e adaptações até chegarmos ao modelo atual de acordo com as necessidades e contribuições diretas das quebradeiras de coco. O resultado foi uma ferramenta ergométrica que propicia a extração da amêndoa com a pessoa sentada em uma cadeira, sem uso do machado e com uma força menor que a empregada anteriormente para quebrar o coco, com potência no corte acionada via alavanca”, detalha o pesquisador José Mario Frazão.
Durante o desenvolvimento da ferramenta, foram realizados testes e validação da ferramenta com grupos organizados de quebradeiras de coco nos municípios maranhenses de Itapecuru-Mirim, Caxias, Cajari, Anajatuba, Pindaré-Mirim, Alto Alegre do Pindaré e Lago do Junco. Foram obtidas percepções e sugestões das quebradeiras de coco para melhoria da ferramenta em desenvolvimento. Um primeiro protótipo de estação de trabalho foi colocado, durante dois anos, em operação na Cooperativa Babaçu é Vida, em Itapecuru Mirim, para ser testado pelas quebradeiras de coco. Várias quebradeiras de coco opinaram sobre o funcionamento da ferramenta após um período de uso e adaptação. “No princípio, elas ficaram receosas e acharam que não tinham força para acionar o mecanismo. Em pouco tempo de uso e com suas habilidades do processo tradicional, as mulheres perceberam que a operação da ferramenta não necessita de força excessiva, já que possui o mecanismo multiplicador da força humana”, completa Frazão.
Para Roselma Licar, Presidente do Clube de Mães Lar Maria, da Comunidade Quilombola Pedrinhas Clube de Mães, de Anajatuba-MA, a experiência com a ferramenta está comprovando que a tecnologia social garante mais salubridade à atividade de quebra do coco e aproveitamento integral do coco, o que significa mais renda e qualidade de vida às comunidades extrativistas de coco babaçu do Maranhão.
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