SÃO LUÍS- Amor, carinho e dedicação fazem parte da rotina de quem tem um pet. Os amigos de patas estão presentes na maioria dos lares maranhenses e são considerados membros da família, sendo criados, muitas vezes, como filhos. O convívio divertido, repleto de afeto e amizade, é a retribuição dada, por eles, a todo o empenho de seus humanos. Para eternizar esses momentos e os sentimentos envolvidos na relação com os mascotes da família, todo esforço é pouco e os tutores capricham. Seja em vida ou no momento da despedida, tem se tornado cada vez mais ampla as alternativas para quem quer homenagear os animais de estimação.
Como sabiamente disse Milton Nascimento em Canção da América, “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito” e não seria estranho se o cantor estivesse se referindo a um bicho de estimação, afinal, cá para nós, não há amizade mais sincera, há? Seja qual for a espécie, canina, felina, roedores, aves e até alguns mais exóticos, uma característica é comum em toda relação entre os animais domésticos e seus tutores: o amor. E dele outros tantos surgem e deixam esse laço tão especial que a dedicação do dia a dia é insuficiente para expressar o sentimento.
No caso do contador Alan Nascimento, o amor veio aos poucos, primeiro com a cadela Luna e depois com o Don Juan, filho dela. “Eu nunca tive experiências com nenhum cachorro até uma pessoa me oferecer a minha cadela em adoção. Quando a recebi, ela já estava com quase dois anos e o convívio com ela aflorou, em mim, o desejo de ter um que eu criasse desde o nascimento. A Luna cruzou e o primeiro a nascer foi o Don Juan, dei esse nome por ele ser muito lindo e acabei ficando com ele. É incrível como um cachorro pode trazer vida para nós. Quando ele me sentia para baixo, levava os brinquedos dele para mim, aí não tinha como ficar mais triste”, contou.
Apesar de conhecido pela força, Don, um bull terrier, acabou contraindo leishmaniose e, após travar uma dura batalha entre tratamentos e medicações alternativas, precisou ser sacrificado. “Quando ele adoeceu, me via chorando por causa da doença dele, vinha até mim para consolar, era incrível... eu chorava ainda mais. Desde que ele partiu, o que me vem à memória quando eu ouço o nome Don Juan, é ele me olhando com o brinquedo, querendo me animar. Foi o que me motivou a fazer a tatuagem, não queria ele longe de mim, por isso eu o eternizei em minha pele, agora além do meu coração ele está na minha pele”, declarou Alan Nogueira.
E se engana quem pensa que esta é uma homenagem incomum. Nos estúdios de tatuagem tem sido cada vez maior a procura por desenhos e frases dedicadas aos amigos de patas e, de acordo com a tatuadora Tábata Gomes, as sessões são sempre acompanhadas por belas e emocionantes histórias de carinho e lealdade.
“Muita gente gosta, principalmente de fazer a patinha dos animais, com nomes. Eles sempre contam histórias bonitas, uns homenageiam os que já se foram, outros por uma relação especial, mas sempre movidos pelo amor”, contou a tatuadora.
O carinho pelos animais também motivou Tábata Gomes a promover, junto com a colega de trabalho Jéssica Viana, uma campanha de arrecadação de ração para uma Organização Não Governamental que cuida de cães e gatos. Com a campanha, os clientes que faziam doações, ganhavam descontos nas tatuagens feitas pelo estúdio. “Não só sentimento que temos pelos animais nos motivou, mas, principalmente, o fato de poder colaborar, por mais que não seja muito. Até a pouca ajuda é grande para esta causa. É muito prazeroso”, contou Gomes.
Homenagens pós-vida
Assim como as tatuagens, muitas homenagens são feitas aos pets, principalmente quando eles partem. É, inclusive, no momento do adeus, que os donos encontram mais uma forma de imortalizar a memória de quem integrou, despretensiosamente, a família e preencheu um espaço tão especial. Para garantir uma despedida à altura do amor que se nutriu durante a vida de um bichinho de estimação, os tutores têm optado, cada vez mais, por sepultamentos ou cremações, realizados em espaços que buscam amenizar a dor sentida por quem perde um amigo.
A engenheira civil Luciana Carvalhal perdeu seu “aumigo” há poucos dias, em 9 de setembro, após longos e alegres 14 anos de parceria e cuidado. Bob, um poodle que chegou à família aos 45 dias de vida e ressignificou a concepção de lar, carregava consigo um coração cheio de amor, como contou a tutora.
“Ele era um dos amores da família, o outro amor é a Sol, a esposa dele, que ainda está conosco e com seus 12 aninhos. Ele era um cachorro muito tranquilo, calmo que, mesmo com vários problemas de saúde que apareceram durante pela idade, sempre se manteve muito dócil e aceitava todos os nossos cuidados. Ele era cardíaco, tinha o coração grande. Brincávamos com ele falando que era de tanto amor, que esse coração cresceu”, lembrou a engenheira.
A partida de Bob foi um momento doloroso para todos em casa, afinal, parte da família cresceu acompanhada por ele e, em nome de tudo o que representou a história de amor e amizade pelo peludo, optaram por uma despedida digna. “Pelo Bob ter nos dado tanto amor, tantos momentos de felicidade, resolvemos encerrar o ciclo dele aqui na terra da maneira mais respeitosa possível. Quando conhecemos o serviço de cemitério para animais, sentimos o carinho da equipe, um cuidado especial e isso nos fez ter a certeza que aquele era o melhor lugar pro nosso Bob descansar”, frisou Carvalhal.
De acordo com a empresária Arina Bitterncourt, proprietária do Pet Forever, este é um mercado que tem demonstrado crescimento em São Luís, até porque, diferentemente de como costumava ocorrer anos atrás, a ligação entre tutores e pets tem se tornado cada vez mais estreita e exige cuidados especiais desde a chegada em casa à partida.
“Iniciamos nossa atividade em 2017, a partir de uma necessidade pessoal, pois quando meu cachorrinho faleceu, não sabia o que fazer, porque em São Luís ainda não havia serviços como esse. Começamos somente com serviço de cremação, e identificamos um retorno ainda tímido no início, por ser um serviço totalmente inovador no Maranhão. Mas esse cenário foi mudando conforme as pessoas começaram a conhecer o serviço. Hoje já chegamos ao marco de mais de 500 animais cremados, além dos sepultamentos, que possibilita a visita das famílias aos jazigos. Acredito que nosso grande diferencial é valorizar a dor do nosso cliente, eles se confortam em saber que estão proporcionando uma despedida digna para seu pet”, explicou.
O crescimento do mercado pet, além do valor econômico demonstra o papel, cada vez mais importante, que os animais têm desempenhado na sociedade. De todos os tamanhos, espécies e características, eles são capazes de despertar os melhores sentimentos e dar mais sentido ao dia, à volta para casa, afinal não há sensação mais gratificante que a causada pela recepção de um bichinho de estimação ao seu humano. Mesmo sem entender o significado das palavras, são capazes de dar sentido ao mais nobre dos sentimentos, que é o amor – o mais honesto possível.
Amor aos animais
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