
Análise da PNAD Contínua 2024 – Maranhão
O estado apresentou um crescimento real de 6,4% em relação a 2023, superando a média nacional, que foi de 4,7% (IBGE, 2025).
O rendimento mensal domiciliar per capita do Maranhão em 2024 atingiu R$ 1.078, o maior valor da série histórica iniciada em 2012, embora ainda se mantenha como o menor entre todas as Unidades da Federação. O estado apresentou um crescimento real de 6,4% em relação a 2023, superando a média nacional, que foi de 4,7% (IBGE, 2025).
1. Evolução e Comparativo
O Maranhão reduziu gradualmente sua defasagem em relação à média brasileira: em 2012, o rendimento domiciliar per capita correspondia a apenas 44,5% da média nacional, e em 2024 passou a representar 53,4%. Ainda assim, persiste uma disparidade significativa. A renda do trabalho representa 67,6% da renda domiciliar no estado, enquanto no Brasil essa proporção é de 74,9%. Isso evidencia o peso das “outras fontes” de renda (32,3) como benefícios previdenciários, assistenciais e arrendamentos.
2. Desigualdade e Inclusão Social
O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 0,492 para 0,487 no Maranhão, mantendo-se inferior à média nacional (0,506). Trata-se de um indicativo de ligeira redução na desigualdade. Os 40% mais pobres apresentaram um crescimento de 9,1% em sua renda média, chegando a R$ 337, e os 5% mais pobres tiveram um aumento ainda mais expressivo, de 45,8%. Paralelamente, os 1% mais ricos também ampliaram seus rendimentos em 23,6%, o que reforça a necessidade de políticas redistributivas mais incisivas.
3. Programas Sociais e Renda
O percentual de domicílios com presença do programa Bolsa Família subiu de 40,2% para 41,3%, o maior do país. A renda per capita nesses domicílios passou a representar 39,8% da renda daqueles sem o benefício, revelando uma tendência de redução da desigualdade relativa. Entre 2023 e 2024, a renda média nesses domicílios cresceu 11,6%, enquanto nos demais o aumento foi de 5,8% (IBGE, 2025).
4. Rendimento do Trabalho e Outras Fontes
O rendimento médio das pessoas ocupadas no estado cresceu 4,4%, alcançando R$ 2.049. Entre as fontes de renda não laborais, destacam-se os aumentos em aluguel e arrendamento (+93,3%) e em outros rendimentos como bolsas e seguros (+9,5%), embora essas fontes ainda tenham baixa representatividade.
5. População com Rendimento
Houve um aumento de 3,5% na população com algum tipo de rendimento (4,167 milhões de pessoas). A parcela da população com renda exclusivamente de fontes não laborais cresceu 6,9%, com destaque para os beneficiários de programas sociais, cujo contingente aumentou em 6,7%.
6. Participação na Massa de Renda Nacional
A massa de rendimento mensal total do Maranhão atingiu R$ 7,787 bilhões em 2024, representando 1,8% do total nacional — o maior percentual já registrado para o estado desde 2012 (IBGE, 2025).
Conclusão: Desenvolvimento com Justiça Social e Ambiental
Apesar de ainda ocupar a última posição em termos de renda per capita, o Maranhão apresenta avanços consistentes no combate à pobreza, na elevação da renda média e na mitigação das desigualdades, especialmente entre os estratos mais vulneráveis. O crescimento expressivo da renda entre os 5% mais pobres (+45,8%) e entre os domicílios com Bolsa Família (+11,6%) reflete a importância das políticas públicas de transferência de renda.
No entanto, para consolidar um modelo de desenvolvimento sustentável, com justiça social e ambiental, é indispensável articular as ações de redistribuição com estratégias estruturais de geração de trabalho, renda e riqueza, com base na valorização territorial, na biodiversidade e no protagonismo popular.
Setores estratégicos a serem estimulados no Maranhão:
Agricultura familiar e agroecologia: políticas públicas de apoio técnico, crédito, comercialização e regularização fundiária podem promover soberania alimentar, renda e sustentabilidade.
Economia solidária e cooperativismo: fundamentais para inclusão produtiva e geração de renda coletiva nas áreas rurais e urbanas periféricas.
Sociobiodiversidade e bioeconomia: o estado possui riqueza ambiental que pode ser explorada de forma sustentável com tecnologias sociais e inovação.
Infraestrutura verde e saneamento: investimentos em água, esgoto e resíduos geram empregos, protegem o meio ambiente e promovem saúde pública.
Educação técnica, ciência e tecnologia: a qualificação voltada às vocações regionais é essencial para romper com o ciclo da pobreza.
Turismo sustentável e cultural: valorizando o patrimônio natural e histórico com impacto ambiental reduzido e inclusão social.
Por fim, o desenvolvimento com justiça social e ambiental requer enfrentamento das desigualdades raciais, de gênero e territorial, planejamento de longo prazo, participação social e um efetivo programa de investimentos públicos estruturantes. O Maranhão tem potencial para inaugurar uma nova trajetória de desenvolvimento que uma redistribuição de renda, valorização da vida e proteção do meio ambiente.
Referência Bibliográfica
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. PNAD Contínua 2024: Rendimento de todas as fontes – Maranhão. Superintendência Estadual do Maranhão. Quadro Informativo SDI/MA. 8 maio 2025. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: 11 maio 2025.
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