
Tiraram João Neto para Cristo
Sem dúvida, João Neto é a bola da vez
Conhecem a frase “tiraram fulano para Cristo?”
Pois é… tiraram João Neto para Cristo.
Hoje é domingo de Páscoa. Daqui a pouco irei à igreja exercer minha fé, renovar minha esperança, mas antes, praticarei meu senso de justiça porque calar diante dessa crucificação pública seria trair tudo em que acredito.
Sem dúvida, João Neto é a bola da vez.
Quanta hipocrisia! Um nome na fogueira, um alvo na praça pública onde a moral é seletiva e o processo penal é espetáculo.
Sim, ele agiu com agressividade. Sim, o vídeo causa desconforto, mas há um abismo entre censura e crucificação.
O que estão fazendo com este homem não é justiça, é linchamento!
Preventiva decretada, pedido de exclusão da OAB, manchetes vorazes tratando-o como se fosse o maior criminoso do país, como se ele representasse todo o mal que jamais ousaram combater de verdade.
Uma sanha persecutória que a pretexto de zelo ético, guarda oportunismo disfarçado de indignação.
Precisa perguntar onde estavam essas vozes ensandecidas quando a nora do presidente Lula foi agredida? Silenciaram porque ali não convinha berrar, porque a pauta feminista é seletiva, é dócil com quem lhe convém, é cega quando o agressor está no lado “certo” do jogo político.
E os crimes de corrupção, que devastam lares, esvaziam hospitais, matam silenciosamente milhares por ano? Quem se importa com isso? Quem grita por justiça quando o criminoso veste terno caro e frequenta gabinetes? Ninguém, porque a corrupção não rende curtidas, não viraliza como um vídeo com agressão em uma mulher.
Recentemente, um político, influente, foi agraciado com prisão domiciliar mesmo sendo acusado de violentar a esposa e a filha. Cadê a humilhação pública?
Como criminalista, eu entendo quando um criminoso, presumidamente inocente, deixa a prisão para ganhar uma domiciliar, mas a sociedade punitivista não entende, por isso questiono por que o crime de João Neto se revelou tão grave aos olhos dos julgadores de ocasião.
E o que falar do movimento negro? Onde estão os tambores da interseccionalidade?
Se não fosse a pauta ideológica feminista colonizando o discurso, o movimento negro estaria nas ruas fazendo barulho, falando em discriminação, mas não, o silêncio é estratégico porque João Neto, homem e advogado, não cabe na narrativa.
João Neto está preso, mas quem está doente é o sistema, que julga por likes e sentencia por manchete.
Não defendo a violência, mas combato a cegueira deliberada.
Se querem proteger as mulheres, que não instrumentalizem o feminismo como vara de condão para destruir reputações; que não utilizem a fúria simbólica como proteção.
João Neto errou, mas quem nunca, que atire a primeira pedra. Ele deve, sim, responder ao processo e, se for o caso, receber a justa sanção na exata medida da sua culpabilidade. Nem mais, nem menos.
Todavia, o que se vê é um excesso e esse excesso tem nome: ele é viral. João Neto tem mais de 2 milhões de seguidores e sua derrocada está diretamente ligada ao sucesso nas redes sociais.
A lógica é perversa: quanto mais visível você é, mais saborosa se torna sua queda. O mesmo público que ontem aplaudiu, hoje vaia. A mesma multidão que curtia suas vitórias, agora exige sua derrota.
O certo é que João Neto foi engolido pelo próprio alcance e isso nada tem a ver com justiça, tem a ver com mídia. É ela que escolhe quem será o herói e o vilão da vez; quem será louvado e quem será execrado.
E assim seguimos, nesse Coliseu digital, esperando o próximo espetáculo.
Sâmara Braúna
Advogada há 24 anos, criminalista, especialista em liberdade, garantias constitucionais, em violência de gênero e crimes sexuais. Pós-graduada em Direito Penal. Conselheira Estadual OAB/MA.
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