
Trump e as tarifas: o jogo de truco na geopolítica comercial
Assim como no truco, onde um jogador pode aumentar as apostas para pressionar o adversário a desistir ou revelar uma mão mais forte, Trump utilizou as tarifas como uma forma de coerção econômica.
Imagine uma partida de truco, aquele jogo de cartas brasileiro repleto de blefes e apostas altas. Agora, visualize Donald Trump como um jogador que, ao receber cartas medianas, decide gritar "truco!" repetidamente, elevando as apostas na esperança de que seus adversários desistam. Essa analogia ilustra a estratégia do presidente dos Estados Unidos ao impor tarifas elevadas sobre produtos chineses e europeus, desencadeando uma guerra comercial de proporções globais.
Protecionismo e Nacionalismo: as aartas na mesa
O protecionismo, política que busca proteger a indústria nacional por meio de barreiras comerciais como tarifas e cotas, tem sido uma ferramenta utilizada por governos que desejam fortalecer sua economia interna. Trump adotou essa abordagem com fervor, justificando-a como uma forma de corrigir déficits comerciais e recuperar empregos perdidos para o exterior. Esse movimento está intrinsecamente ligado ao nacionalismo econômico, onde o interesse nacional é colocado acima das dinâmicas do comércio global.
No entanto, a história nos ensina que tais medidas podem ter efeitos colaterais indesejados. A Lei Smoot-Hawley de 1930, por exemplo, elevou tarifas sobre mais de mil produtos importados pelos EUA, levando outros países a retaliar com suas próprias tarifas. O resultado? Uma contração significativa do comércio internacional que aprofundou a Grande Depressão.
O Truco de Trump: aumentando as apostas
Nessa última semana, Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses para 125%, alegando uma "falta de respeito" por parte de Pequim. A China respondeu com tarifas de 84% sobre produtos americanos, intensificando o confronto. Paralelamente, a União Europeia foi alvo de tarifas de 20%, levando o bloco a reconsiderar sua posição e buscar formas de mitigar os impactos econômicos.
Assim como no truco, onde um jogador pode aumentar as apostas para pressionar o adversário a desistir ou revelar uma mão mais forte, Trump utilizou as tarifas como uma forma de coerção econômica. No entanto, diferentemente do jogo de cartas, onde as perdas são limitadas a pontos, no cenário global as consequências são reais e tangíveis: desaceleração econômica, aumento dos preços para consumidores e tensões diplomáticas.
A União Europeia: o coringa no jogo
A Europa, inicialmente vista como espectadora nesse embate entre gigantes, encontrou-se no centro do tabuleiro. As tarifas impostas por Trump forçaram a União Europeia a recalibrar sua relação com a China e os EUA. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou Pequim a evitar uma escalada e buscar soluções para reequilibrar as relações comerciais.
Além disso, há indicações de que os EUA e a UE poderiam unir forças para isolar economicamente a China, criando uma nova dinâmica nas relações internacionais.
Lições do passado e reflexões atuais
O protecionismo pode parecer uma estratégia atraente para proteger indústrias nacionais, mas a história demonstra que guerras comerciais tendem a prejudicar todas as partes envolvidas. As medidas de Trump, embora destinadas a fortalecer a economia americana, correm o risco de desencadear uma recessão global, semelhante ao que ocorreu após a implementação da Lei Smoot-Hawley.
Em um jogo de truco, blefes e apostas altas podem levar à vitória ou à derrota, dependendo da reação dos adversários. No cenário global, no entanto, tais táticas podem ter repercussões duradouras que vão além de uma simples partida. É essencial que os líderes mundiais considerem as lições do passado e busquem soluções que promovam a cooperação e o crescimento econômico sustentável.
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