Denúncia

Auditores denunciam irregularidades em pagamentos milionários em SL

De acordo com a entidade, o controlador-geral do município de São Luís, Sérgio Motta homologou pagamentos milionários ignorando pareceres técnicos de auditores.

Ipolítica

Atualizada em 02/04/2025 às 09h15
Denúncia de entidade aponta pagamentos milionários irregulares feitos pela gestão do prefeito Eduardo Braide
Denúncia de entidade aponta pagamentos milionários irregulares feitos pela gestão do prefeito Eduardo Braide (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

SÃO LUÍS - A Associação dos Auditores de Controle Interno do Município de São Luís (AACIM) formalizou grave denúncia ao Ministério Público do Estado do Maranhão (MPMA) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), contra a gestão do prefeito Eduardo Braide (PSD). A denúncia expõe supostas irregularidades em homologações de pagamentos milionários realizadas pelo Controlador-Geral, Sérgio Motta. 

A entidade pede a instauração de inquérito, suspensão imediata dos pagamentos listados na denúncia, nulidade de todos os atos, ajuizamento de ação civil pública e exoneração do controlador-geral de São Luís. 

O cerne da denúncia reside na suposta atuação de Sérgio Motta, Controlador-Geral, acusado pela associação de usurpar a competência exclusiva dos Auditores de Controle Interno ao avocar e homologar processos de pagamento repletos de irregularidades e indícios de sobrepreço. 

Segundo a AACIM, Motta ignorou as análises técnicas dos auditores da Controladoria Geral do Município (CGM) e o fluxo processual estabelecido pelo Decreto Municipal nº 54.356/2020, que previa a análise prévia pela Central de Liquidação de Despesas (CLD). 

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A associação detalha que, mesmo diante de pareceres técnicos apontando graves inconsistências, como fortes indícios de sobrepreço e conluio entre empresas nos contratos do "show da virada", o Controlador-Geral homologou pagamentos que totalizaram R$ 7.798.828,00 no final de 2024 e outros R$ 3.585.000,00 em fevereiro de 2025. A denúncia aponta que essa homologação ocorreu, inclusive, fora do horário de expediente e durante o período de férias do Controlador.

A Procuradora-Geral, Valdélia Campos da Silva Araújo, é apontada na denúncia como responsável por emitir pareceres jurídicos "contra legem" que possibilitaram a avocação dos processos pelo Controlador, desconsiderando a legislação municipal que atribui a análise de despesas exclusivamente aos Auditores de Controle Interno. A AACIM argumenta que a PGM realizou uma interpretação enviesada da legislação, priorizando o regimento interno da CGM em detrimento de leis e decretos específicos, além de não observar os prazos dos auditores e usurpar as competências do controle interno ao analisar o mérito dos pagamentos. 

Clique aqui e veja a íntegra da denúncia de auditores ao MPMA

A denúncia cita jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU) que responsabiliza ‘pareceristas’ por pareceres que conduzem a atos irregulares.

A Secretaria de Cultura, sob a gestão de Maurício Itapary, é apontada como a originadora das diversas irregularidades nos processos de pagamento, especialmente nos contratos para o "show da virada" e para a estrutura do Réveillon 2025. A AACIM alega forte indício de sobrepreço na contratação de artistas, utilizando uma metodologia de pesquisa de mercado inadequada prevista no art. 23, § 4º da Lei nº 14.133/21, em vez do § 1º. 

Além disso, há a denúncia de indícios de conluio entre empresas nas cotações para a estrutura do Réveillon, com um alto percentual de itens com valores idênticos. A SECULT é ainda acusada de burlar o princípio da anualidade orçamentária ao utilizar o orçamento de 2024 para despesas do Carnaval de 2025 e de realizar pagamentos antecipados fora da previsão legal.

Já o prefeito Eduardo Braide é apontado pela entidade por omissão e negligência diante das denúncias de irregularidades, culpa in eligendo pela nomeação de Sérgio Motta como Controlador-Geral e culpa in vigilando pela falha na fiscalização. A AACIM alega que a nomeação de Motta é ilegal, por não ser servidor de carreira, em descumprimento ao entendimento vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) no RE nº 1.443.836/MT, que considera ilegítima a nomeação de comissionados para funções técnicas de controle interno. A exoneração do Controlador Adjunto, que era auditor de carreira, é vista como um enfraquecimento do controle interno.

Fundamentação

A denúncia ao MPMA se fundamenta em diversas leis e normativos, incluindo a Constituição Federal, leis municipais de criação e reestruturação da CGM, decretos regulamentadores, a Lei de Licitações (Lei nº 14.133/21), a Lei de Finanças Públicas (Lei nº 4.320/64), a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), o Código Penal e a Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei nº 1.079/50).

Diante das alegações, a AACIM requer ao MPMA a instauração de Inquérito Civil, a concessão de medida cautelar para suspender os pagamentos irregulares, a notificação dos denunciados para defesa e, ao final, o ajuizamento de Ação Civil Pública para declarar a nulidade dos atos, condenar os responsáveis por improbidade administrativa e ressarcimento ao erário, além de determinar o afastamento dos denunciados e a exoneração do Controlador-Geral em cumprimento à decisão do STF. 

Ao TCE, a entidade requer, em caráter de urgência, a concessão de medida cautelar para suspender a possibilidade de homologação de pagamentos pelo Controlador Geral e para que o município se abstenha de realizar pagamentos relacionados às despesas autorizadas por ele. A associação também pede o afastamento do cargo do Controlador Geral e que o município nomeie um auditor de carreira para a função, em cumprimento à decisão do STF. 

Outro lado

O Ipolítica entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de São Luís e aguarda resposta a respeito da denúncia apresentada pela associação.

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