(Divulgação)
COLUNA
Marcos Silva
Marcos Silva Marcos Silva é assistente social, historiador e sociólogo.
Marcos Silva

O PT e a polarização entre esquerda e direita!

Alianças com partidos do campo dos inimigos pode ser uma vitória ou uma derrota, vai depender das características adotadas no processo de discussão.

Marcos Silva

Diante das crises do modo de produção capitalista, tanto as cíclicas como a estrutural que tem como um dos panos de fundo a escassez dos recursos naturais como afirma Herman Daly (2013), e a redução da taxa média de lucro com diz: Michael Roberts (2022). É desse quadro econômico e político que surgem uma polarização forte entre os seguimentos de esquerda e de direita nas sociedades liberais.

De um lado os liberais de direita exigindo cada vez mais privatizações, redução do Estado, desmantelamento das leis trabalhistas e ambientais e uso de agrotóxico visando o aumento da produtividade na agricultura. Do outro lado, a esquerda socialista defendendo justiça social no desenvolvimento econômico por meio da expansão das políticas públicas e assistência social para os necessitados. Essa é a principal polarização entre a esquerda socialista e a direita liberal nas economias e sociedades liberais.

No campo da direita ainda existem os extremos, a extrema direita que se posiciona com um discurso conservador de Deus acima de tudo, pátria e família. Ou seja, uma postura subjetiva diante dos fatos que aflige as populações frente às crises econômicas. Essa extrema direita ainda ataca os movimentos sociais, a democracia, as instituições do Estado e as políticas de distribuição de renda. Essa direita também se posiciona contra os processos de migração e os direitos sociais.

Ainda existem as diferenças com relação às mudanças climáticas, a defesa do meio ambiente, conflitos territoriais, crises econômicas e modelo de sociedade. Hobsbawm diz que o século XX foi uma era de extremos, marcada por conflitos violentos, regimes totalitários, guerras mundiais, revoluções, genocídios e grandes transformações sociais, políticas e econômicas. Thomas Piketty: Autor de "O Capital no Século XXI", analisa a desigualdade econômica e social e destaca o papel do capitalismo na concentração de riqueza e as consequências desse fenômeno para a sociedade contemporânea.

A desigualdade no modo de produção capitalista resulta da questão social, ou seja, o trabalho é social e a apropriação da riqueza produzida socialmente é privada, o que leva ao aumento da concentração de renda nas mãos de cada vez menos pessoas.

No Brasil o PT por meio da candidatura do Lula uniu uma frente ampla que derrotou o Bolsonaro em 2022. No entanto, o Bolsonaro tramou um golpe contra democracia conforme mostra o andamento das investigações da polícia federal e as delações premiadas do Tenente Coronel Mauro Cid. Além dos acampamentos em frente aos Quartéis como forma de intimidar e convencer os milicos a apoiar a aventura golpista do Bolsonaro. Além do mais, o Bolsonaro seguiu em fuga para os Estados Unidos para não passar a faixa presidencial ao Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Fracassada a possibilidade da não realização da posse, pois veio o levante golpista terrorista de 08 de janeiro de 2023 como ponto alto da tentativa de golpe na democracia brasileira.

A polarização entre esquerda socialista e a extrema direita no Brasil continua. De um lado os Bolsonaristas com práticas permanentes tentando desmoralizar a democracia brasileira e as instituições públicas, a exemplo, do STF onde os ministros são atacados nas redes sociais por um movimento organizado de bolsonaristas. Do outro lado os segmentos democráticos e populares juntamente com o governo Lula, o poder judiciário e a maioria do parlamento seguem na defesa da democracia e no combate aos golpistas.

Nesses aspectos é de fundamental importância a condenação e prisão dos golpistas como forma educativa na defesa da democracia e das instituições públicas. Sem anistia para os golpistas.

Agora em 2024 o PT deve fazer esforços para a vitória eleitoral dos partidos da base de sustentação do governo Lula. Não pode o PT inventar disputas onde não se tem ativistas do PT com potencial de votos para uma vitória eleitoral. O mais prudente é orientar para lançar candidaturas do PT e da Federação Brasil da Esperança onde houver candidatos com viabilidade eleitoral. Por outro lado, onde não for favorável eleitoralmente será necessário que o PT busque condições para a construção de frente ampla preferencialmente com os partidos do campo democrático e popular.

O PT não pode descartar as possibilidades de alianças com outros partidos da base de apoio do governo Lula, a exemplo do União Brasil e PP, além de ser possível alianças em alguns municípios com partidos que são formalmente oposição no Congresso Nacional ao governo Lula. De tal maneira que no Brasil pela sua grandeza territorial pode vir a existir grupos políticos em algumas cidades que estejam filiados ao PL (Partido Liberal) e ao PR (Partido Republicano) e que decidam em função da conjuntura política local apoiar ou formar frente com o PT. Pois devemos analisar essa possibilidade, no entanto exigir um certo protocolo de intenções políticas que devem passar pela defesa pública da democracia, denúncia da tentativa de golpe pelos bolsonaristas e a defesa do governo Lula. Sem esse protocolo não convém alianças com tais partidos.

Alianças com partidos do campo dos inimigos pode ser uma vitória ou uma derrota, vai depender das características adotadas no processo de discussão.

Um dos casos é a cidade de São Luís, onde existe a possibilidade do pré-candidato a prefeito apoiado pelo PT, o deputado federal Duarte Júnior do PSB receber o apoio do deputado federal Maranhãozinho do PL. Esse apoio leva para a candidatura do PSB tempo de TV e recursos financeiros importantes para a campanha contra o atual prefeito que é filiado ao PSD, partido que foi bolsonarista e em alguns estados e municípios incorpora os governos de aliados de Bolsonaro. Porém faz parte da base de apoio ao governo Lula. O Maranhãozinho por exemplo: tem liderado uma parte dos deputados federais do PL a votar e apoiar o governo Lula.

O PT apoiou o governo de Flávio Dino desde as eleições de 2014 e o Maranhãozinho na época no PR foi parte do governo e com direito a secretária.

Na atualidade o PT é parte do governo Brandão e com a volta do experiente líder político e comunista: Luiz Washington a militância do PT, após a sua aposentadoria de Conselheiro no Tribunal de Contas do Estado-TCE, o PT tende a ser fortalecido politicamente no cenário estadual e passa a ser a principal força política de apoio ao governo de Carlos Brandão do PSB. O PT tem o vice-governador e agora com 4 secretarias de governo e ainda a diretoria do IEMA sob a liderança de Cricielle Muniz que é dirigente nacional e estadual do PT.

O deputado federal Maranhãozinho apoia o governo Brandão e o governo Lula. O momento exige do PT e dos petistas habilidade política para ganhar as pessoas para a defesa do governo Lula e da democracia como forma de derrotar de vez o bolsonarismo, que tantos prejuízos trazem à democracia brasileira e aos direitos humanos.

O pré-candidato a prefeito do PSB precisa ter clareza que a presença do PL de Maranhãozinho no apoio a sua candidatura é importante e quem é derrotado são os bolsonaristas que perdem o apoio do PL e de Maranhãozinho na capital do estado do Maranhão. Agora o chefe da vitória eleitoral do pré-candidato Duarte Júnior é a garantia da presença da Federação Brasil da Esperança na sua chapa e em particular uma candidata a vice do PT.

Para vencer as eleições contra o prefeito Eduardo Braide é preciso uma frente ampla nos moldes da que sustenta a governabilidade do governo Lula, o sectarismo só ajuda na derrota.

Quanto a um palanque do pré-candidato a prefeito de São Luís, Duarte Júnior, com a presença do PT e do PL será a demonstração da capacidade de diálogo entre forças políticas antagônicas do ponto de vista de concepção de economia e de políticas públicas, além de modus operandi. Isso não significa que a frente ampla em torno da pré-candidatura de Duarte Junior vai capitular ao Bolsonarismo e ao neoliberalismo.

O núcleo central da campanha e do programa de governo da pré-candidatura Duarte Júnior deve ser da esquerda e socialista.

São Luís precisa de uma gestão voltada para a garantia de políticas públicas em especial as de mobilidade urbana, bem como, projetos de geração de renda com responsabilidade socioambiental para a população.  São Luís precisa de uma gestão que estimule a participação popular e a defesa do meio ambiente.

Esses desafios necessitam de uma gestão na cidade de São Luís bem relacionada com o governo do estado e o governo federal. Existem desafios que são comuns aos municípios da região metropolitana da Grande São Luís, que envolvem 13 municípios. A cidade de São Luís vai precisar executar os recursos do Novo PAC e sobretudo em obras de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e resíduos sólidos).

Tais desafios necessitam do PT e dos demais partidos da Federação Brasil da Esperança PV e PCdoB. No entanto, só uma frente ampla dirigida por um núcleo democrático e popular será capaz de levar a cabo os programas e projetos que tornem o município de São Luís um espaço sustentável.

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.