(Divulgação)
COLUNA
Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

A sua existência precisa ser recalculada

Imagine acordar na noite escura com um som forte sem saber onde está, o que faz ali ou se está com alguém. Então percebe que o som de um relâmpago no céu escuro dentro do avião indo visitar sua mãe em outro estado.

Dr Hugo Djalma

Imagine acordar na noite escura com um som forte sem saber onde está, o que faz ali ou se está com alguém. Então percebe que o som de um relâmpago no céu escuro dentro do avião indo visitar sua mãe em outro estado. Que alívio, ufa, agora você sabe onde está, em que circunstâncias e o que está fazendo. Afinal, agora tem noção de sua existência no ambiente à sua volta.

Eis a melhor explicação para a consciência: o possuidor de si! O reconhecedor espontâneo como sujeito das próprias experiências. Uma habilidade irrevogável necessária à sobrevivência.

Essa consciência da própria existência também sabe que existem outros seres, coisas, possibilidades de acontecimentos, riscos e recompensas. E seu cérebro calcula tudo o tempo todo.

O interessante mesmo é que computa tudo para a própria sobrevivência. Desde o local em que está, os riscos inerentes, os benefícios e até o potencial das atitudes alheias. Seu cérebro evolutivamente comparador cria previsibilidades e recalcula a própria existência de forma ininterrupta.

Então imagine você aos 40 anos, 20 kg acima do peso e ainda não tem casa própria; encontra o amigo tímido do ginásio que hoje é atleta e tem muito mais dinheiro que você. É inevitável a comparação de si com ele.

Agora pense nas mulheres, a quem evolutivamente a beleza é um dos atributo mais importantes na sobrevivência e seleção.

Você encontra sua amiga de infância quase aos 40 anos e ela parece ter 25 anos com o corpo perfeito. Você não teve filhos ainda, mas nunca priorizou se cuidar, come o que tem na hora dá. Perceba que sentimento surgirá assim que ela virar de costas. Não se julgue se doeu, seu cérebro se comparou automaticamente e possivelmente ativou a ínsula anterior, a área da dor física e emocional.

Em labrador, no Canadá, os índios naskapi são conhecidos por exercerem sua própria essência individual como guias de sobrevivência. Eles chamam de mista´peo o centro organizador de todo comportamento. Resumindo: consideram puro esse centro interno, uma espécie de valorização da própria unicidade existencial. Isso é tao importante para eles que não há qualquer ritual coletivo, nem crenças, nem mestres, nem cerimonias religiosas. São guiados pelo seus centros singularmente individuais.

Esse núcleo da essência de onde emana toda ação reguladora de seu comportamento vem do sistema psíquico self e, quando consciente da sua própria existência chamamos de ego.

Guiando sua sobrevivência existe um espectro entre o quanto significa seu daimon, como os gregos antigos chamavam seu interior essencial, e quanto vale a pena você, no sistema pensativo, calcular tudo de forma consciente. Resumindo: suas “intuições” versus sua opinião evocada.

Após a segunda guerra mundial, a maior ferida na humanidade e no humanismo neste planeta, houve uma re-ação mundial sobre os direitos individuais. Essa ação “compensatória reacionária” evoluiu ao ponto de cada humano ter “direito” de se sentir e ser tratado conforme quis, mesmo contrariando racionalmente as leis imutáveis da biologia. Em miúdos trata-se de teatralizarmos um “palco” de centros organizadores internos com forte interação social exigindo individuação plena. Como se pudéssemos ser o que inventamos ser mesmo que seja psíquica e biologicamente impossível.

Retomando o conceito do self, o ser completo de seu sistema psíquico, é importante saber que conhecer a si mesmo não é apenas uma frase filosófica. Ela representa exatamente o crescimento de sua consciência sobre aspectos que abrangem também sua inconsciência. Significa, para os judeus, aproximar-se de si. Otimizar seu potencial para a revelação de suas atitudes condizentes com sua natureza de forma mais direcional e controlável.

Diante desse cenário, da ciência de que tomamos nossas decisões por bases psíquicas muito mais profundas que nossa própria consciência, alguns pontos simples, mas severamente importantes, podem fazê-lo distanciar de si.

O mais importante ponto de perda de si, acontece quando seu cérebro calcula os troféus de seus ambientes habitados e termina por fazer coisas que sua real natureza não queria. Coisas como beber álcool até perder a consciência para ser “notado” no meio de colegas, gastar o que não tem, vestir o que não gosta ou até desrespeitar seus pais acreditando que seus “amigos” querem realmente seu bem maior.

Tratando-se de revelação individual a si mesmo, é fundamental conhecermo-nos para sabermos exatamente o que queremos, mas principalmente o devemos evitar.

Dessa maneira fica mais fácil visualizar pelo prisma profundo das decisões quando quiser ceder a hedonismos como álcool, pornografia, guloseimas ou outras gratificações imediatas; pequenas, rasas, curtas, mas devassadoras de destinos. São inicialmente baratas com posteriores custos impagáveis: você distante de você!!

Por isso saiba que seu cérebro calcula automaticamente tudo a sua volta para a própria sobrevivência. E quando sua existência estiver comparada a de alguém que projete suas fraquezas, não alimente a inveja ou desejo de malefício alheio. Encare sua essência e recalcule quem você é, pois, não há luz que não venha senão de sua própria escuridão.

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