A importância da segurança energética
Falamos sobre um mundo que volta a se preocupar com segurança energética.
Daniel Yergin é autor de diversos livros, muitos dos quais se tornaram referências nas áreas de energia e economia global. Um deles é "O petróleo: Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro". Esse livro é considerado sua obra-prima e ganhou o Prêmio Pulitzer. Ele traça a história da indústria petrolífera desde o seu início até o final do século 20, cobrindo as batalhas políticas, econômicas e geopolíticas em torno do petróleo.
Um outro mais recente é “O Novo Mapa: Energia, Clima e o Conflito entre Nações” em que Yergin explora como as mudanças na geopolítica da energia, as questões climáticas e as inovações tecnológicas estão redefinindo as relações internacionais e moldando o futuro do planeta. Ele discute como a revolução tecnológica transformou os Estados Unidos no maior produtor de petróleo e gás natural do mundo, alterando o equilíbrio global de energia.
Além desses livros, Yergin escreveu vários artigos e ensaios sobre temas relacionados à energia, economia e política internacional. Um artigo recente é “O retorno da segurança energética”, publicado na S&P Global (em inglês). Os países retomaram esse tema, depois da guerra da Ucrânia X Rússia, que tem causado um choque de realidade para os governantes. Bom lembrar que a poderosa Alemanha teve variação negativa de PIB no ano passado, além de passar a reutilizar o carvão.
A segurança energética é considerada um imperativo fundamental para os países por diversas razões. A primeira é que ela garante estabilidade econômica, já que a disponibilidade de energia a preços acessíveis é essencial para o funcionamento das economias modernas.
O acesso à energia é vital para atender às necessidades humanas básicas, incluindo aquecimento, refrigeração, iluminação e cozinha. A segurança energética garante que as populações tenham acesso a serviços essenciais e possam levar uma vida confortável e produtiva. A falta dela pode levar a agitação social, problemas de saúde e redução geral da qualidade de vida.
Importante lembrar que houve um apagão ano passado no Brasil. Especialistas como Adriano Pires têm chamado a atenção dos gestores para o perigo que é o de investir em fontes únicas de energia e não ter um quadro energético diverso, com várias fontes. Bom relembrar que o Brasil sempre teve uma política de ter matriz energética diversa, ou seja, com múltiplas fontes, como eólica, solar, hidroelétrica ou gás natural.
Como Pires, Yergin defende que as usinas termelétricas a gás natural desempenham um papel crucial na estabilização da rede elétrica, especialmente em sistemas com altas participações de fontes intermitentes de energia renovável, como eólica e solar – cuja aumento na participação na matriz nacional foi celebrado largamente no Brasil, mas que talvez tenhamos que ver com parcimônia.
De fato, Yergin fala que as usinas de gás natural podem aumentar ou reduzir rapidamente para equilibrar a variabilidade da geração renovável, garantindo a confiabilidade da rede e atendendo à demanda de eletricidade mesmo quando as fontes renováveis não estão produzindo em plena capacidade. Essa flexibilidade apoia a integração de energias renováveis e ajuda a manter um sistema de energia estável e resiliente.
Ele também recorda que a segurança energética desempenha um papel significativo na manutenção da estabilidade política dentro dos países e entre regiões. A dependência de fontes de energia externas ou mercados de energia voláteis podem criar riscos geopolíticos e vulnerabilidades. Garantir um aprovisionamento energético seguro reduz a probabilidade de conflitos relacionados com a energia e reforça a segurança nacional
Em conclusão, ele afirma que a segurança energética é um imperativo fundamental para os países, uma vez que sustenta a estabilidade económica, o bem-estar da população, os objetivos climáticos e a estabilidade política. Ao priorizar a segurança energética, os países podem construir resiliência, promover o desenvolvimento sustentável e enfrentar os desafios de um cenário energético em evolução.
Depois do terremoto nas economias que tem causado a guerra Ucrânia X Rússia, o mundo retorna à preocupação concreta da segurança energética. O Brasil também deve pegar no pulso de sua vulnerabilidade energética. Um país com matriz tão diversa como a nossa não deve se dar ao luxo de investir em fontes únicas.
PS. Na última sexta feira, 15, tivemos um grande encontro do Forum dos Governadores da Amazônia, com a presença do Presidente da Petrobras, debatendo segurança energética. Relatarei em um próximo artigo.
*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.
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