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Entrelinhas
José Linhares Jr é jornalista e editor de política no Imirante.com
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O velho Braide contra um novo Duarte

Enquanto prefeito ressuscita postura que o derrotou em 2016, deputado quer exorcizar comportamento que o demoliu em 2020.

José Linhares Jr

A grande disputa política maranhense de 2024 deverá acontecer em São Luís. Salvo os invasores que tentam, e podem, romper a dinâmica esperada, hoje a disputa tende a uma polarização entre o atual prefeito, Eduardo Braide, e o deputado federal Duarte Jr. O pleito é uma repetição do segundo turno de 2020.

RENDENÇÃO?

Na aclamada obra "Os Miseráveis", Victor Hugo tece a narrativa de Jean Valjean, um ex-condenado em busca de redenção. Desafiando adversidades e perseguições do intransigente inspetor Javert, Valjean consegue transformar não apenas a sua vida, mas também a de aqueles que o cercam. A sua trajetória simboliza uma retaliação à sociedade que o marginalizou, realçando sua incansável busca pela redenção.

No caso de Duarte, ele sempre foi o seu próprio Javert. Sua arrogância, comportamento mimado e individualismo extremo marcaram o início de sua carreira política. Se envolveu em desentendimentos desnecessários, acumulou uma quantidade considerável de desafetos e atraiu um grande número de críticos. A superexposição elevou Duarte ao panteão dos políticos mais conhecidos, mas também lhe custou a antipatia do público. Sua derrota em 2020 se deu mais por falta de apoio dos seus aliados do que pela ação do adversário Eduardo Braide.

O fechar das cortinas de 2023 revelou que Duarte, assim como Valjean, distanciou-se de seus vícios buscando a redenção. O Duarte que antes batia o pé e exigia apoio, hoje prefere conquista-lo pela diplomacia e convencimento.

A saída do presidente da Câmara Municipal, Paulo Victor, da disputa foi um divisor de águas da ação de Duarte. Acontecesse poucos anos atrás, Duarte faria duas ou três ligações para alguns figurões exigindo que a base de Paulo o seguisse. Por que? Porque ele queria e pronto.

Em outubro do ano passado a pré-candidatura de Duarte foi anunciada em uma festa que deveria contar com a presença do ministro Flávio Dino, do governador Carlos Brandão e da presidente da Assembleia, Iracema Vale. Nenhum foi. Fosse o Duarte de outros tempos, o chilique seria “tsunâmico”.

As porradas de 2020 ensinaram que o caminho da birra não é o melhor a seguir. Dada a inevitabilidade da saída de Paulo Victor, Diuarte fez um trabaçho junto a outros vereadores que decidiram apoia-lo não por serem puxados “pelo beiço”, mas pela diplomacia do novo Duarte. O “novo” Duarte também engoliu sem chiar a aprendeu a falta das três estrelas no lançamento de sua pré-candidatura e seguiu “fazendo o seu”.

Na reta final de 2023, Duarte foi o pré-candidato que mais conquistou apoios.

PANELA VELHA?

Enquanto Duarte muda, Braide segue sendo o mesmo. Para um número cada vez maior, é o mesmo bastante piorado.

O prefeito virou uma espécie de “eremita político”. Despreza quem o ajudou a perder com dignidade nas eleições de 2016 e quem garantiu a vitória histórica em 2020.

A relação do prefeito com os membros da Câmara de Vereadores é a pior possível. Levando-se em conta de que cada vereador é um representante do povo colocado no cargo para lo representa, não é exagero afirmar que Braide despreza o que o povo quer.

Esse comportamento foi visto nas eleições de 2016. Na ocasião, Braide saiu de menos de 5% nas intenções de voto, superou os favoritos, chegou aos 21,34% e foi ao segundo turno. Lá chegando, recusou apoios e isolou-se na última parte da eleição. Foi presa fácil do prefeito Edivaldo Holanda Jr.

Braide entendeu a situação e, em 2020, decidiu fazer diferente e levantou pontes com vários partidos e líderes. Venceu. Passada a eleição, voltou a ser o Braide derrotado de 2016. Contudo dessa vez, já como prefeito.

Dado o andar da carruagem, a nãos ser que Yglésio, Fábio Câmara ou Neto Evangelista façam o que fez Braide em 2016, a disputa entre o velho Braide e o novo Duarte deve ser inevitável.

De um lado o arrogante que perdeu, deixou de ser arrogante, venceu e voltou a ser arrogante. Do outro, o arrogante que perdeu e deixou de ser arrogante para disputar de novo.

Um velho Braide contra um novo Duarte.

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