(Divulgação)
COLUNA
Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Você acredita demais em seu cérebro e nem sabe disso!!

Bem-vindo ao cérebro automático; ele o precede em milhares de anos e, felizmente, é maior que você.

Dr Hugo Djalma

Você recebeu um link, abriu a página e está, neste momento, lendo este texto por uma base fundamental subconsciente que nem imagina. Conhece pessoas que tem interesses afins, recebe milhares de estímulos externos e os direciona automaticamente para o que deseja focar e fez a maior parte de suas escolhas sem saber que foi completamente influenciado pela facilidade de acesso ou por exteriorização de sua personalidade. Bem-vindo ao cérebro automático; ele o precede em milhares de anos e, felizmente, é maior que você.

Em 1968 Paul Maclean, um médico neurocientista, formulou a teoria do cérebro triuno constituídos pelo reptiliano, o límbico e o neocórtex; cada uma parte correspondendo a uma etapa evolutiva. Segundo ele, nós sapiens, temos o cérebro evoluído desde funcionamento básico dos répteis, como os instintos de sobrevivência, passando pelo límbico onde há emoções primárias e chegando ao cérebro racional atual, construtor de abstrações, de escritas e simulações complexas.

Contestada esta teoria pela divergência de linhagem evolutiva entre mamíferos primários e répteis, o importante é que, independente das origens, os nossos predecessores foram filtrados por estímulos que nos fazem agir e reagir automaticamente na grande maioria de nossas atitudes. Mais da metade de seu comportamento, julgamento e tomada de decisões são feitas sem você perceber. O time que você torce e a alegria que sente quando o adversário perde são instintos tribais e nem adianta explicar para a galera do megadrive que o super nintendo era melhor.

Acontece que toda sua perspectiva de mundo, tudo o que imagina de acontecimentos, presunções e possibilidades são derivados unicamente de sua consciência, e isso é extremamente limitado; há uma diferença abissal entre o que você presume e como as coisas realmente são.

O Nobel de economia em 2002 foi para um psicólogo israelense, Daniel Kahneman, que estudou sobre como o cérebro toma suas decisões. Ele refere que achamos que sabemos tudo sobre determinado assunto para fazermos o que será melhor. Assim você verá homens falindo, escolhendo profissões sem viabilidade de mercado, tomando medicamentos sem indicação médica, condenando seus rivais à morte por amor à justiça de sua própria mente e cometendo atrocidades e suicídios circunstanciais por “achar” demais sobre determinados assuntos.

No livro a estranha ordem das coisas de Antônio Damásio, um dos maiores neurocientista viventes da atualidade, relata que nossos conteúdos mentais, nossos cálculos de riscos, julgamentos de valor e predição de acontecimentos existem sob uma única perspectiva: a sua. 

A forma como você encara o mundo deriva de seu repertório experiencial associado a suas expectativas de futuro. Basta vivenciar circunstâncias parecidas em determinado tema que seu cérebro ativará engramas adormecidos e você achará que sabe tudo sobre tudo. 

É por isso que seu colega frango não contrata personal e acha que sabe treinar, seu primo quebra a terceira empresa e tem certeza que será grande empresário ou seu irmão se casa por amor e pensa que é alma gêmea. 

É importantíssimo que você dê a si a chance de ouvir outras perspectivas (eis a necessidade de uma tribo coesa). Tudo que você pensa sobre o mundo é, no máximo, uma percepção unicamente sua. Seu neocórtex representa somente um grau a mais na escala evolutiva de milhares de anos que o precedem. 

Não caia na falácia da autoridade onde advogados opinam com veemência sobre psiquiatria e youtubers julgam e condenam a vida alheia sem pudor. A consciência humana deseja unicamente preservar sua sobrevivência e para isso ela sempre associa sua existência a qualquer assunto mesmo que erradamente o leve a acreditar demais em si. 

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