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COLUNA
Marcos Silva
Marcos Silva Marcos Silva é assistente social, historiador e sociólogo.
Marcos Silva

Atualidade do manifesto comunista!

Em fevereiro de 1848 publicado pela primeira vez em Londres, o manifesto comunista elaborado por Marx e Engels significou uma ruptura com o movimento liberal tradicional resultante do iluminismo.

Marcos Silva

Em fevereiro de 1848 publicado pela primeira vez em Londres, o manifesto comunista elaborado por Marx e Engels significou uma ruptura com o movimento liberal tradicional resultante do iluminismo. A proposta do manifesto comunista propõe um salto para além das revoluções liberais. Marx e Engels fazem um chamado a construção de uma luta direta em busca da sociedade comunista.

Marx e Engels fazem parecer que o fantasma do comunismo rondava toda a Europa. Declararam os autores que todos os partidos de esquerda e de oposição aos conservadores, sejam, radicais ou moderados eram acusados pelas classes dominantes de comunistas.

Assim, Marx e Engels chegaram às conclusões de que: O comunismo já era reconhecido como força por todas as potências da Europa, além de considerarem que era Tempo de os comunistas exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido.  A revolução burguesa de 1848, “A primavera dos povos” abriu caminho para o fortalecimento da democracia liberal. Ou seja, um importante espaço para o fortalecimento do posicionamento político dos comunistas.

A conquista de um parlamento, a separação do Estado da Igreja, o voto universal. Tal realidade produz a força da democracia liberal. No entanto, é a partir de 1848 que vai ser impulsionado um movimento do proletariado em enfrentamento com a burguesia e o modelo de Estado voltado para o fortalecimento da exploração do trabalho.

Para demonstrar a existência de confrontos entre duas classes antagônicas Marx e Engels afirmam: A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.

Os pensadores afirmam que nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes, gradações especiais.

Marx e Engels demonstram que a burguesia só consegue vencer as crises econômicas pela destruição violenta de uma grande quantidade de forças produtivas (Trabalho humano, destruição dos recursos naturais reproduzindo danos ambientais e Tecnologias). Outra forma é por meio de novos mercados e ampliação da exploração de mais valia. No entanto, tais medidas sempre vão preparar novas crises e em até certo grau mais intensa.

Os empregos são cada vez mais escassos e só aparecem relacionados ao crescimento do capital. O capitalismo é um passo no desenvolvimento humano, uma fase importante e não por acaso os chineses mesmo dirigidos pelo Partido Comunista possuem a compreensão da importância do desenvolvimento do capitalismo enquanto ferramenta de desenvolvimento nacional. É tolice de qualquer ativista de esquerda afirmar que a China é socialista e muito menos comunista. Também é tolice ainda maior condenar os comunistas chineses por perseguirem o desenvolvimento econômico nacional.

OS COMUNISTAS E SUA RELAÇÃO COM OS TRABALHADORES

Para Marx e Engels os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos outros partidos operários. Não têm interesses que os separem do conjunto dos demais trabalhadores. Não proclamam princípios particulares, segundo os quais pretendiam modelar o movimento operário.

Os comunistas só se distinguem dos outros partidos da classe trabalhadora em dois pontos:

  1. Nas diversas lutas nacionais dos trabalhadores, destacam-se e fazem prevalecer os interesses comuns da classe trabalhadora, independentemente da nacionalidade; b) Nas diferentes fases por que passa a luta entre trabalhadores e burgueses, representam, sempre e em toda parte, os interesses do movimento em seu conjunto.
  2. Os comunistas para Marx e Engels constituem uma fração da classe com maior dedicação à compreensão das tarefas táticas e estratégicas da classe trabalhadora para a luta revolucionária.

O caminho para a classe trabalhadora é uma batalha permanente de massas no movimento social de forma direta ou ao mesmo tempo ocupando espaços na institucionalidade estatal para garantir pouco a pouco a construção de uma nova ordem societária, sem explorados e nem oprimidos. Essa sociedade é produto da luta revolucionária que em algumas circunstâncias se dá de forma violenta e de outra pela forma lenta na expansão do controle social sobre a política e economia que consolida o domínio da classe trabalhadora e de segmentos explorados e oprimidos assumindo o poder do Estado.

As propostas levantadas no manifesto comunista em 1848 não só impulsionaram lutas por reformas no mundo do trabalho como também revoluções que transformaram o destino da humanidade.

Discutir a atualidade das ideias de Marx e Engels é avaliar se as bandeiras de luta expostas em 1848 continuam atuais, assim vejamos:

  1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado.
  2. Imposto fortemente progressivo.
  3. Abolição do direito de herança.
  4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos.
  5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo.
  6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.
  7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.
  8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
  9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo.
  10. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material etc.

Para Marx e Engels na medida que os trabalhadores venham a eliminar o antagonismo existente entre a produção social da riqueza e a apropriação privada. Pois também vão desaparecer os conflitos existentes entre as classes sociais. Portanto, a existência de classes sociais diferenciadas é parte do processo de acumulação da riqueza socialmente produzida e apropriada por grupos sociais minoritários em detrimento das necessidades de uma maioria trabalhadora.

A busca das privatizações atende a necessidade de expansão na produção de mais valia para o capital. Assim é importante também a produção cada vez mais de elementos destruidor de forças produtivas. Homem, Mulher, natureza e Tecnologia em um permanente ambiente de conflitos.

Recomendamos a leitura das obras de Marx e de Engels entre elas “O Manifesto Comunista”, “O Capital” e “A Ideologia Alemã". Tais leituras ajudam a compreender o funcionamento da sociedade capitalista e as expressões da questão da questão social.

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