Um dia vou me cuidar. O eterno adiamento e a felicidade como linha de chegada
Certamente você conhece alguém que começará emagrecer ou treinar quando voltar do feriado ou se mudar ou tiver dinheiro para personal. Todos sentem um reforço positivo quando contam para si suas próprias historinhas de convencimento.
A forte ilusão da infinitude e a certeza da felicidade como linha de chegada são as duas grandiosas falácias que mais acometem a maioria das pessoas.
Ambas influenciam as decisões diárias e adiam atitudes úteis por coisas fáceis, mais imediatas e desejosas.
Certamente você conhece alguém que começará emagrecer ou treinar quando voltar do feriado ou se mudar ou tiver dinheiro para personal. Todos sentem um reforço positivo quando contam para si suas próprias historinhas de convencimento.
A ideia que sempre teremos tempo para fazermos algo é a mãe da procrastinação: depois eu faço, deixa para a próxima, quando fizer será de uma vez.
Acredite, não haverá tempo; a água do rio nunca é a mesma.
O fato é que somos evolutivamente movidos por buscar recompensas, uma necessidade que deve ser controlada. Caso contrário ela o escravizará.
Conseguir vantagens com mais recompensas e menos esforços ou explorar novidades sempre nos moveu para adaptações à sobrevivência.
O sistema dopaminérgico de recompensas faz você ter mais empolgação em novidades e coisas desconhecidas. Estudos com fósseis mostram que os sapiens mais distantes do berço da humanidade, a áfrica, tinham mais respostas dopaminérgicas, portanto, mais movidos às curiosidades e explorações.
A mente voltada para o “futuro melhor” é vantajosa até certo ponto. Ela provavelmente conseguirá ir mais longe, mas seu modelo mental não reconhecerá a linha de chegada e criará, no segundo seguinte, outra meta imaginária.
Inocente passageiro da vida, sempre na cabine errada que ele mesmo elegeu.
Já o conceito de felicidade foi criado unicamente pelos sapiens e, acredite, nos causa uma imensa dicotomia com a real prioridade do humano, a sobrevivência.
O próprio conceito sobre ser feliz é confundido por estar alegre; completamente diferentes. O hedonismo acaba por iludir os mais afoitos, vivendo a perpétua euforia. O mais próximo de felicidade seria uma espécie de tranquilidade da alma, bem plausível pelo controle das emoções.
Aliás, existe mesmo um ponto de quietude e realização? Sim, mas não como você imagina. Há uma enorme distância entre o que você quer e o que realmente precisa. Somos insondáveis e naturalmente insaciáveis.
E o que isso tem com emagrecer? Simples, ter saúde é dinâmico, instável e trabalhoso. Somos expostos às infinitas condições externas e mesmo que você perca peso, sempre vão existir próximas montanhas a serem escaladas.
O ponto de inflexão fica exatamente no equilíbrio entre onde você está e para onde quer ir.
Portanto, a ideia do amanhã sempre será válida desde que seu presente o tenha presente. Desde que suas tônicas não deixem de enxergar o hoje para valorizar o amanhã na sua eterna busca da chegada.
Algumas vezes adiar é a melhor opção. Mas deixar para depois também pode ser a última chance. Há tempo para todo propósito debaixo do céu, inclusive para fazer nada ou agir.
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