(Divulgação)
COLUNA
Marcos Silva
Marcos Silva Marcos Silva é assistente social, historiador e sociólogo.
Marcos Silva

Ciência política um instrumento de formação para a democracia e o socialismo

A história humana demonstra a impossibilidade de se pensar em um mundo humanizado sem a existência da política.

Marcos Silva

Atualizada em 23/08/2023 às 10h40

A história humana demonstra a impossibilidade de se pensar em um mundo humanizado sem a existência da política. De tal maneira que um dos maiores pensadores já existentes na história do conhecimento humano, Aristóteles, afirmou que “o homem é um ser detentor de natureza política e social”. Não por acaso o Mestre Platão discípulo de Sócrates não cassava de afirmar que “sua Escola, Academia de Atenas, se resumia ao corpo dos alunos e ao cérebro de Aristóteles” (ARISTÓTELES, 2019).

Aristóteles entendia que a felicidade humana se expressava em fazer o bem para o outro. Portanto, justificava o homem como um ser social e político. O autor ainda afirmava que a existência do Estado tinha como objetivo construir o bem-estar social dos governados. Além do mais, a democracia era o regime que favorecia a que cada homem praticasse suas melhores capacidades e a plena manutenção da felicidade. A ditadura para Aristóteles era um regime cruel e que colocava os interesses de poucos se sobrepondo aos interesses da maioria (ARISTÓTELES, 2019).

A teoria política é parte das Ciências Políticas e investiga as formas de organizações que edificam determinadas sociedades, as formas de governos e os partidos. Além dos movimentos organizados formalmente e informalmente.

A teoria política colabora para as análises críticas da formação social e busca mostrar as diferentes correntes de pensamento que influenciam em um ambiente social, econômico e político.

De maneira que o grande desafio humano é a construção cada vez mais do bem-estar social. Ou seja, encontrar a formação social e econômica que possa garantir o desenvolvimento das forças produtivas em uma visão marxista, ou a eficiente operação dos fatores de produção na visão neoclássica.

A política surge para resolver conflitos e evitar guerras. Claro que a formação política de uma sociedade é caracterizada pela sua evolução organizativa, ou retrocesso. De tal forma que a política não faz milagres. Por meio da política se decide o caminho para o bem-estar e a preservação dos recursos naturais, ou para o colapso social, humana e ambiental. Do ponto de vista da segurança, da economia e das políticas públicas é imprescindível a compreensão das teorias políticas.

No entanto, a política não é um trilho em linha reta. Pois não existe uma fórmula ou uma receita única. Não por acaso a civilização mesopotâmica é marcada por sucessivas experiências de poder e com uma diversificação de povos dominantes. O formato de escolha dos dirigentes nas primeiras civilizações da mesopotâmia sempre foi análogo a monarquia e com uma divisão de classe entre os que tinham privilégios e os que eram escravizados para o trabalho.

Imagine os Faraós no Egito que além de chefe militar era chefe de governo, de justiça e chefe divino. Ou seja, se considerava o próprio deus vivo. Embora existisse o nomarca, uma espécie de governador regional com a autoridade local. No entanto, a última palavra era do Faraó. A conquista da democracia e das liberdades de fazer política é uma luta mais extensa que o curso do rio Amazonas, que percorre das cordilheiras dos Andes no Peru, ao norte brasileiro na baia do Marajó, onde faz a foz, o encontro com o Oceano Atlântico.

No caso da civilização hebraica marca o surgimento da religião monoteísta e a ideia de que os monarcas devem obedecer aos anseios do povo. Pois tiramos algumas lições. A primeira é o uso da religião para formatar doutrinas políticas e econômicas. A segunda é que as transformações sociais são frutos das experiências históricas. Ou seja, não se transforma o que não se conhece.

Em Roma temos o aprendizado do período dos monarcas passando posteriormente pela República com o senado e finalmente com a ascensão do Império Romano até a queda, em 476 d.C. Pois tais experiências ajudam a Ciência Política no desenvolvimento do aprendizado sobre Estado e elementos contidos nas teorias políticas, um olhar para a democracia e o autoritarismo.

Agora é na experiência de Atenas na Grécia que vamos aprofundar o conceito de democracia enquanto governo de todos que possuíam a cidadania grega.

Sem participação dos gregos na construção dos saberes em particular o pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles, o mundo atual não chegaria a conhecer valores democráticos, de justiça social e ética. Não por acaso o Renascimento se caracteriza por alguns pensadores também pela retomada do pensamento greco-romano.

A democracia nasce na Grécia como forma de mobilização social dos que estavam com direito à cidadania. Embora com limitações em função de manter segmentos excluídos do direito à opinião e a construção das ideias. No entanto, com o passar da história humana se avançou para construção de sistemas democráticos, a exemplo do liberalismo que resultou na ruptura com a sociedade teocrática e abriu caminho para a sociedade antropocêntrica liberal.

As revoluções burguesas de meados do século XVII na Inglaterra abrem rumos para a destruição do modo econômico que sustentava a nobreza, o feudalismo. 

As bases para estes acontecimentos têm vínculos diretos com as mudanças na estrutura da economia. A revolução americana e francesa no século XVIII são expressões de um processo de abandono de uma ordem social e econômica prisioneira de um pensamento teocrático em favor de um pensamento que nasce para garantir as liberdades para os que dominavam a nova economia, o capitalismo.

Na terceira quadra do século XIX, o capitalismo passa a ganhar contornos monopolistas com o surgimento do capital financeiro como forma de expansão da acumulação de riquezas. O dinheiro passa a ser a principal mercadoria, a mercadoria que compra todas as demais. Até os dias atuais o autor que melhor explica o funcionamento da economia capitalista é Marx e Engels. As obras: “O Capital”, “Ideologia Alemã” e o “Manifesto Comunista” ajudam a desvendar a sociedade capitalista. No entanto, são produções criminalizadas em muitos países, ou endiabradas pelos segmentos capitalistas e principalmente pelos fascistas e “conservadores”.

Pois Marx explica que no capitalismo o trabalho é social, e a riqueza produzida pelo trabalho social é apropriada de forma privada. Essa lógica produz a Questão Social, as desigualdades que vão gerar expressões da questão social.

Concentração de riqueza nas mãos de poucos e pobreza para muitos.

Compreender o significado de uma sociedade comum, ou seja, comunista não é um fácil estudo. Pois até entre os estudiosos marxistas é um tema em aberto.

No mais, se sabe que na sociedade capitalista o trabalho é social e a riqueza também é produzida de forma social. No entanto, ainda existem muitas dúvidas de como consolidar uma sociedade plenamente comum. Diz-se que a sociedade comunista é uma evolução humana. É a sociedade onde as pessoas terão plena emancipação.

A sociedade socialista é comumente confundida simplesmente pelo processo de estatização dos meios de produção. Diga se de passagem a ideia de que o simples fato de ter ramos de atividades econômicas explorados por organizações públicas já seria um sinal de socialismo. Entretanto, outros autores afirmam que o socialismo é produto do fortalecimento da democracia e do desenvolvimento nacional.

As correntes de esquerda estão divididas entre diversas concepções políticas de como formatar o Estado e a economia. Entre segmentos de esquerda a que prevalece atualmente é uma espécie de social liberalismo, ou social estatizante. Existem segmentos de esquerda que defendem a construção do socialismo por dentro das instituições da democracia burguesa.

Outros esquerdistas defendem a revolução direta conduzida por segmentos da classe trabalhadora, com independência de classe e autonomia. O certo é que a luta contínua por bem-estar social passa pelo fortalecimento das concepções socialistas na sociedade.

A questão chave nos desafia a entender que devemos fortalecer os processos democráticos para tomarmos todo o cuidado em não fortalecer os sentimentos neofascistas. Então, temos que apostar na capacidade de fortalecimento do pensamento socialista na sociedade e a busca pelo desenvolvimento nacional como trilhos para uma sociedade, sem explorados e nem oprimidos. 

Saiba quem disputa as eleições em São Luís.

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.