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COLUNA
Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

A Psiquiatria, o social e a cultura

Em Psiquiatria, temos uma vasta e complexa rede de transtornos ou doenças mentais que afetam as pessoas e suas relações sociais e culturais de diferentes maneiras.

Ruy Palhano

Historicamente O termo "psiquiatria" foi cunhado por Johann Christian Reil, um médico alemão, em 1808. Ele combinou as palavras gregas "psyche" (mente) e "iatreia" (cura) para formar a palavra "psychiatrie", que posteriormente foi traduzida para "psiquiatria" em outras línguas.

Reil usou esse termo para descrever uma nova área da medicina que se concentrava no estudo e tratamento dos transtornos mentais. A partir desse momento, o termo "psiquiatria" começou a ser amplamente utilizado para descrever a disciplina médica que se dedica ao estudo, diagnóstico, tratamento e prevenção dos transtornos mentais. Desde então, a psiquiatria evoluiu consideravelmente e continua a desempenhar um papel essencial na saúde mental e no bem-estar das pessoas.

Portanto, a Psiquiatria é uma especialidade médica, dedicada ao estudo, diagnóstico, tratamento e prevenção dos transtornos mentais e por transtorno mental, também conhecido como doença mental ou distúrbio psiquiátrico, é uma condição caracterizada por alterações significativas no pensamento, emoções, comportamento e funcionamento geral de uma pessoa. 

Essas alterações podem afetar a maneira como uma pessoa pensa, sente, se comporta e interage com os outros, causando sofrimento e impacto negativo em várias áreas da vida. Embora a psiquiatria tenha uma base científica sólida, é importante reconhecer que os aspectos culturais e sociais desempenham um papel significativo na compreensão e abordagem dos transtornos mentais.

Pelo fato da matéria prima da psiquiatria ser distúrbios no comportamento das pessoas os aspectos culturais exercem um papel altamente relevante na manifestação desses transtornos. Aspectos culturais referem-se às crenças, valores, normas e práticas de um determinado grupo cultural. Portanto, a cultura pode influenciar a forma como os transtornos mentais são compreendidos, expressos e interpretados. Por exemplo, certos transtornos podem ser mais aceitos ou estigmatizados em diferentes culturas. A sensibilidade cultural é fundamental na psiquiatria para garantir que a abordagem seja adequada e respeitosa em relação aos pacientes de diferentes origens culturais.

Os aspectos sociais também são relevantes na psiquiatria, pois os fatores sociais, como a família, o ambiente de trabalho, a condição socioeconômica e a discriminação, podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento e curso dos transtornos mentais. Os determinantes sociais da saúde mental, como o acesso a cuidados de saúde mental, o suporte social e as condições de vida, podem influenciar o bem-estar psicológico das pessoas. Além disso, a estigmatização social dos transtornos mentais pode ter um impacto negativo nas pessoas que os vivenciam, levando ao isolamento, discriminação e dificuldades adicionais.

Portanto, a psiquiatria contemporânea reconhece a importância de considerar os aspectos culturais e sociais na avaliação e tratamento dos transtornos mentais, fazendo com que os profissionais desta área adotem atitudes médicas que leve em consideração a diversidade cultural e as experiências sociais dos indivíduos. 

Em Psiquiatria, temos uma vasta e complexa rede de transtornos ou doenças mentais que afetam as pessoas e suas relações sociais e culturais de diferentes maneiras. Essas doenças são condições médicas legítimas e não resultam de fraqueza pessoal ou falta de caráter. Elas podem ter várias causas e etiopatogenias: genéticos, biológicos, ambientais e psicossociais e assim por diante.

O diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais geralmente são realizados por profissionais de saúde mental, como psiquiatras, psicólogos e outros profissionais treinados. O tratamento pode incluir uma combinação de terapias, médicas, psicológicas e sociais, as quais são em geral combinadas para se lograr êxito nos tratamentos. As psicoterapias, são indicadas mediante a indicação clínica. A utilização de medicamentos denominado de psicotrópicos, representa outra estratégia altamente importante no manejo dos tratamentos indicados a esses enfermos.

A terapias sociais ou de suporte social que focalizam a reabilitação dos enfermos social e psicologicamente, são estratégias, em geral recomendadas no curso natural dos tratamentos em Psiquiatria, uma delas, atualmente muito recomendada é o de mudanças no estilo de vida. Devemos considerar que cada transtorno mental é único e requer uma abordagem individualizada para o tratamento adequado.

A psicofarmacoterapia, que envolve a utilização de medicamentos para tratar diferentes transtornos mentais é uma área promissora na psiquiatria moderna. Por exemplo, a descoberta de medicamentos psicotrópicos é um marco importante na psicofarmacoterapia. Por exemplo, a descoberta dos antipsicóticos na década de 1950 revolucionou o tratamento da esquizofrenia e de muitas outras doenças mentais, permitindo o controle dos sintomas psicóticos das mesmas.

            Desenvolvimento de antidepressivos, como como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), na década de 1980. Os avanços na utilização dos estabilizadores de humor, tais como o lítio e certos anticonvulsivantes, são essenciais no tratamento do transtorno bipolar. Avanços no tratamento dos transtornos de ansiedade, com o advento de medicamentos específicos para tratar estes transtornos, especialmente, os benzodiazepínicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). 

A descoberta de antipsicóticos atípicos, os mais recentes e que apresentam menos efeitos colaterais motores em comparação com os antipsicóticos típicos mais antigos, foi outro grande avanço na Psiquiatria nos últimos anos. 

Farmacogenética, uma área em crescimento na psicofarmacoterapia, que estuda como os fatores genéticos podem influenciar a resposta individual aos medicamentos psicotrópicos. Essa, como outras abordagens, busca personalizar o tratamento, identificando marcadores genéticos que podem ajudar a prever a eficácia de determinados medicamentos e a probabilidade de efeitos colaterais.

          Esses avanços na psicofarmacoterapia têm contribuído para melhorar o tratamento e o bem-estar dos indivíduos portadores de transtornos mentais. No entanto, é importante ressaltar que a prescrição de medicamentos deve ser feita por profissionais de saúde qualificados, levando em consideração a avaliação clínica individual e os benefícios e riscos associados a tais prescrições.

 

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