Artigo

Dia Mundial da Água

Principal objetivo da data é conscientizar as pessoas sobre a necessidade do uso racional da água.

Professor Dr. Gilmar Silvério da Silva

No Brasil, infelizmente, apenas 55% da população possui tratamento de esgoto considerado adequado.
No Brasil, infelizmente, apenas 55% da população possui tratamento de esgoto considerado adequado. (Foto: Arquivo/O Estado)

A água é fundamental para a vida e para os ecossistemas em nosso planeta. As civilizações humanas nasceram às margens dos grandes rios. Da agricultura, há 12.000 anos atrás, até as fábricas de hoje, a água correu pelas veias da história e possibilitou o surgimento da civilização global. Da África, o Homo sapiens – nossa espécie-, surgido há mais de duas centenas de milhares de anos, espalhou-se pelo planeta. Seu crescimento foi desigual no tempo e no espaço. Atingiu a quantia de 1 bilhão de habitantes somente por volta de 1800 d.C e, atualmente, no intervalo de 223 anos, alcançou a surpreendente marca de 8 bilhões de habitantes. Um incrível aumento de 7 bilhões em apenas dois séculos. Por certo, os impactos sobre os recursos naturais do planeta Terra são imensos.

Em 2011, a Organização das Nações Unidas – ONU, reconheceu o acesso à água limpa e segura como um direito humano. Infelizmente, estima-se que existam cerca de 2,1 bilhões de pessoas estão privadas deste direito fundamental. Esta vulnerabilidade hídrica está associada à pobreza e condena grandes populações a uma vida miserável. Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o de número 6 (ODS 6), trata especificamente da questão hídrica, a saber: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. O ODS 6 é formado por metas a serem atingidas até 2030. A primeira meta estabelece o acesso universal e equitativo à água para o consumo humano, segura e acessível para todos. No Brasil, cerca de 38 milhões de brasileiros (aproximadamente 17,5% da população) não tem acesso à água tratada, enquanto na região Nordeste este valor está na ordem de 26,5%.

Estreitamente ligado à questão da segurança hídrica está o saneamento básico, que é o conjunto formado por esgotamento sanitário, limpeza urbana, resíduo sólido, manejo de águas pluviais urbanas e abastecimento de água potável. No Brasil, infelizmente, apenas 55% da população possui tratamento de esgoto considerado adequado. No Maranhão, este índice é de apenas 4%. Esgoto que chega aos nossos córregos, rios e águas costeiras, comprometendo os usos das águas, para o turismo, por exemplo, além das doenças de veiculação hídrica.

Embora o Brasil seja abundante em águas, pois abriga 12% da água doce do planeta, este bem comum não é distribuído homogeneamente, levando a escassez quantitativa em regiões de alta densidade populacional. Além disso, fatores como aquecimento global e desflorestamento da Amazônia ameaçam o ciclo e o regime de chuvas no mundo e em nosso país. O cenário não é de pânico, mas de alerta. Nesta direção, a ONU criou o Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, cujo principal objetivo é conscientizar as pessoas sobre a necessidade do uso racional da água e que o futuro das próximas gerações e da vida na Terra dependem das decisões tomadas hoje. Uma população mais consciente tem maior poder de decisão sobre as políticas públicas bem como de cobrança sobre as ações e resultados concretos do setor público e privado. Além destas cobranças, cabe a nós, enquanto cidadãos, zelar pelo consumo adequado em nossas casas, evitando desperdício. O Dia da Água é Mundial, pois o ciclo hidrológico une a humanidade através dos cursos de águas pelos continentes, oceanos e atmosfera.

As metas do ODS 6 - garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos - são audaciosas e fundamentais. Elas vão desde a minimização do desperdício, a proteção e restauração dos ecossistemas relacionados com a água, a promoção da gestão integrada dos recursos hídricos até o aumento da eficiência do uso da água. Para atingirmos estas metas é importante a participação da mídia, das instituições de ensino e pesquisa, do governo e do cidadão. A informação e a participação são fundamentais para que possamos gerir de modo sustentável os recursos hídricos. Não podemos nos omitir perante tão grande desafio. Salve a água e a vida!!!

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