Universidade a serviço do Povo
A importância da universidade brasileira no combate à fome e fortalecimento da democracia.
Que papel a universidade tem no desenvolvimento nacional? Como ela tem respondido às demandas e dialogado com a sociedade? Como ela se prepara para a realidade imposta pela revolução tecnológica que vivemos? Como ela tem respondido à transição energética? Quanto de seu tempo e programas são dedicados ao combate à fome ou a erguer aqueles que estão abaixo da linha de pobreza?
As perguntas merecem respostas muito profundas, mas vamos tentar pontuar cada questão, por partes. Em relação ao desenvolvimento nacional, há algo fundamental que gostaria de assinalar. O Maranhão é tão extenso quanto à Itália, que tem 61 universidades públicas, 30 universidades particulares e 11 entes públicos de pesquisa. Enquanto isso, o Brasil, talvez por questões econômicas, procedeu no modelo de uma universidade com vários campi.
Se no mundo inteiro as universidades têm sido espaço de ideias é porque a evolução delas foi fundamentalmente local: basicamente, em cada espaço, uma universidade. Em minha vida acadêmica, fui convidado a palestrar algumas vezes em um grupo que é formado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Harvard, ambas forças poderosas do planeta, ambas instaladas na cidade de Boston (foto). Mas cada uma com suas visões e missões. Claro, este é só um de centenas de exemplos para ilustrar.
Sempre disse que a Universidade tinha de ficar atenta ao que os especialistas chamam de Revolução 4.0, que é o que presenciamos hoje. Sempre falei também que a tecnologia é desestabilizadora da História. Ela avança e transforma a sociedade! De fato, o cenário aponta para o fortalecimento das chamadas “tecnologias disruptivas”, que suplantam, em $$$, os produtos derivados de petróleo – que dominaram o planeta basicamente por mais de um século! Hoje uma das vedetes é a inteligência artificial, por exemplo.
Na semana passada, tive o prazer de receber Walter Canales, reitor da UEMA, e Natalino Salgado, reitor da UFMA, na GASMAR. Os gestores das maiores universidades do Maranhão estão atentos ao setor que revolucionará o Maranhão, sob o comando do Governador Carlos Brandão. O território de nosso Estado está dentro da Bacia do Parnaíba, hoje produzindo gás para alimentar o Brasil. Para 2024, temos R$ 2 bilhões em projetos para alimentar São Luís, via Vale, e Imperatriz, via Suzano, em iniciativas da Eneva com distribuição da Gasmar. E, claro o tão esperado gás veicular!
Na agenda dos reitores, está também a Margem Equatorial, a maior fronteira exploratória do planeta em águas profundas. Afinal, o litoral inteiro do Maranhão é ocupado por duas bacias: Pará-Maranhão e Barreirinhas. Em outra ponta, a energia eólica e solar darão guarida para a geração de energia elétrica ou, em outra quadra, o hidrogênio verde, respondendo às demandas da transição energética. Qual outro Estado tem essa oportunidade? Qual outro país tem esse futuro?
Mais ainda, no último 14 de janeiro, o jornal O Estado de São Paulo fez editorial enfatizando a iniciativa da USP em constituir um instituto de pesquisa especificamente para o combate à fome. Os chamados Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) são iniciativas do Governo Federal. Ademais, “o novo Ministro da Educação, Camilo Santana, e a Ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, indicam um sentido de recuperação do investimento nas universidades públicas federais, institutos de pesquisa e agências de fomento”.
Ora, se de um lado, a informação está se impondo como força planetária, ela não prescinde da energia para a sua concretização. E, em que lugar do planeta alguém com fome consome energia? A transição energética e suas políticas claramente inclusivas não pode deixar os miseráveis e os que não comem minimamente três refeições por dia do lado de fora!
Vamos ser um pouco mais explícitos: em que lugar do debate da mudança climática está a fome? Por que pergunto? O princípio de uma é o mesmo da outra: a sobrevivência humana. Não há como ter políticas públicas que garantam a sobrevivência de alguns que consomem energia e que querem saber qual é essa energia - se petróleo ou solar - e esqueça de outros que nem essa oportunidade têm! Ora!
O caminho o Brasil já sabe e já tem demonstrado ao planeta – na prática, como fazer: aliar as novas formas de energia com as tradicionais. Aliás, é o que o mundo inteiro está fazendo, inclusive as economias em crise de energia como a poderosa Alemanha, que retornou com o consumo de carvão mineral.
Por último, mas não menos importante, creio que esses movimentos científicos e educacionais naufragarão sem a defesa da democracia e da universidade! Que seria desta sem aquela? Sócrates sem a Ágora? Foi nela, como aluno ou professor, que formei o gosto pelo debate – em muitos casos sofrendo agressões gratuitas de intolerantes, que não conseguem conviver com posições distintas. A universidade é uma expressão ipsis litteris da sociedade: seus conflitos são reproduzidos nela, ainda que de maneira relativa e mediada.
Enfim, para não cansar você, porque esta é uma crônica e não um texto acadêmico: o presidente Lula tem histórico de expansão das universidades. Eu particularmente creio que haja espaço para três ou quatro novas universidades federais no Maranhão. Mas hoje tenho a convicção que está madura a gestada pelo eixo Imperatriz-Balsas-Grajaú. Será a primeira a ser inaugurada pelo presidente da república neste mandato! O que testemunho: o movimento está grande e com imensa adesão!
Ademais, o governador Carlos Brandão tem apontado para um maior protagonismo dos organismos de educação e pesquisa em que as universidades maranhenses colaborem na elaboração de políticas públicas para o desenvolvimento econômico, social e bem-estar da nossa população. Por um lado, investimentos em gás, petróleo e hidrogênio verde. De outro, forte agenda social. Vide os restaurantes populares, que ele é apaixonado!
Enfim, os governos Lula e Brandão estão afinados na estratégia de desenvolvimento da universidade e no seu encontro com o futuro!
*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.
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