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Benedito Buzar é jornalista e historiador.
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Cartas históricas de Tancredo e de Sarney na coluna do Benedito Buzar

Benedito Buzar

Atualizada em 02/05/2023 às 23h38
Tancredo e Sarney comemoram a eleição pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985
Tancredo e Sarney comemoram a eleição pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985 (divulgação)

Tancredo Neves submeteu-se a uma campanha bastante exaustiva, quando concorreu às eleições indiretas à Presidência da República, tendo como companheiro de chapa, o senador José Sarney.

Na véspera da posse de ambos, a 15 de março de 1985, Tancredo Neves, que já vinha sofrendo fortes dores abdominais, foi surpreendido numa cerimônia religiosa por uma violenta crise, que o levou a ser internado às pressas no Hospital de Base, em Brasília.

Tancredo só concordou a ser internado e operado se tivesse a garantia de que o vice, José Sarney, seria empossado no cargo sem a resistência ou o veto da dos militares da chamada linha dura, que não viam o político maranhense com bons olhos, operação essa conduzida e desmontada pelo deputado Ulisses Guimarães, presidente da Câmara federal, e pelo chefe da Casa Civil do presidente João Figueiredo, Leitão de Abreu.

Como o estado de saúde de Tancredo agravou-se, teve de ser transferido a 26 de março de 1985 para São Paulo, internando-se no Hospital Sírio-Libanês.

Antes de ser removido para a capital paulista, Tancredo, teve ainda forças para no dia 23 de março, fazer uma carta a José Sarney, na qual revelava a confiança que nele depositava à frente dos destinos do País.

Eis a carta: “A Nação está registrando o exemplo de irrepreensível correção moral que o prezado amigo transmite no exercício da Presidência da República.

“Na política, o exemplo é mais importante que o discurso. O discurso é efêmero pela sua própria natureza; o seu efeito termina com a leitura de sua divulgação por mais oportuno e eloquente que seja ele.

“O exemplo, ao contrário, contribui para a construção ética da consciência do nosso povo, que na solidariedade tem demonstrado e tem me dado forças para superar estes momentos.

“O seu exemplo, Presidente Sarney, ficará memorável em nossa história. Um cordial abraço para Marly”.

A 25 de março, José Sarney, no exercício da Presidência da República, no mesmo tom, com franqueza e carinho, encaminhou esta carta ao amigo Tancredo Neves.

“Seu generoso julgamento é motivo de grande orgulho. Melhor recompensa minha modesta vida pública não poderia ter.

“Tenho o seu exemplo de idealismo, honradez, inteligência, sofrimento e humildade para inspirar-me nestes momentos difíceis que, graças a Deus, estão passando. Espero, assim, cumprir com o meu dever.

“Eu, Marly, Roseana, minha mãe e todos da nossa casa, irmanados às famílias brasileiras, estamos orando e fazendo votos pelo seu breve restabelecimento.”


Do real para o virtual

Na minha modesta vida de jornalista, começada na metade da década de sessenta do século passado, sempre militei na imprensa gráfica, razão pela qual sou adepto fervoroso do jornal impresso.

Ao longo desse tempo, confesso, nunca admiti conviver com qualquer jornal ou livro que não fosse o produzido em papel.

Ao final da minha vida, estou vendo e com tristeza a comunicação gráfica dar os últimos suspiros e ser substituída por outro tipo de informação social, mais avançada em termos tecnológicos, em função da onipresença da internet, que chegou para ficar e ocupar o lugar de coisas que eu imaginava serem perenes e indestrutíveis como o jornal impresso em papel.

Como tenho pela internet uma absurda rejeição, não sei se serei capaz de a ela adaptar-me ou ajustar-me. Vou fazer um ingente esforço nesse sentido, tendo por lema uma antiga peça de teatro, da autoria de Antônio Bivar, com este quilométrico nome: “O começo é sempre difícil, Cordélia Brasil, vamos tentar outra vez.”

O bicho de Manuel Bandeira

Nestes tempos de Bolsonaro, em que o povo está comendo o pão que o diabo amassou, não custa lembrar o poema “O Bicho”, do grande vate pernambucano, Manoel Bandeira.

“Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre detritos.

“Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade.

“O bicho não era um cão. Não era um gato. Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”.

Festa literária de Itapecuru

Quem gosta ou aprecia a cultura, não deve perder a IV Festa Literária, que se realiza na minha cidade, promovida pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

Sem contar com recursos de vulto, a AICLA, pelo quarto ano seguido, mostra que sabe promover eventos culturais diversificados e de interesse do povo maranhense.

O ponto alto do acontecimento literário foi a presença e a palestra do escritor e professor de Sociologia da Unicamp, Mateus Gato, que recentemente lançou em São Paulo o livro Massacre dos Libertos, sobre a obra do poeta maranhense Astolfo Marques.


Fernanda Montenegro na ABL

Recentemente, a Academia Maranhense de Letras recebeu uma pancadaria de críticas porque elegeu o governador Flávio Dino membro da instituição, como se ele não tivesse requisitos morais e culturais para dela fazer parte.

Os que assim pensam, não sabem que a Academia Brasileira de Letras acaba de eleger a atriz Fernanda Montenegro para fazer parte da mais importante Casa da cultura nacional.

Como é sabido, a nova acadêmica não tem livro escrito e publicado, mas merece fazer parte daquela Instituição por ser uma das mais cultas e preparadas artistas do Brasil.

Que papelão!

Nunca, em nenhum momento da vida do nosso país, um presidente da República se comportou de modo tão vergonhoso como Jair Bolsonaro, em Roma, onde teria ido participar da cúpula do G-20.

O presidente brasileiro foi um ilustre ausente do evento, marcando a sua participação como triste e apagada.

Bolsonaro em nenhum momento se fez presente em alguma discussão sobre a questão ambiental do Brasil, limitando-se apenas em fazer turismo na Itália às custas dos recursos públicos.

Um ignorado governador

Afinal, o que veio fazer em São Luís, na semana passada, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite?

Como virtual candidato do PSDB a presidente da República, nas eleições de 2022, sua primeira visita ao Maranhão não deveria ter sido tão fugaz e apagada, mormente porque pretende disputar o mais importante cargo público do país.

Pelo visto, a presença do governador gaúcho em terras maranhenses só teve uma finalidade: saber se o vice-governador, Carlos Brandão, o apoiará na convenção do PSDB.

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