SÃO LUÍS – Amarelo, branco, roxo, cor-de-rosa. Não importa a cor, eles são um espetáculo a parte onde quer que se desenvolvam. Esta tabebuia ou ipê é a atração da Rua da Assembleia, na Unidade 101, na Cidade Operária. Há cerca de uma década, dona Maria Raimunda Silva Nunes, de 94 anos, plantou a árvore em frente à casa dela, na esperança de, um dia, vê-la florescer.
Ao lado da filha Maria Olívia Nunes, 34; e das amigas Filomena Alves da Silva, 49, e Fátima Nunes, 52, Dona Raimunda, como é mais conhecida, fica satisfeita em ver brotarem as flores cor-de-rosa. Hoje, o pau-d’arco, como também é chamada a árvore, tornou-se o símbolo de anos de luta pelo desenvolvimento do bairro.
“Eu lutei muito por este bairro... pelo asfalto. Não foi fácil”, relembra a moradora que há 23 nos foi morar na Cidade Operária. Desde a chegada, ela tratou de arborizar a rua, que conta, além do ipê, com amendoeira, jambeiro e outras. “Fui regando, comprando estrume na feira porque eu queria ver elas crescerem e enfeitar aqui”, conta a senhora que mora com o filho Jurandir Nunes, 52, e o neto William Nunes, 34. “Todos gostaram e passaram a me chamar de vovó, dizendo como estava bonito”, acrescenta.
Segundo a aposentada, foi preciso um pouco de bravura para garantir a sobrevivência das árvores. “Às vezes um vinha brincando, batendo e eu não deixava. Quando souberam que era pau d’arco, começaram a roubar. Eu tive que ficar de olho, senão não tinha mais nenhum”. Dona Filomena, que mora na rua vizinha, confirma as tentativas de danificar o ipê. “Numa época, tentaram cortar um galho [do ipê], e ela, imediatamente, impediu. Ela é um exemplo para os mais jovens”, ressalta.
Após anos de zelo em especial pela árvore, mas também, pela comunidade, dona Raimunda recebe elogios. A vizinha Fátima não esconde a satisfação. “Está lindo. Parece um tapete. É para a senhora passar”, brinca. Dona Filomena afirma que todos os moradores admiram dona Raimunda. “Tudo aqui, problema de asfalto, ônibus foi ela que resolveu”, diz.
Símbolo de longevidade e garra, ipê-rosa é um deleite para quem vive ou passa pela Rua da Assembleia. Toda a beleza enche de orgulho a senhora que já viveu quase um centenário. “Eu fico daqui olhando, não deixo ninguém mexer. Só peço que Papai do céu ainda não mande meu passaporte”, conclui.
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