Energia nuclear

NE terá segunda central do país, diz diretor-presidente da Eletronuclear

Marcos Magalhães / Agência Senado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h06

BRASÍLIA - A segunda central nuclear brasileira - depois de Angra dos Reis, onde já existem duas usinas em funcionamento e uma terceira em construção - será construída até 2019 em uma cidade litorânea entre Salvador (BA) e Recife (PE). O anúncio foi feito ontem (20) pelo diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, durante audiência pública conjunta das Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

Segundo o diretor, a central nordestina deverá contar inicialmente com duas usinas, podendo posteriormente expandir-se até o total de seis usinas. O mesmo se aplica à terceira central planejada, esta para a Região Sudeste. De acordo com o planejamento do governo, informou, existirão de quatro a oito novas usinas nucleares em funcionamento até o ano de 2030. Ele alertou ainda para a necessidade de diversificação das fontes de produção de energia elétrica no país.

- Antes, nossa energia era puramente hidrelétrica, enquanto os demais países usavam majoritariamente a energia térmica. Vamos continuar majoritariamente hidrelétricos, mas aumentando a participação das usinas térmicas, sem deixar de lado a energia nuclear por várias razões, inclusive a ambiental - disse Pinheiro, lembrando a vantagem da energia nuclear no que diz respeito à emissão de gás carbônico.

Até 2030, o Brasil vai ter que duplicar a sua produção de energia elétrica, segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. Por isso, terá de investir em outras fontes de geração além da hidrelétrica, como a biomassa, o carvão, a energia nuclear e a eólica.

O secretário informou que o Brasil conta com o terceiro maior potencial do mundo de geração de energia hidrelétrica - aproximadamente 260 mil megawatts. Desse total, porém, cerca de 80 mil megawatts só poderiam ser produzidos em locais que "não seriam aceitos pela sociedade brasileira", segundo ele observou, como reservas florestais e indígenas. Nesse novo contexto, concluiu, a energia nuclear - cuja adoção pelo Brasil nos anos 70 ele considerou "precipitada" - pode vir a desempenhar um papel importante.

- Trata-se de uma energia competitiva, cuja fonte é abundante, pois existe bastante urânio no planeta. Ela tem uma vantagem ambiental significativa, quando se considera a sua emissão CO2, mais baixa que a proveniente de energia solar, de biomassa ou mesmo hidrelétrica - afirmou Ventura.

Redução de consumo

Também presente ao debate, o chefe de gabinete do Ministério do Meio Ambiente, Ivo Bucaresky, pediu que o debate não inclua apenas a necessidade de aumento da produção de energia elétrica, mas também a redução do consumo. Ele elogiou o programa de troca de geladeiras antigas por outras novas, que consomem menos energia. Por outro lado, lembrou a necessidade de se avaliarem todos os impactos da produção de energia sobre o meio ambiente, e não somente a emissão de CO2.

- Nossa preocupação na questão nuclear inclui o risco de acidente, que pode gerar um grande impacto, além do aumento da radioatividade na região de produção de urânio, provocando, por exemplo, casos de câncer. Precisamos tentar modelos alternativos de produção de energia, com o incentivo à energia eólica e à solar, além da biomassa - sustentou Bucaresky.

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