IMPERATRIZ – Ao chegar à casa de Anna Paula Lira, o primeiro cheiro sentido é doce. Cheiro de bolo. Em um ano e seis meses, a advogada, e empresária, se tornou referência em Imperatriz na venda de bolos e tortas, que são produzidos em sua própria residência.
E ela não está sozinha. Em todo o Brasil cerca de 43% dos empreendedores são mulheres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No caso de Anna Paula, a sua inserção nessas estatísticas veio como uma forma de complementar a renda da família, que estava no sufoco. Ela e o marido decidiram transformar o hobby em lucro e viram bons resultados já na primeira semana.
“Nunca tive a ideia de vender, fazia bolo pra família, pra festas com amigos, essas coisas. Aí, a gente começou a passar por dificuldades financeiras e pensamos, ‘por que não fazer bolo pra vender?’ Na primeira semana já deu certo”, fala.
O negócio, que começou com ela e o marido, hoje conta com 12 funcionários (10 são mulheres) e há planos de construção de uma fábrica. Segundo a empresária, um dos grandes diferenciais nos seus produtos é justamente o toque feminino, a presença da sensibilidade e cuidado na decoração e em todos os doces fabricados em sua cozinha.
De acordo com o economista Diego Maciel, as mulheres tem conquistado espaço não só na área empresarial, como em todo o mercado de trabalho, por conta de características que fazem a diferença.
“Alguns fatores explicam isso (a participação ativa no mercado de trabalho), como a luta pela igualdade, o que faz a mulher encarar os desafios com mais garra. Um exemplo: as montadoras de veículos que estão vindo para o nordeste dão preferência para elas, porque elas são mais detalhistas”, explica.
O economista fala, também, do fator de as mulheres terem que se tornar as “chefes da casa”. A jornada dupla não é fácil. Anna Paula conta que, no começo, teve muita dificuldade em conciliar os papéis de mãe, esposa, dona de casa e empresária.
“Eu tive muita dificuldade, por que como só era eu e meu marido na cozinha, a gente que fazia tudo. Eu passei por muitos problemas, porque ser mãe de três filhos, esposa e eu tinha, ainda, as obrigações da minha casa e o mercado de trabalho que é muito concorrente... Eu creio que só consegui superar isso com Deus”, conta Anna Paula.
E superou bem. Hoje o negócio da Anna Paula, que funciona em uma tenda, vende em torno de 300 bolos e 1.500 tortas por semana.
Trabalho informal
A posição de provedora da casa leva muitas mulheres a tomar conta do próprio negócio, também, de maneira informal. Dos 44,2 milhões de trabalhadores sem carteira assinada no Brasil, 45,2% são mulheres – a maioria, se comparado aos 43,2% de homens –, segundo dados de 2012 do IBGE.
Esse é o caso da camelô Eureni Ferreira, que trabalha como vendedora informal há mais de nove anos. Ela conta que sempre trabalhou por conta própria, pois não precisa receber ordens.
“A gente tem as coisas da gente e não precisa ficar se humilhando e recebendo ordens dos outros. Nunca quis ter trabalho com carteira assinada”, afirma Eureni.
Ela tem três filhos e é a principal fonte de renda da casa onde mora. Por mês, consegue faturar em torno de um salário mínimo, com a venda de produtos diversos, como brinquedos e utilidades domésticas. Mas nem sempre o lucro é certo.
“Aqui depende muito do período, tem vez que dá de tirar um dinheiro bom, tem vez que não”, fala a vendedora, com um sorriso no rosto. Apesar das eventuais dificuldades, Eureni é feliz com o trabalho e tem a garra feminina para levar a comida para mesa de casa todos os dias.
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