CAXIAS - A decisão do juiz Antônio Manuel Veloso de desapropriar o terreno de mais de 500 mil hectares, localizado às margens da BR-316, pertencente a Ruy Coutinho, e que foi invadido há cerca de três meses por mais de mil famílias, causou polêmica em Caxias, mas trouxe à tona uma realidade.
São inúmeros casos, notificados na Justiça ou não, de propriedades públicas e particulares do município invadidas por pessoas que se autodenominam ‘sem-moradia’. Há terrenos invadidos ao lado do Parque da Cidade, nos bairros Ponte, João Viana, Antenor Viana, entre outros.
Uma dessas ocupações fica localizada na Rua da Mariinha, no Bairro Ponte. No terreno de propriedade particular, que tinha apenas uma cerca que o separava da rua, algumas famílias se alojaram, construíram suas casas de taipas cobertas com telha ou palha e moram na área há quase um ano.
Planos
Enquanto o proprietário briga na Justiça para retirá-los do local, as famílias fazem planos. Já há, inclusive, quem tenha aberto um negócio próprio, um bar, localizado ao lado da Polícia Federal. O lavrador Juarez Soares, que reside na ocupação, disse que é da zona rural de Caxias. Fugiu da fome e da miséria que enfrentava com a família para tentar a sorte na cidade.
Sem um lugar fixo para morar, ele vivia de favor na casa de amigos no bairro Antenor Viana. Decidiu ocupar o local após ser informado por conhecidos. “A gente tem que ter um lugar para morar, não pode ficar por aí sofrendo com a família. Eu acho que se tem terra sem usar, a gente tem mais é que morar nela”, afirmou o invasor.
Em Caxias, a situação do invasor é mais comum do que se imagina. Uma parte dessas pessoas já sabe o que fazer após fixar residência. Vão vender as casas por preços irrisórios - R$ 500,00 a R$ 200,00 - e procurar outro local para invadir. Outros têm planos mais audaciosos: conseguir incluir a casa no projeto de melhoria habitacional do Governo Federal.
“Essa casa está feinha, mas logo eu sei que vou conseguir botar ela no projeto. Aí eu vou ter uma casa boa para mim e meus filhos”, teorizou Raimunda Batista.
Danos
Na ânsia de um espaço para morar, o que os invasores desconhecem são os danos causados à natureza. Pelo menos em dois desses espaços, no João Viana, e no terreno de Ruy Coutinho, a mata foi derrubada desordenamente. Sem qualquer critério, mesmo desocupados pela força policial, a mata levará anos para se recuperar.
No terreno da BR-316, o meio ambiente foi muito agredido. A Reserva Ecológica do Inhamum está em perigo. Como fica em uma área limite à invasão, árvores foram derrubadas próximo ao riacho que corta a reserva.
A agressão não é apenas contra a natureza, mas ameaça o investimento feito pela cervejaria que fica ao lado da reserva e que utiliza a água na indústria de produção de cervejas e refrigerantes.
Os ambientalistas do município estão preocupados com a devassa feita no espaço e que pode voltar a acontecer, visto que a Polícia não tem como vigiar o espaço permanentemente e impedir que os invasores voltem.
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