BRASIL - O jornalista Demétrio Magnoli não foi demitido da GloboNews após fazer críticas à possível cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), diferentemente do que afirmam publicações nas redes sociais. As mensagens são acompanhadas por um vídeo com a fala do jornalista durante o programa Em Pauta. Ao Comprova, a Globo desmentiu a alegação. Nas redes sociais da emissora, é possível ver que Magnoli permanece participando da programação do canal.
Conteúdo investigado: Publicações acompanhadas por um vídeo da participação de Demétrio Magnoli no programa Em Pauta, da GloboNews, afirmam que o jornalista foi demitido após fazer comentários criticando a possível cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) por abuso de poder econômico na pré-campanha eleitoral de 2022.
Onde foi publicado: X, WhatsApp e Facebook.
Conclusão do Comprova: É falso que o jornalista Demétrio Magnoli tenha sido demitido da GloboNews após opinar contra a Justiça Eleitoral no caso do julgamento de Moro. Magnoli continua atuando e, inclusive, participou da edição do programa Em Pauta de 8 de abril e teve vídeo do comentário publicado no perfil da emissora no Instagram.
A Globo negou que Magnoli tenha sido demitido da empresa.
Uma publicação no X (antigo Twitter) traz o vídeo em que o comentarista fala sobre Moro, em participação no Em Pauta no dia 1º de abril. No vídeo, Magnoli defende que o senador não seja cassado e destaca que o ex-juiz recebeu 2 milhões de votos. O jornalista conclui dizendo: “A soberania popular no Brasil vai dando lugar à soberania de seis juízes, esses caras aí que ninguém sabe o nome”.
O tuíte acrescenta, por escrito, que Demétrio teria dito: “Gostaria de informar aos amigos que eu não faço mais parte da @GloboNews”. No entanto, essa declaração não está registrada nos perfis do jornalista em redes sociais nem em outras fontes.
Outra usuária da rede social, cujo post foi excluído, também publicou o mesmo conteúdo, alegando que a demissão teria ligação com o “desgoverno e sua quadrilha”, referindo-se ao presidente Lula (PT). Conteúdos semelhantes foram publicados também no Facebook e no WhatsApp e foram enviados por leitores ao WhatsApp do Comprova.
O TRE-PR rejeitou na terça-feira, 9 de abril, por 5 votos a 2, a cassação do mandato de Moro. A Corte julgou duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movidas pelo Partido Liberal (PL) e pela Federação Brasil da Esperança (FE BRASIL), composta pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Verde (PV) e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Os partidos podem ainda recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Uma das publicações no X contava com 114,6 mil visualizações até 9 de abril.
Como verificamos: Primeiramente, realizamos buscas por palavras-chave no Google e nas redes sociais da GloboNews, que permitiu indicar a participação do jornalista em programas de datas posteriores às publicações com a alegação de que ele teria sido demitido do canal. Além disso, entramos em contato com a Globo.
O que diz o responsável pela publicação: O Comprova não conseguiu contato com o responsável pela publicação.
O que podemos aprender com esta verificação: A GloboNews, por ser um canal do Grupo Globo, é constantemente alvo de ataques por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Por isso, muitas vezes comentários feitos por seus jornalistas, que coincidem com os ideais desses grupos, são utilizados como munição para endossar o discurso de que a emissora não permite pensamentos dissonantes em seus canais. Uma prova disso é que o vídeo com o comentário de Magnoli foi compartilhado pela deputada federal Bia Kicis (PL).
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: O UOL Confere e o Boatos.org checaram postagens semelhantes e chegaram à mesma conclusão de que as afirmações são falsas. O Comprova também já investigou alegações semelhantes como a que comprovou que é falso que STF bloqueou redes sociais de Augusto Nunes ou exigiu sua demissão. O Comprova Explica também já mostrou o que foi a operação Lava Jato.
Atualização: Esta verificação foi atualizada em 10 de abril para incorporar o resultado do julgamento das ações que pediam a cassação do mandato do senador Sérgio Moro.
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