EMPREGO

Ocupação cresce em posições que exigem menos escolaridade

Pessoas com nível superior estão tendo oportunidades como balconistas e vendedores de lojas.

Imirante.com

Segundo o Dieese, a ocupação tem crescido em posições que exigem menos qualificação formal (Foto/Divulgação)
Segundo o Dieese, a ocupação tem crescido em posições que exigem menos qualificação formal (Foto/Divulgação)

BRASIL - A edição nº 23 do Boletim Emprego em Pauta, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que passada a fase mais aguda da pandemia, após mais de dois anos, o número de brasileiros ocupados superou o período anterior à crise sanitária, ainda que a economia brasileira caminhe a passos lentos. No entanto, a ocupação tem crescido em posições que exigem menos qualificação formal. 

Ou seja, o mercado de trabalho vai se precarizando não somente no estabelecimento de vínculos de trabalho sem proteção trabalhista ou social, mas também por meio da geração de empregos pouco complexos e pela perda de rendimentos. De acordo com o Dieese, o aumento da escolarização da população na última década, tem sido pouco aproveitado pelo mercado de trabalho nessa retomada da atividade econômica.

No segundo trimestre de 2022, havia 98,3 milhões de pessoas ocupadas no país, número bem superior aos 94,2 milhões do segundo trimestre de 2019 e aos 89,4 milhões do mesmo período de 2021. Nesses últimos 12 meses, a ocupação tem aumentado principalmente em posições que requerem menos escolaridade e que pagam menores salários, o que revela um mercado de trabalho empobrecido e com poucas perspectivas de ascensão para os trabalhadores. 

O número de pessoas ocupadas cresceu 9,9% entre o segundo trimestre de 2021 e o de 2022. O grupamento ocupacional com a maior expansão foi o de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (17,9%), seguido pelos operadores de instalações e máquinas e montadores (15,8%). A ocupação cresceu menos entre diretores e gerentes (3,0%) e profissionais das ciências e intelectuais (3,4%), que, em geral, são atividades que exigem diploma de nível superior.

Proporcionalmente, a ocupação cresceu com mais intensidade entre as pessoas com menor escolaridade, como aqueles sem instrução e com menos de 1 ano de estudo (31,4%), e entre os que possuem ensino médio incompleto ou equivalente (14,0%). Já entre aqueles com ensino superior completo, a quantidade de ocupados aumentou somente 3,6%, enquanto entre os que têm superior incompleto ou equivalente, ampliou-se em 6,1%.

Pessoas ocupadas por grupamento profissional (Foto/Divulgação)
Pessoas ocupadas por grupamento profissional (Foto/Divulgação)

Ocupações típicas

Entre os trabalhadores com superior completo, o crescimento das ocupações consideradas típicas (1,3%), como diretores e gerentes ou profissionais das ciências e intelectuais, foi bem inferior ao das não típicas (6,7%). Ou seja, o aumento tem sido puxado por ocupações que não requerem formação superior. No 2º trimestre de 2022, o número de ocupados com ensino superior teve acréscimo de 749 mil, na comparação com o ano anterior. Entretanto, nas ocupações típicas para pessoas formadas, o aumento foi de apenas 160 mil. Os demais 589 mil trabalhadores (78,6%) foram parar em funções não típicas. 

Entre as ocupações não típicas para profissionais com ensino superior, chama atenção o crescimento de 16,4% no número de balconistas e vendedores de lojas e de 6,8% no de vendedores a domicílio. Juntas, essas duas ocupações englobavam 567 mil pessoas com ensino superior completo.

Com relação ao rendimento médio, os ocupados com superior completo foram os que tiveram a maior perda (-5,6%), seguido por aqueles com ensino médio incompleto ou equivalente (-1,8%). Os ocupados sem instrução e com menos de 1 ano de estudo tiveram aumento do rendimento médio do trabalho (3,2%), assim como aqueles com ensino fundamental completo ou equivalente (0,8%).

Entre aqueles que possuíam ensino superior completo, o rendimento médio aumentou somente em três grupos ocupacionais, enquanto em outros sete, houve redução. Destacam-se, entre as principais quedas, as ocorridas para membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares (-7,2%), profissionais das ciências e intelectuais (-6,9%) e diretores e gerentes (-4,9%).

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