Riscos

Instalações sem manutenção adequada são principal causa de acidentes elétricos

Casos de acidentes fatais com eletricidade subiram mais de 6% em 2014.

Alana Gandra/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h44
(Biné Morais / O Estado)

RIO DE JANEIRO - Pesquisa da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) aponta aumento de 17,7% no número de acidentes envolvendo eletricidade, em 2014, em comparação ao ano anterior. As irregularidades apuradas, relacionadas às instalações elétricas que podem provocar grandes incêndios, levaram o Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Rio de Janeiro (Simerj) a estabelecer parceria com a Abracopel para prevenir esse tipo de acidente.

“O setor de vendas de material elétrico é um braço importante nessa prevenção, porque é onde o consumidor vai adquirir material para usar em suas instalações”, disse hoje (7) o presidente do Simerj, Antônio Florêncio. Por isso, ele entende que é papel do setor orientar o consumidor no sentido de oferecer o material adequado às suas solicitações.

De acordo com a pesquisa, os casos de acidentes fatais com eletricidade subiram mais de 6% ano passado, quando provocaram 627 mortes, ante 592 no ano anterior. Atingiram 560 homens e 67 mulheres. O Nordeste brasileiro liderou o número de mortes por choque elétrico em 2014, com 263 casos (42% do total), seguido do Sudeste, com 125 mortes (20%) e do Sul, com 119 casos (19%). Quanto ao local em que se registram os acidentes, as residências são destaque, com 180 mortes no ano passado.

O presidente do Simerj disse que nos últimos anos houve aumento significativo na aquisição de bens eletrodomésticos. A idade dos prédios, porém, é antiga, como ocorre em Copacabana, por exemplo, na zona sul do Rio de Janeiro, e a manutenção predial não acompanhou o surgimento de tantos novos equipamentos. “Quando da sua construção, a oferta de eletrodomésticos nas residências era mínima. Hoje em dia, há uma gama enorme de produtos e não existe a contrapartida da preocupação em verificar se a instalação elétrica da casa ou do prédio vai aguentar o volume de carga acrescentado no prédio”, ressaltou.

Florêncio salientou que tudo sobrecarrega os circuitos existentes nas instalações, e as pessoas vão dando o chamado jeitinho. "Botam um benjamim, aumentam o disjuntor, o que é um erro crasso, porque o disjuntor é a proteção. Quando ele desarma, é porque alguma coisa está errada. E as pessoas não avaliam isso e se limitam a mudar o disjuntor. Ficam com uma proteção acima do prudente, a sobrecarga vem e ele [disjuntor] não desarma, não protege nada. Aí, ocorre o curto-circuito, o incêndio”, explicou.

A recomendação do presidente do Simerj é que o consumidor, diante do elevado número de produtos eletrodomésticos que tem em sua casa atualmente, contrate um eletricista registrado no Conselho Regional de Engenharia para que avalie a necessidade de aumentar a carga da residência e, com isso, ampliar a segurança. “Ou aumentar a carga do próprio prédio ou trocar a fiação por uma que suporte a amperagem demandada a partir da instalação de novos equipamentos”. Ele alertou que o cuidado deve ser tomado antes mesmo de os novos produtos funcionarem.

Segundo Florêncio, a vistoria prévia é uma medida “fantástica, desde que bem feita, dentro das normas, porque previne realmente esse tipo de acidente”. O Simerj está em negociação com o Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Rio de Janeiro (Sindistal) para promover cursos de capacitação de pequenas instalações para os vendedores de material elétrico. O objetivo é que os funcionários das revendas tenham mais conhecimento para prestar um atendimento com esclarecimentos técnicos. Os cursos deve ser iniciados no segundo semestre deste ano.

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