Charlie Hebdo

Apreensão aumenta após novos tiroteios e ataques na França

O suspeito Mourad Hamyd, de 18 anos, se entregou à polícia.

Alex Rodrigues/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h47

BRASÍLIA - A perplexidade e a incredulidade das primeiras horas que se seguiram ao atentado contra o semanário satírico Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas foram mortas, foi substituída pelo clima de apreensão e medo depois das ocorrências das últimas horas ainda não esclarecidas: uma policial foi morta por um atirador que disparou a esmo no sul de Paris, e locais de manifestação de fé muçulmana em diferentes regiões francesas foram atacados.

Uma operação de guerra está em curso para capturar os suspeitos de terem atacado a redação da publicação, no centro de Paris e ontem (7) mesmo o governo francês elevou ao máximo o nível de alerta do plano interministerial contra o terrorismo: o VigiPirata.

Cerca de 3 mil policiais buscam deter dois suspeitos, identificados pelo Ministério do Interior como sendo os irmãos Chérif Kouachi e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos. O terceiro suspeito, Mourad Hamyd, de 18 anos, se entregou à polícia.

O empresário norte-americano naturalizado brasileiro, Glen Homer, mora há quatro anos em Paris, com a esposa e dois filhos. Sua impressão, hoje, é que Paris amanheceu em câmera lenta, com as pessoas atônitas. Próxima a sua casa fica as Galerias Lafayette, conhecido centro de compras da capital. “O policiamento, que é sempre presente, foi reforçado”, disse Homer à Agência Brasil esta manhã.

“Estamos todos muito apreensivos devido às incertezas, a não saber exatamente o que está acontecendo. Mas o povo francês é combativo e não se deixa abater. As manifestações espontâneas dessa quarta-feira, as vigílias, são uma expressão dessa combatividade”, declarou Homer. Segundo ele, escolas, museus, comércios e repartições públicas funcionam normalmente, mas, devido ao alerta máximo de segurança, excursões e passeios escolares foram suspensos.

O empresário considera pouco provável que a população reaja aos ataques responsabilizando estrangeiros ou grupos religiosos. “Principalmente em Paris, onde é grande o número de estrangeiros, a maioria das pessoas entende que a violência é a manifestação de uma minoria radical. E como as principais lideranças muçulmanas se anteciparam e condenaram o ataque ao Charlie Hebdo, acho que uma caça às bruxas "não deverá ocorrer”.

A jornalista francesa Karima Saidi tem opinião semelhante. Segundo ela, como os terroristas ainda não foram presos e suas motivações reais não são conhecidas, o principal debate entre os franceses, no momento, diz respeito aos limites da liberdade de expressão. Francesa de ascendência árabe, Karima, no entanto, não esconde o medo de que a situação se radicalize. “Há muita solidariedade, mas, ao mesmo tempo, muito medo. Medo de que as coisas piorem e a violência aumente devido à ação de um grupo minoritário”.

Segundo o Ministério do Interior, o VigiPirata é um sistema permanente de vigilância, prevenção e proteção, que se aplica na França e no exterior, com efeitos sobre os transportes, saúde, alimentação, redes de energia, de segurança dos sistemas de informação, entre outros, coordenado pelo primeiro-ministro, Manuel Valls.

O plano é acionado e alimentado a partir de informações colhidas pelos serviços de inteligência e, em caso de ataque terrorista, como está sendo classificado o de ontem, pode ser prorrogado por planos específicos de intervenção. De acordo com o ministério, além de tentar proteger os cidadãos e o território francês de ameaças terroristas, o VigiPirata permite às autoridades de defesa agir rápida e coordenadamente em caso de ataques.

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