(Divulgação)
COLUNA
Gabriela Lages Veloso
Escritora, poeta, crítica literária e mestra em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Gabriela Lages Veloso

À própria sorte

In memorian às vítimas da COVID-19

Gabriela Lages Veloso

Atualizada em 13/03/2025 às 13h08
Ilustração: Bruna Lages Veloso
Ilustração: Bruna Lages Veloso

“Ei, hoje eu tô aqui, porque preciso da ajuda de ocês. Eu sô pobre, eu passo nicissidade. Eu e minha filha precisamu de dinhero pra comprá carvão, farinha e arroz. Eu só tô pedindo aqui, porque passo nicissidade” – na porta de uma agência bancária, gritava, cada vez mais alto, a velha senhora, em uma espécie de monólogo. Aparentemente, esse é somente um dia comum. Quantas pessoas como ela não vivem mendigando para sobreviver? Porém, estamos bem distantes do que antes era conhecido como normalidade. Um ano já se passou. Tantos entes queridos partiram. Em média, estamos perdendo 4.000 brasileiros, diariamente, para a COVID-19.

Lembro-me bem, em um dia todos estávamos trabalhando, estudando, caminhando... vivendo. No instante seguinte, fomos bombardeados com a notícia de que deveríamos ficar em casa por apenas 15 dias, mas disseram que não deveríamos entrar em pânico. O tempo passou e os dias foram multiplicando-se. Nas ruas, nas casas, nos estabelecimentos, o medo se instalou permanentemente, pois a morte, com seu vento devastador, passou a levar a cada dia mais vítimas. Agora estamos nas trincheiras dessa guerra invisível, lutando pela vida, com armas simples, mas eficazes – higiene, máscaras e distanciamento social.

 Entretanto, a negligência seletiva, aprendida desde o início dos tempos, tem prevalecido. E, agora, não somente as súplicas dos necessitados tem sido ignoradas, mas também a dos governadores, médicos e cientistas. Apesar das milhares de mortes, para muitos o negacionismo impera. “Nada está acontecendo, isso é só uma gripezinha, vai passar logo logo” – em uma esquina, dois amigos conversam, rindo da preocupação mundial. E, assim, a pandemia tem se agravado e prolongado. Até quando essa situação irá perdurar? Somente o tempo dirá.

 

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.

Em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) - Lei nº 13.709/2018, esta é nossa Política de Cookies, com informações detalhadas dos cookies existentes em nosso site, para que você tenha pleno conhecimento de nossa transparência, comprometimento com o correto tratamento e a privacidade dos dados. Conheça nossa Política de Cookies e Política de Privacidade.