Grãos de areia e pedaços de paciência
Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Mônica Moura.
Camila e Gustavo estavam de férias. Os Lençóis Maranhenses pareciam, para ele, a escolha perfeita. Gustavo sonhava em conhecer o lugar. Dunas intermináveis, lagoas cristalinas, vento suave desenhando formas na areia… Ele visualizava cenas filme, com beijos ao pôr do sol e longas caminhadas de mãos dadas. Um pequeno detalhe: Gustavo não tinha alinhado as expectativas com Camila.
Mal desembarcaram e o desconforto dela já se manifestou. Camila não gostava de areia. E não era um simples incômodo, era uma aversão visceral. Ela não conseguia entender como alguém tinha prazer em andar por onde a areia insistia em se infiltrar: sapatos, cabelos e até dentro da roupa. Enquanto Gustavo sorria, encantado com o cenário paradisíaco, Camila torcia o nariz para o chão da pousada. A cada passo ela olhava para os pés, tentando se livrar dos pequenos grãos que colavam.
O itinerário planejado incluía passeios pelas dunas, visitas a lagoas escondidas e longas horas sob o sol. Camila não compartilhava o entusiasmo. Caminhava na ponta dos pés, como se pisasse em brasas, e parava constantemente para sacudir as sandálias. Gustavo achava graça no começo, mas com o passar das horas a expressão dele oscilava entre paciência e desespero silencioso.
A cada lagoa que paravam para fotografar, Camila repetia mentalmente a mesma frase: “O que eu estou fazendo aqui?”. Nem as águas cristalinas e refrescantes eram capazes de compensar o fato de que a areia continuava grudando em seus pés. Quando Gustavo, animado, sugeriu deitar na areia para assistir ao pôr do sol, Camila limitou-se a sentar sobre o chapéu.
Na hora do jantar, outro capítulo à parte. No prato de camarão, Camila jurava sentir areia na boca. Gustavo tentava distrair sua neurose, mas ela insistia.
A atmosfera íntima que Gustavo preparou para as noites, não funcionou. Alguns grãos de areia, trazidos nos pés e nas roupas, acabaram nos lençóis. Ao se deitar, Camila não demorou a perceber. Levantou de imediato, começou a sacudir os lençóis com força, enquanto Gustavo, sem saber o que dizer, apenas observava. A noite terminou com Camila resmungando sobre como a areia parecia estar impregnada em cada canto daquele quarto.
Ao voltar pra casa, Camila ainda encontrava areia em seus pertences, como uma lembrança persistente daquela viagem que, definitivamente, não foi o conto de fadas que Gustavo imaginou .
Por mais que o amor seja essencial, saber o que o parceiro gosta (e, principalmente, o que ele não suporta) pode salvar não apenas uma viagem, mas um relacionamento. A paciência de Gustavo foi testada grão a grão, e Camila aprendeu que certos destinos, por mais belos que sejam, nem sempre combinam com todos os casais. Isso também serve para experiências sexuais - fica a dica!
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