Tradição e arte: artesãs de Barreirinhas que trabalham com a fibra do buriti ganham destaque no desfile de Alto Verão de Lenny Niemeyer
As peças foram feitas em parceria com as artesãs maranhenses que trabalham usando a fibra do buriti.
BARREIRINHAS - Em um dos lugares mais paradisíacos do Brasil, localizado no Maranhão, um grupo de artesãs tem impactado cada vez mais o mundo da moda a partir da produção de peças utilizando a fibra do buriti. Diretamente de Barreirinhas, o trabalho das artesãs foi o grande destaque da coleção de Alto Verão 2024 da estilista e empresária Lenny Niemeyer, conhecida por sua paixão de explorar elementos brasileiros em suas criações.
O grupo de artesãs já trabalha há cerca de quatro anos com Niemeyer e, neste ano, elas foram prestigiar de perto o desfile da nova coleção, que ocorreu na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no último dia 27 de novembro. Com peças que exalam autenticidade cultural, as roupas feitas em colaboração com as artesãs chamaram atenção durante o desfile.
O trabalho com a fibra do buriti faz parte de uma tradição ancestral de trabalho manual, e representa uma fonte de renda que vem da produção de peças artesanais que carregam a rica herança cultural do Maranhão. Para a coleção de Alto Verão 2024, as principais características são as formas esculturais presentes nas roupas tecidas e moldadas à mão.
“Desde os meus 14 anos que faço crochê, até que comecei a vender e ganhar dinheiro com isso, que era a única coisa que eu sabia fazer. Com o tempo eu fui melhorando meu trabalho e as pessoas que compravam minhas peças elogiavam, então me apeguei no crochê e fui a cada dia mais me apaixonando. Hoje em dia eu não troco por nenhum trabalho e tenho muito prazer de falar sou artesã”, diz a profissional maranhense Maria Ivonete, convidada para fazer parte da nova coleção.
Enquanto os buritis utilizados na coleção são criações das mulheres da Associação de Artesãs de Barreirinhas, as sedas, que também compõem as peças, foram fruto de uma parceria com o Casulo Feliz, empresa que produz o tecido em sistema semi-industrial. O elo para que o trabalho das maranhenses chegasse até Lenny foi feito pela estilista de acessórios Raissa Colela, que conheceu as artesãs durante uma viagem ao Maranhão em 2014 e, desde então, tem feito parcerias e expandido o trabalho feito na comunidade maranhense.
Veja o vídeo de apresentação da coleção:
A artesã Maria Ivonete, descreve, ainda, a emoção que sentiu ao presenciar seu trabalho sendo aclamado durante o desfile para divulgar a nova coleção. “Quando vi o nosso trabalho em um evento tão importante como o desfile da Lenny Niemeyer me emocionei, chorei de alegria em saber que o nosso trabalho estava ali sendo elogiado por grandes profissionais”, disse.
Veja mais peças da coleção:
Ter a participação das artesãs no desfile não apenas impulsionou a visibilidade do trabalho delas, mas também teve um impacto significativo em suas vidas e, também, na economia local. Além disso, a visibilidade adquirida através do desfile abriu novas portas para essas artesãs, expandindo suas oportunidades de trabalho e abrindo mercados que antes pareciam distantes.
“A descoberta foi através de Raissa Colela. Nós nos conhecemos desde 2014. A Maria Ivonete é a artesã que está à frente de todo esse trabalho do desfile, e eu e as outras artesãs participamos da finalização. Para fazer este trabalho, somos capacitada sobre o bem-estar da natureza, não vendemos a fibra solta. Temos o cuidado de utilizar tingimento natural, assim como foram feitas as roupas do desfile”, explica a artesã maranhense Maria de Loudes, que nasceu em Paulino Neves mas atualmente mora em Barreirinhas.
Em um momento em que a valorização da cultura local e a busca por práticas sustentáveis estão em alta, ter uma fonte de inspiração como as artesãs maranhenses é fundamental para incentivar cada vez mais o trabalho de comunidades tradicionais que preservam uma tradição valiosa.
“É um reconhecimento necessário. Nosso trabalho, assim como o de milhares de mulheres da nossa comunidade, é feito com muito paixão. E participar do destile para mim foi uma experiência única, ver de perto tudo aquilo que nós estávamos acostumadas a ver apenas pela televisão… nem tenho palavras para descrever”, conta a artesã Iracema, também natural de barreirinhas.
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