A 6ª edição do Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas será aberta nesta quarta-feira, dia 7 de agosto, às 20h, no Teatro Arthur Azevedo, com entrada gratuita. A cantora Djuena Tikuna receberá convidados para o espetáculo Torü Wiyaegü, um ritual de resistência ancestral que traz as canções do último álbum da artista, lançado em 2022.
Segundo Djuena Tikuna a proposta do show é fazer uma conexão entre as várias
Amazônias, trazendo a potência artística da região como forma de alerta às emergências climáticas em que vivemos. “Nossos cantos" são mensagens de luta e resistência que precisam ecoar cada vez mais longe, levando a voz de quem acredita no poder que a grande floresta tem para a garantia da vida no Planeta. A nossa aldeia é o mundo. Upaon Açu é Terra Indígena!” afirma Djuena.
O show tem entrada franca e conta com a participação especial dos artistas indígenas
Wirapitã Ka’apor, grupo Wotchimaücü, Pajé Maria Roxa e Oscar Cohtap do Povo Akroá Gamella. Djuena recebe ainda as cantoras, aliadas da causa indigena Flávia Bittencourt e Emanuele Paz de São Luís e Aíla de Belem do Pará. O espetáculo contará ainda com uma projeção mapeada assinada pela artista visual paraense Roberta Carvalho.
A banda de apoio montada especialmente para esse show é formada por Diego Janatã e Eduardo Dudef nas percussões; Diogo Nazareth nos teclados; Hugo Cesar na Guitarra e tambor de corda e Gustavo Gus no baixo. O grupo ainda recebe a participação do multiartista Pedro Ferrer da banda maranhense Carimbó dos Macacos e também de Paola Gibram no acordeom e do violinista Anton Carballo, integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ao longo dos dias de festival, também se apresentarão no CCVM grupos das etnias Kaingang Nẽn Ga (PR) e Gavião (MA), e o DJ Eric Terena (MS).
Povos Indígenas
A celebração pelo 9 de agosto – Dia Internacional dos Povos Indígenas, no Centro Cultural Vale Maranhão, será marcada pela sexta edição do Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas. De 7 a 10 de agosto, uma programação que destaca a diversidade de músicas, línguas, danças, estilos e saberes dos povos originários ocupará o espaço, trazendo para o centro do debate temas urgentes relacionados aos direitos dos povos indígenas.
Além de shows e apresentações de povos indígenas, a programação contará com a abertura de exposição itinerante, lançamento de dicionário em uma língua indígena, desfile de moda originária, oficina de saber em extinção e documentários inéditos de povos maranhenses. Assinam a curadoria do festival em dupla pelo segundo ano consecutivo a musicista e pesquisadora Magda Pucci e a jornalista e cantora Djuena Tikuna.
Em sua sexta edição, o festival desponta como um dos principais espaços de debate sobre cultura indígena no Brasil.
Histórico Djuena Tikuna
Filha de Nutchametüku e Totchimaüna, nasceu no Alto Solimões, na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, na aldeia Umariaçu II. Djuena Tikuna é uma das maiores referências da música indígena no país. Há quatro anos reside em São Luís, capital maranhense.
Em 2017 a artista fez história ao tornar-se a primeira indígena a produzir e protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas, em mais de 120anos de existência do local, onde lançou o álbum Tchautchiüãne, indicadoao Indigenous Music Awards, a maior premiação da música indígena mundial.
Djuena é uma das maiores referências em música indígena na atualidade. Morando
em São Luís há quatro anos, a artista amazonense tem desenvolvido uma carreira pautada no protagonismo e na valorização da língua materna e da cultura dos povos originários. A artista tem participado de campanhas musicais pela proteção da Amazônia e de seus povos, ao lado de grandes nomes da MPB como Gilberto Gil, Chico César, Zeca Baleiro entre outros.
Recentemente a canção Maraka’anandê, gravada em 2017 no seu primeiro álbum
(Tchaütchiüãne - Minha Aldeia), foi tema na trilha sonora da novela Terra e Paixão, da Rede Globo. O show intitulado Torü Wiyaegü (Nossos Cantos) traz as canções do terceiro álbum da artista, lançado em 2022, com apoio do edital Natura Musical.
Djuena Tikuna é uma das pioneiras em interpretar o hino nacional do Brasil,
em língua materna, com o qual se apresentou na abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e, enquanto artista ativista, participou de campanhas musicais como “Amazônia” e “Demarcação Já”, obras coletivas marcantes na recente história da música brasileira, que uniu a voz de Djuena Tikuna às vozes de Maria Betânia, Gilberto Gil, Elza Soares, Ney Matogrosso, Zeca Baleiro entre outras.
Djuena Tikuna é a primeira jornalista indígena formada no Amazonas e também documentarista com o olhar voltado para a musicalidade dos povos originários. Como produtora cultural, realizou no ano de 2018 a primeira Mostra de Música Indígena – WIYAE, demarcando a cultura indígena no Estado do Amazonas. No ano seguinte, Djuena Tikuna foi uma das artistas convidadas para o Sonora Brasil, o maior projeto de circulação nacional promovido pelo SESC.
Em 2019 a artista lançou também o seu segundo trabalho autoral “Wiyaegü”, com o qual realizou uma turnê na Europa, nas cidades de Paris, Amsterdã, Bruxelas e Viena, onde divulgou a musicalidade indígena através de shows, oficinas culturais e palestras.
Durante a pandemia do Covid 19 a artista se conectou à diversas atividades e campanhas para contribuir com as famílias indígenas em situação de vulnerabilidade em virtude do isolamento social. Em agosto de 2022, lançou no palco do Teatro Amazonas a obra Torü Wiyaegü, composta por um livro, um álbum e um curtametragem, patrocinados pelo edital Natura Musical e pela GIZ - Agência Alemã de Cooperação Internacional, com o apoio cultural do Museu Magüta, o primeiro museu indígena do país, pertencente ao povo Tikuna.
Em março de 2023, Djuena Tikuna faz parte do memorável concerto “We are the Forest” realizado no Teatro Amazonas, ao lado da Orquestra do MIT - Massachusetts Institute of Technology, dos Estados Unidos. O mesmo concerto se repete nos Estados Unidos no mês seguinte. Essa foi a primeira vez que uma artista indígena se apresentou na instituição, considerada uma das mais importantes universidades do mundo.
Em abril de 2023, em São Paulo, Djuena realiza o lançamento nacional do seu último trabalho - Torü Wiyaegü - em um Teatro Anchieta com casa cheia para ouvir os cantos Tikuna. Na mesma semana, ao lado da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí sob a regência do maestro Emanuele Baldini, foi a primeira cantora indígena a apresentar seus cantos em língua materna na prestigiosa Sala São Paulo, templo da música erudita e o mais importante espaço de concertos da América Latina.
Ainda em abril de 2023, Djuena interpreta o Hino Nacional Brasileiro em língua Tikuna no Congresso Nacional, em Brasília, durante sessão em Homenagem ao 19ª Acampamento Terra Livre, principal evento do calendário de lutas do movimento indígena que acontece todos os anos na Esplanada dos Ministérios.
Em agosto Djuena Tikuna participa de um circuito de shows nos CEU - Centro de Educação Unificada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, divulgando a música indígena para um público infanto-juvenil muito participativo. No mesmo mês a artista se apresentou, com casa cheia, no tradicional SESC Sorocaba e no SESC Carmo.
Djuena Tikuna realizou em setembro de 2023 uma série de shows em Nova York, com destaque para as apresentações na Times Square e no Central Park. Djuena segue abrindo os caminhos com o seu canto ancestral. Atualmente a canção Maraka’anandê, na voz da artista, compõe a trilha sonora da novela Terra e Paixão, da rede Globo e a sua canção Tetchi Arü N’güi está na trilha do reality No Limite - Amazônia.
Em Outubro de 2023 Djuena segue sua carreira internacional em uma agenda em Roma na Itália, aonde participa de uma série de apresentações na programação do Fórum Mundial sobre Alimentação – FAO, órgão vinculado às nações unidas.
Em novembro do mesmo ano, Djuena Tikuna é uma das atrações no show de abertura da 3ª edição do MICbr – Mercado das Industrias Criativas, um dos mais importantes eventos do mercado cultural no Brasil. Durante a programação Djuena Tikuna foi uma das convidadas do Ministério da Cultura para participar da Palestra Magna sobre a MPB – Música “Parcialmente” Brasileira.
Em novembro de 2023, ao lado do produtor e percussionista indígena Diego Janatã, a artista Tikuna se apresentou no placo da COP 28 e também foi uma das atrações, ao lado de vários artistas amazônicos, de um jantar imersivo oferecido pelo Governo Brasileiro para os chefes de Estado presentes no evento que aconteceu em dezembro passado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, aonde os países-membros da Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas estiveram reunidos para a tentativa de traçarem os rumos da agenda global sobre como a resolveremos a crise da saúde do planeta.
Entre outras apresentações, no mês de dezembro, Djuena Tikuna foi um dos destaques do line up do Festival Brasil é Terra Indígena, que aconteceu em Brasilia.
Em março de 2024, Djuena Tikuna é uma das atrações do Brazil Conference nos Estados Unidos. Em abril, entre outros eventos ligados a causa indígena, Djuena participa do “Show Para as Florestas” com a Brasil Jazz Sinfônica, ao lado de Chico Cesar, Assucena, Sandra Pires e Nando Reis.
Este ano Djuena Tikuna foi convidada pelo Boi Bumbá Caprichoso para cantar no Festival de Parintins uma homenagem aos povos indígenas e a memória de Bruno Pereira e Dom Philips, assassinados na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. No inicio de agosto a artista defende as cores da tribo Muirapinima durante o Festribal de Juriti – PA.
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