Algumas faixas do novo disco do DJ e produtor carioca, Marcelinho da Lua, intitulado "INSOLENTE" foram apresentadas na edição desse domingo (26/5), do Plugado, na Mirante FM.
Este é o quinto disco de sua trajetória artística e o terceiro disco, literalmente, solo de Marcelinho da Lua, que segundo ele, é um trabalho importante, pois além de ser feito no próprio estúdio do artista, representa um amadurecimento da vida.
- A diferença que este disco traz em relação aos meus trabalhos anteriores é a o amadurecimento da vida. É um processo que foi feito dentro do meu estúdio. É a relação de montar a bateria junto com o baterista, ligar os microfones até gravar e discutir a concepção com os produtores o Marcinho (Menescal) e o Bruno LT, juntos formamos a equipe do estúdio criativa. Então, acho que foi um álbum feito dentro de casa. Fiz várias faixas, que fui botando na gaveta. Quando fechei mesmo a ideia de fazer esse novo disco, juntei tudo e fiz uma seleção. No final das contas, o disco ficou com metade de material de gaveta, reciclado, e metade de material inédito, feito durante as gravações - explica.
Inquietação
Preocupado com a caretice e com as forças sinistras e extremistas, que vêm incomodando o mundo contemporâneo, Marcelinho da Lua, afirma que o disco "INSOLENTE", além de uma textura sonora múltipla, traz um discurso provocativo.
- A gente precisa de provocação. De repente, essa provocação nada é mais, hoje em dia, do que a gente existir, do que a gente fazer existir a nossa arte, a nossa cultura. A gente vê aí, daqui a pouco o tambor de crioula está virando uma coisa quase proibida de novo. Os nossos batuques daqui a pouco serão proibidos, pois segue uma caretice, um obscurantismo muito bravo. A insolência, justamente, veio para questionar esses mecanismos de caretice, pô, acabar com filosofia, sociologia nas Universidades, o livre pensar, o livre batuque. Acho que é um problema. Então, acho que é a hora da gente, realmente, questionar tudo. Pra gente ter senso de comunidade, que é uma coisa muito carente no Brasil, é justamente numa comunidade a gente se questiona as coisas e cresce junto. Mesmo com as diferenças ideológicas, filosóficas, religiosas, a gente cresce junto tendo o senso de comunidade. O lugar que não há questionamento é muito perigoso, então acho que é cavar esse buraco, pra gente questionar as coisas pré-estabelecidas por essa nova ordem mundial - recomenda.
Setlist
Uma das faixas que ganharam vida nova foi a versão samba and bass de “As rosas não falam”, imortal tema de Cartola, cantada por Barbara Martins, mãe do DJ Saddam, um dos mais renomados da cena hip-hop carioca.
Essa linhagem tropical e colorida, costurada com samba, hip-hop, drum and bass, mais reggae e bossa, tão marcante nos dois primeiros discos de Da Lua, segue vestindo o novo trabalho, como mostra o ska marchinha “Quando eu contar (Iaiá)”. Gravado por Zeca Pagodinho nos anos 80, ele ressurge, renovado, pela voz de Marcelo D2 acompanhado da banda Chupeta Elétrica, um spin-off do bloco carnavalesco Spanta Neném.
É o estilo também de “Não vendo”, com Lucas Santtana (“A sanfona deu um toque de zydeco à essa música”), de “Black belt”, com Black Alien, de “Pode acreditar”, com Fernanda Takai, de “Sensei”, que une, via samplers, as vozes de Helio Bentes e do salseiro Joey Pastrana, e de “Fruta madura”, com Otto (e a guitarra de Otávio Rocha, do Blues Etílico).
De Pai pro filho
Detalhe: todas essas faixas – e outras de “Insolente” – têm Da Lua como parceiro das composições, uma novidade em sua linha do tempo.
Mas a síntese do disco talvez esteja mesmo na doce hipnose de “Sebastião”, que traz a voz sampleada de Tim Maia, banhada em delay, filosofando sobre amor, ao lado das vozes de Da Lua e seu filho.
- Sebastião é uma faixa muito simbólica pra mim, pra mãe do meu filho. Antes dela ficar grávida a gente escolheu este nome. Ele quase nasceu no dia de Sebastião. É uma homenagem ao Rio de Janeiro. Eu amo muito o Rio de Janeiro. É uma homenagem a Portugal, com a lenda do rei messianico. Eu gosto muito do Maranhão, como você sabe (rsrsrs). E tem essa questão da lenda do São Sebastião que ressurgiu em forma de um touro negro aí, nos Lençóis. E tem também o Tim Maia. Esta música foi muito especial pra mim, que compus. Pedi a autorização do Tim Maia pra que a voz dele fosse colocada na música. Ele faz parte da composição da música. É uma grande alegria em poder ter feito esta música de amor. E o Tim Maia falando de amor. O filme sobre o Tim Maia que apresenta ele como um criminoso. Ele é um cara que disseminou mais do que tudo o amor. Essa é a faixa do meu coração. Até canto e toco violão - ressalta.
Acolhimento
O bate-papo com Marcelinho da Lua se encerra com ele falando da experiência de longas datas com a França e Portugal. Para ele, os dois países sempre têm acolhido a música brasileira, especialmente a dele, pelo seu significado para o mundo.
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