SÃO LUÍS – A ex-jogadora de vôlei, Ana Moser, está em São Luís. O objetivo da visita foi para divulgar a realização do “Caravana Esportiva da Seleção Pública 2011 do Programa Petrobras”. De acordo com Ana Moser, as caravanas são oficinas gratuitas para capacitar as instituições para a elaboração de projetos para promover a inclusão social por meio do esporte. Os projetos deverão beneficiar crianças e jovens na faixa etária escolar.
Na capital maranhense, a Caravana Esportiva ocorrerá na próxima quarta-feira (9), no Hotel Pestana, no bairro do Calhau, das 8h às 18h.
“É uma oficina que a Petrobras com o objetivo de fazer formação para as instituições para saber como fazer pra participar de seleção pública. São projetos de esporte educacional, que possuem alguns critérios para incluir todos e que vão trabalhar para trabalhar e desenvolver o esporte e não só pro esporte. É uma seleção publica nacional pra desenvolver o esporte no país. Uma resposta da empresa pra este momento do país, de Copa do Mundo, Olimpíadas. É um legado do esporte”, declarou a ex-jogadora de vôlei, que atualmente é a presidente do Instituto Esporte Educação (IEE).
As inscrições podem ser feitas gratuitamente entre os dias 1º agosto de 2011 e 1º de março de 2012, no site do Programa Petrobras Esporte & Cidadania http://www.petrobras.com.br/ppec.
Bate-papo
O Imirante Esporte aproveitou a presença de Ana Moser em São Luís e fez um bate-papo sobre como o esporte educacional, tema central do Caravana Esportiva, está sendo trabalhado no país. A ex-jogadora lamentou o declínio das práticas esportivas dentro das escolas.
Na visão de Ana Moser, o desenvolvimento esportivo deveria começar dentro das instituições de ensino. No entanto, uma das razões que interferem neste desenvolvimento é a má formação de professores, que aprendem e se dedicam aos “livros de regras” e se esquecem de “disseminar o esporte”.
Além de fazer duras críticas a como o esporte é trabalhado no país, Ana Moser lembrou que é preciso utilizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas como fatores de desenvolvimento do esporte no país. Para isso, seria necessário criar políticas públicas voltadas ao esporte escolar e não apenas de rendimento. Segundo a ex-jogadora, investimento em esporte de rendimento não mudará a realidade existente hoje no Brasil. Confira a seguir as opiniões de Ana Moser.
Esporte no país
“Tem grandes dificuldades de criar equipes olímpicas boas em todas as modalidades porque a gente tem muito pouca gente praticando esporte. Quando a gente fala em desenvolvimento esportivo, em um país olímpico, deve ser um país onde muitas pessoas praticam esporte e dessa quantidade sai uma qualidade muito maior. Mesmo o vôlei, é forte em resultado, mas é muito pouco praticado. Você tem muito pouca gente jogando vôlei no Brasil como em outras modalidades, menos o futebol que muita gente joga futebol porque a cultura é muito forte”.
Declínio do esporte escolar
“Os campeonatos escolares caíram também porque por muito tempo se pensou em times pra representar a escola. Aí você vai fechando o círculo de pessoas que estão praticando na escola. A estratégia deveria ser outra. Todos da escola deveriam praticar esporte. A grande questão no esporte hoje é que muito se fechou em cima dos melhores como se fosse isso o esporte. Mas tem outro esporte que todo mundo pratica, e esta é a grande base”.
Crítica às universidades
“A universidade não forma professores para ensinar esporte para as crianças. Ela ensina fisiologia, treinamento, livro de regras, quantos centímetros tem a faixa de marcação da quadra de basquete. Ainda tem muito isso. Se prendem nessas questões muito técnicas e não preparam o professor para disseminar esporte, pra ensinar esporte pra que crianças e jovens gostem de esporte. A formação dos professores é primordial. Desenvolver junto aos professores maneiras de dar boas aulas, porque não adianta se na escola a criança vê um processo de discriminação de exclusão, onde só os melhores jogam. Isso cria toda uma barreira”.
Olimpíadas 2016
“Há dez anos tinha que ter começado formação de atletas] pra pensar em 2016. Hoje, ou até em 2009, quando o Brasil foi escolhido, a projeção já era pra 2016. Pra saber quem teria chance de estar no auge em 2016. Então, pra gente pensar numa estratégia, num sistema e num processo que irá ampliar a base, sair mais campeões, esse processo tinha que ter começado há dez, quinze anos. Quando a gente vê as Olimpíadas e a Copa do Mundo é uma etapa de desenvolvimento que vai passar, que vai além. Não vai acabar em 2016. Não pode acabar porque não vai conseguir transformar muita coisa. Essa seleção publica é uma das estratégias que vão nesse sentido pra estabelecer políticas, sistema de manutenção de financiamento de esporte pra todos. Desenvolver a cultura de prática de esporte e não é ver esporte pela televisão e realmente praticar esporte. Ter essa cultura no dia a dia das pessoas. Isso é uma transformação. A gente vive hoje a universalização do esporte porque é um direito, tá na Constituição”.
Projeção pós-Olimpíadas
“A projeção não é ruim, mas não é boa. A gente avançou muito, mas a demanda é muito maior. Então a gente tem que avançar mais e mais rápido pra que as perspectivas virem realidade. A gente ainda está enxugando gelo. Você tem que desenvolver o Brasil e isso tá acontecendo. No esporte, precisam de algumas leis importantes, assim como temos o sistema de saúde, de educação, de transporte onde cada ente federativo tem uma função, onde tem previsto como se financia as ações. No esporte, a gente não tem isso. Seria muito mais fácil se tivesse. A gente tá muito atrasado em termos de organização”.
Política e esporte
“Eu vejo com bons olhos [ex-atletas em cargos públicos], mas desde que não entrem só por cima, só pensando na Copa do Mundo e nas Olimpíadas. Que pena que a matéria não interessa ao congresso porque os interesses envolvidos na Copa do Mundo, Olimpíadas, em construir estádio, em reformar aeroporto é o que tá hoje chamando a atenção dos políticos. Não é o esporte de todos, o que tá na Constituição, que é o direito de todos. É o esporte da televisão. É isso o que eles querem”.
Esporte de rendimento
“Você não muda nada na realidade do esporte pro povo investindo em rendimento. Mas dizem que é o exemplo, ‘são meus ídolos’. Eu vejo meus ídolos, Paula e Hortência jogando basquete, que maravilhoso. Aí eu decido: eu quero jogar basquete. Aí desliga a televisão. Onde vou jogar basquete? Não vou jogar basquete. Tem que ter lugar pra jogar basquete, campeonato no bairro, município, estadual, nacional”.
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